Notícia
Investéder fica com 74% da SDC Investimentos
Castro Henriques e Gonçalo Santos conseguiram 74% da SDC Investimentos, garantindo o sucesso da OPA. Contudo, ficam aquém dos 90% que podiam facilitar a saída de bolsa da accionista da Soares da Costa Construção.
Os dois gestores da SDC Investimentos, António Castro Henriques e Gonçalo Andrade Santos, ficaram com 74% da empresa. O sucesso da oferta pública de aquisição é conseguido, mas a oferente não atinge os mínimos que obrigariam os accionistas que não venderam na OPA a alienar a sua posição.
Segundo os resultados da operação, divulgados pela gestora da Bolsa de Lisboa Euronext, a sociedade Investéder, detida por aqueles dois gestores, adquiriu 58,17% da SDC Investimentos durante a OPA e 15,47% em operações feitas em bolsa, que foi comunicando ao longo do período da oferta.
A SDC Investimentos, que detém 33% da Soares da Costa Construção, tem o capital representado por 160 milhões de acções. Manuel Fino tinha cerca de 56% do capital (menos do que os 58% que constavam do site oficial), que é praticamente a parcela que a Investéder conseguiu comprar no âmbito da OPA (93 milhões). Além dessa porção, a Investéder foi fazendo compras em bolsa durante o período da oferta, que lhe deram uma posição de 15,47% (25 milhões de títulos).
Ao todo, a sociedade detida pelos dois gestores da "holding" adquiriu praticamente 118 milhões de acções da SDC Investimentos, ficando nas mãos de outros investidores um total de 26,36%, ou perto de 42 milhões de títulos.
Gestores investem mais de 3 milhões
Tendo em conta as 118 milhões de acções da sociedade compradas, e tendo a contrapartida paga na OPA sido de 2,7 cêntimos, a Investéder gastou 3,18 milhões de euros para assegurar esta posição de 73,64%. Se tivesse adquirido todas as acções, teria pago 4,32 milhões.
Quando foi anunciada a OPA, a 23 de Dezembro de 2016, a Investéder não detinha qualquer acção da SDC. A sociedade dos gestores da "holding" foi depois comprando em mercado, quando a oferta estava já em curso, ao preço de 2,7 cêntimos – o valor da oferta.
A OPA tinha sucesso se fosse superada a fasquia dos 50%, o que só era conseguido com a venda da participação de Manuel Fino.
Não há potestativa
Contudo, a participação obtida pela Investéder não permite a saída imediata de bolsa da SDC Investimentos, já que isso só seria conseguido se tivesse ficado com mais de 90% da sociedade – nessa situação, poderia avançar para a aquisição potestativa, o que obrigaria os outros accionistas a vender.
Mesmo não conseguido alcançar essa fasquia, a SDC Investimentos pode estar de saída de bolsa, já que é esse um dos desejos da oferente, devido ao facto de a sociedade estar já desfeita de activos (vendeu a posição nas concessionárias rodoviárias).
Uma das possibilidades para a retirada de bolsa da empresa cotada há 31 anos, e que é assumida pela Investéder, é o requerimento para a perda da qualidade de sociedade aberta, que pode ser feito se for obtido mais de 90% dos direitos de voto (não conseguido neste caso), ou se houver uma assembleia-geral de accionistas com uma decisão tomada por pelo menos 90% do capital social. Essa decisão, a ocorrer, determina a saída de bolsa da SDC.
Esta segunda-feira, a SDC Investimentos fechou a valer 2,5 cêntimos, sendo que, durante a oferta, os títulos chegaram a ultrapassar a contrapartida paga na OPA tendo, inclusive, tocado nos 3,2 cêntimos na sexta-feira.
Os objectivos da aquisição
A Investéder entra na SDC Investimentos e, na prática, acaba por tirar o peso desta empresa do espólio de Manuel Fino. A ideia é continuar a fazer o trabalho que os próprios têm realizada na liderança da sociedade, que tem como principal activo a participação de um terço do capital na Soares da Costa Construção.
"Manutenção das grandes linhas estratégicas definidas pela visada, privilegiando a gestão e a rentabilização do património imobiliário detido" e ainda a continuação do "processo de reestruturação financeira" que tem estado a ser feito são os objectivos da aquisição, segundo os documentos oficiais.
Uma possibilidade em cima da mesa é que a sociedade deixe de ser accionista da construtora e a venda a António Mosquito, o accionista maioritário.
(notícia actualizada com mais informações às 17:22)