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BCP avança com oferta de troca de dívida a 8,34 cêntimos por acção
A troca de dívida subordinada por novas acções do BCP iniciou-se esta terça-feira e estende-se até 9 de Junho. O preço de emissão é de 8,34 cêntimos. O aumento de capital é de até 428 milhões de euros.
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O Banco Comercial Português vai avançar com a oferta de dívida. O banco liderado por Nuno Amado propõe-se a adquirir títulos de dívida por si emitidas para, em troca, dar novas acções representativas do seu capital. O preço da emissão é de 8,34 cêntimos.
Este é um aumento de capital que poderá ascender a 428 milhões de euros, que permitirá ao banco reforçar a sua solidez e, daí, antecipar o reembolso da ajuda estatal. Caso haja um sucesso total da operação, o capital social do BCP passa de 3.706.690.253,08 euros para 4.134.690.253,08 euros, segundo o comunicado emitido através do site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A decisão de avançar com uma oferta de troca de dívida foi aprovada na assembleia-geral de dia 11 de Maio. Um mês depois, dever-se-ão conhecer os resultados. "O prazo da oferta é de duas semanas e decorrerá entre as 8h30 do dia 26 de Maio de 2015 e as 15h00 do dia 9 de Junho de 2015, sendo esta a última hora até á qual as aceitações poderão ser recebidas", aponta o documento emitido no site da CMVM, acrescentando que os intermediários e as bolsas onde se negoceiam os títulos de dívida podem apertar o prazo final. O BCP espera divulgar os resultados a 11 de Junho, com a liquidação da oferta a acontecer um dia depois.
A oferta anunciada esta terça-feira é parcial e voluntária, dado que os titulares da dívida não são obrigados a proceder a esta troca. Os investidores que são chamados à operação têm nas suas mãos sete tipo de instrumentos de dívida emitidos pela instituição financeira entre 2004 e 2010. Em causa estão instrumentos de dívida subordinada, instrumentos híbridos (títulos perpétuos subordinados com juros condicionais) e acções preferenciais.
Na prática, os titulares de dívida que aceitem a troca deixam de ter dívida e passam a ser accionistas. O número máximo de acções a emitir como contrapartida encontra-se limitado a 5.350.000.000. Havendo um valor mais elevado no que diz respeito ao total das obrigações subordinadas (procura maior do que a oferta), poderá haver rateio, isto é, a não entrega de todas as acções pedidas pelos investidores.
O preço de emissão
No comunicado, o BCP indica que o preço de emissão é de 8,34 cêntimos por acção, um desconto de 7% face à média ponderada da cotação nas cinco sessões da semana passada. É este o valor da troca. Tem um desconto face ao preço para atrair os titulares de dívida.
Ainda assim, o preço unitário das acções é de 8 cêntimos, a que acrescem 0,34 cêntimos correspondentes a" ágio". Na prática, o que está em causa é que só os 8 cêntimos por nova acção emitida vão ser contabilizados enquanto capital do BCP (os 8 cêntimos multiplicados pelo máximo de 5.350.000.000 novos títulos resultam nos 428 milhões de euros).
Os restantes 0,34 cêntimos por cada nova acção (18,19 milhões de euros no total) correspondem a prémio de emissão, não entrando para o cálculo de capital mas sim para reservas do banco.
As acções do BCP negoceiam esta terça-feira em queda, perdendo 0,81% para 8,6 cêntimos.
Motivos
O BCP avança com esta oferta de troca de dívida para aumentar a sua base de capital "e consequente reforço do nível e qualidade dos seus fundos próprios, colocando os seus rácios de capital num nível em linha com as melhores práticas de bancos europeus", sublinha o prospecto da operação, também divulgado na segunda-feira à noite.
"Em caso de sucesso da oferta, o banco reforçará a capacidade de reembolsar os CoCos subscritos pelo Estado Português e cumprir antecipadamente as metas estabelecidas no plano de reestruturação", justifica a instituição financeira presidida por Nuno Amado.
Num comunicado emitido a 17 de Abril passado, no âmbito da convocatória da assembleia geral para 11 de Maio, o BCP anunciou que decidiu avançar com uma oferta pública de troca (OPT) de dívida subordinada por acções para antecipar o reforço de solidez para mais de 10%, meta prevista para o final deste ano.
Desta forma, o banco liderado por Nuno Amado começa a preparar o reembolso final da ajuda estatal. Para já, o BCP não tem prevista a antecipação da liquidação dos 750 milhões de instrumentos de capital contingente ("CoCos") detidos pelo Estado. Mas assegurar desde já o cumprimento da meta de solidez prevista para o final do ano, dá mais margem à equipa de Nuno Amado para gerir o calendário de reembolso final dos "CoCos".
O presidente executivo já tinha avisado que a estimativa do banco é de que, na operação, o valor arrecadado fique aquém dos 428 milhões de euros. Maria João Gago
(notícia actualizada pela última vez às 10h17 com mais informações)