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FT: Aumento de capital do BCP traz pouco conforto aos accionistas. Mas pelo menos traz algum

A coluna Lex do Financial Times separa o caso do BCP dos bancos italianos. A instituição portuguesa vai conseguir ultrapassar o problema do malparado sem ajuda do Estado.

Diogo Cavaleiro diogocavaleiro@negocios.pt 10 de Janeiro de 2017 às 17:27

Apesar de ter o problema do crédito malparado por resolver, o Banco Comercial Português (BCP) não está ao mesmo nível dos bancos italianos, segundo a coluna Lex do Financial Times.

 

"A grande diferença face aos bancos italianos é que o BCP deve ser capaz de levantar capital sem ajuda do Estado. Isso não traz grande conforto aos accionistas mas, de qualquer modo, traz algum conforto", assinala o artigo publicado esta terça-feira, 10 de Janeiro com o título "Cold Comfort", ou "pouco conforto", numa tradução livre. 

 

Por esse motivo, as comparações que estão a ser feitas entre o banco liderado por Nuno Amado, que anunciou o aumento de capital de 1,3 mil milhões de euros, e as instituições italianas, como o Monte dei Paschi, são "deslocadas". Porque mesmo que a cobertura de malparado seja elevada ao ponto de impedir a distribuição de dividendos, não haverá dinheiro público envolvido.

 

De qualquer forma, a operação de reforço de solidez, através da qual a Fosun pretende passar dos actuais 16,7% para 30% do capital e feita a um "elevado" desconto (as novas acções vão ser subscritas a 9,4 cêntimos), permite responder a duas questões.

 

"A primeira é o empréstimo de 700 milhões por reembolsar. Uma vez devolvido, o BCP pode retomar os dividendos", defende o artigo. A última vez que a instituição financeira pagou dividendos aos accionistas foi em 2010, nos resultados referentes ao ano anterior. E desde aí tem pedido aos accionistas capital para reforçar a sua solidez: desde 2011, foram pedidos aos accionistas 4,3 mil milhões de euros.

 

"O BCP acredita que vai dinamizar o preço da acção, que desceu cerca de três quartos nos últimos 12 meses", acrescenta a coluna da publicação especializada em assuntos financeiros. O banco caiu hoje 11,34% para 0,9231 euros, recuando após a divulgação do preço de subscrição das novas acções do banco a serem emitidas na operação. 

 

O texto de opinião do FT relembra que, depois do aumento de capital, o rácio será reforçado de uns "preocupantes baixos 9,5%" para uns "respeitáveis 11,4%". Recapitalizado, e depois de registar a melhoria dos resultados e o corte nos custos que tem registado nos últimos anos, será mais fácil baixar os custos de financiamento. 

De qualquer modo, há uma ideia deixada pela coluna do Financial Times: O aumento de capital, com o reforço da Fosun, deverá estabilizar o banco; mas os accionistas devem esperar que haja provisões a "comer resultados futuros" para cobrir o malparado.

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