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Dos veteranos da crise à maior gestora do mundo. Quem está a apostar na queda do BCP?

Fundos com tácticas de investimento sofisticadas. Antigos internacionais de rugby a e ex-quadros do Goldman Sachs. São seis as entidades conhecidas que têm garantido ganhos com as quedas do BCP.

Bruno Simão/Negócios
09 de Abril de 2016 às 10:00
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O BCP perde 32,48% desde o início do ano e os títulos têm estado sob pressão de investidores que apostam na descida. Há seis entidades que têm uma posição curta, que tentam beneficiar com eventuais quedas das acções, acima de 0,50%, patamar a partir do qual a CMVM divulga essas posições. Aquelas entidades, principalmente fundos com estratégias sofisticadas, têm posições a apostar na descida equivalentes a 5,48% do capital do banco liderado por Nuno Amado.

BlackRock, da aposta positiva à tentativa de lucrar com as quedas

A BlackRock, a maior gestora de activos de mundo, é a entidade com a maior posição curta no BCP. É equivalente a 1,30% do capital, segundo os dados constantes na CMVM. A gestora de activos até aparece como uma das investidoras com posições longas no BCP, tendo ultrapassado os 2% de capital do banco no final de Julho de 2014, altura em que as acções do banco negociavam acima de dez cêntimos.

A BlackRock abriu uma posição a apostar na descida do BCP em Fevereiro deste ano.
A BlackRock abriu uma posição a apostar na descida do BCP em Fevereiro deste ano. Bloomberg

Apesar de no relatório e contas mais recente do BCP a BlackRock continuar a aparecer como uma das maiores accionistas do banco, com base na comunicação feita em Julho de 2014, a gestora tem colocado fichas na descida das acções. A 11 de Fevereiro deste ano, a gestora, através da BlackRock Investment Management, atingiu uma posição curta equivalente a 0,50% do capital, patamar a partir do qual a CMVM divulga os dados dos interesses a descoberto. Nessa data, as acções do BCP valiam 3,35 cêntimos.

Mas as apostas da gestora, que foi uma das entidades mais penalizadas com a decisão do Banco de Portugal de passar dívida do BES para o Novo Banco no final de 2015, não se ficaram por Fevereiro. A BlackRock, que tem 4,6 biliões de dólares sob gestão, fez vários reforços nas últimas semanas na posição para lucrar com a queda das acções. O último aumento aconteceu na passada quinta-feira, sessão em que os títulos do banco liderado por Nuno Amado perderam 4,75%.

Desde 11 de Fevereiro, as acções do BCP desvalorizam 5,44% para 3,3 cêntimos.

O "hedge fund" que fez fortuna com a queda do Northern Rock

A Lansdowne Partners é um dos "hedge funds" mais antigos da City londrina. E já tem uma posição para lucrar com a queda das acções do BCP desde 2 de Julho de 2014, altura em que as acções do banco valiam 11,15 cêntimos. E, nessa altura, a aposta na queda foi forte, com a posição a corresponder a 1,32% do capital do banco.

Desde então tem mantido posições para lucrar com a descida das acções. E, segundo os dados mais recentes divulgados pela CMVM, tem uma posição curta de 1,36%. A Lansdowne Partners é liderada por Alex Snow, uma antiga estrela do rugby que chegou a representar a selecção inglesa.

Além de ser um dos "hedge funds" históricos da City, ganhou também notoriedade por apostas que renderam milhões. Segundo a imprensa britânica, a Lansdowne Partners fez fortunas com a queda a pique das acções dos bancos ingleses durante a crise financeira. Uma das apostas mais famosas foi na descida das acções do Northern Rock, pouco tempo antes do colapso do banco.

Desde que abriu a posição curta no BCP, em Julho de 2014, as acções do banco tombam 70%.

O antigo quadro do Goldman Sachs que quer distinguir vencedores de vencidos

A Oceanwood Capital Management até pode nem ser um nome muito familiar nem ter um dos maiores poderes de fogo do mercado. Mas já conseguiu anos em que teve um desempenho acima do mercado e em que teve mesmo de travar a entrada de novos investidores, dado os resultados obtidos pelos fundos geridos por Christopher Gate, antigo quadro do Goldman Sachs. Uma das estratégias de investimento anunciadas pela Oceanwood no seu próprio site é de analisar os balanços das cotadas e distinguir os "vencedores" dos "vencidos".

Esta entidade abriu uma posição curta no BCP desde 25 de Novembro do ano passado, altura em que as acções valiam 5,17 cêntimos. Na altura tinha um interesse a descoberto de 0,53%. E a gestora tem reforçado a aposta na descida. A última posição conhecida era de 0,90% a 10 de Março. Desde que a Oceanwood passou a ter um interesse a descoberto relevante no BCP, as acções do banco tombam 36%.

A aposta curta da gestora que nasceu do Lehman Brothers

A GLG Partners é uma das mais influentes gestoras de "hedge funds" do mundo, com mais de 30 mil milhões de dólares sob gestão. Nasceu como uma divisão do Lehman Brothers na década de 90, mas, em 2000, tornou-se independente do banco que seria o símbolo da grande crise financeira. Acabaria integrada na gigante Man Group em 2010.

Esta entidade abriu uma posição curta acima de 0,50% a 9 de Setembro do ano passado, altura em que as acções negociavam a 5,1 cêntimos. E, tal como a maioria dos outros accionistas com posições curtas do BCP, tem vindo a reforçar a aposta. A última posição divulgada pela CMVM, referente a 17 de Março, era equivalente a 0,80% do capital.

Desde a primeira posição curta acima de 0,50% construída pela GLG, as acções do BCP perdem 35%.

O "hedge fund" que diz aplicar a teoria financeira à prática

A AQR Capital Management é liderada pelo controverso Cliff Asness, um antigo quadro do Goldman Sachs, conhecido pelas discussões acesas nas redes sociais. A gestora de "hedge funds", que tem mais de 150 mil milhões de dólares sob gestão, tem como filosofia de investimento "construir uma intersecção entre a teoria financeira e a aplicação prática". E a sua equipa de gestão é composta principalmente por antigos alunos do MIT e da Universidade de Chicago.

153,6 mil milhões AQR Capital Valor, em dólares, sob gestão da AQR Capital Management, gestora de "hedge funds" liderada por Cliff Asness, antigo quadro do Goldman Sachs.

O "modus operandi" da AQR passa, segundo um artigo do Financial Times, por encontrar anomalias de mercado que levem determinados activos a estar mal avaliados pelo mercado. Abriram uma posição curta acima de 0,50% do capital do BCP a 21 de Janeiro desse ano. E aos poucos têm aumentado a exposição à queda. A 18 de Março tinha uma posição curta de 0,68%.

Desde que abriu a aposta na queda das acções, os títulos do BCP perdem 13%.

TT International já aposta na descida do BCP há três anos

É a entidade que anda há mais tempo a tentar ganhar com as quedas do BCP. Abriu a primeira posição curta no banco a 15 de Abril de 2013. Segundo a última comunicação, que ocorreu em Janeiro, tem uma posição curta equivalente a 0,54% do capital do banco.

A gestora britânica tem como filosofia que "os mercados são estruturalmente ineficientes, principalmente porque descontam de forma insuficiente os factores geopolíticos e macroeconómicos", refere a TT International no seu site. 

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