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Michael O’Leary: "Devíamos banir toda a conversa sobre salário mínimo"

O presidente-executivo da Ryanair teceu fortes críticas à União Europeia, numa conferência sobre riscos, atacando o salário mínimo, as greves e os sindicatos.

27 de Janeiro de 2016 às 15:17
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A União Europeia (UE) deve preocupar-se com o desemprego e só depois pensar no salário mínimo, disse Michael O'Leary, numa conferência em Paris, em que defendeu o mercado livre. O presidente-executivo da Ryanair criticou ainda as greves e os sindicatos.

"Deviamos banir toda a conversa sobre salário mínimo", disse Michael O’Leary, presidente executivo da Ryanair, tecendo fortes críticas à UE, numa conferência sobre risco, em Paris, organizada pela Coface. "Não se pode impor o salário mínimo francês na Letónia", disse O’Leary. E quando há um desemprego jovem tão elevado, a Comissão Europeia devia concentrar-se em criar emprego e não em interferir na definição dos salários, critica.

Para O’Leary, "o futuro do projecto europeu é brilhante, desde que voltemos aos básicos do mercado livre e da livre circulação". "Os países devem ter autonomia para decidir e a concorrência deve ser livre", defendeu. "Concorrência justa é um conceito da Coreia do Norte ou da Rússia", disse o presidente executivo da Ryanair, num tom provocatório, criticando a cultura "gorda e preguiçosa" fomentada na Europa.

Este tipo de interferência e a ineficácia da UE (que há 20 anos está a preparar o espaço único aéreo sem sucesso, exemplificou) fomentaram o descontentamento do Reino Unido face à pertença à comunidade europeia, disse. O presidente executivo da Rynair adiantou que fará campanha pela permanência na UE, no referendo britânico, mas concorda que é necessário reformar o espaço europeu.

Para os colegas de painel, contudo, a concretização das medidas defendidas por O’Leary, revogando direitos dos trabalhadores, é que provocaria o descontentamento dos cidadãos europeus, levando ao aumento do risco de mais países pretenderem sair. "Este tipo de conversa é que gera problemas na Europa", acusou Daniel Cohen, director do Centro de Investigação de Economia Aplicada.

Contra a greve

O’Leary criticou ainda os sindicatos e a greve dos controladores aéreos franceses, que estava a decorrer, provocando o cancelamento de vários voos da Ryanair. O presidente executivo da companhia aérea defendeu que os controladores não deveriam prejudicar os passageiros e que deveria ser possível manter os voos – pelo menos os que apenas sobrevoassem o espaço aéreo – uma vez que há tecnologia que permite efectuar o controlo remotamente, a partir de outro país.

A Ryanair lançou uma petição, na segunda-feira, para solicitar a revogação do direito à greve dos controladores aéreos na Europa ou para permitir que os controladores noutros aeroportos substituam os trabalhadores franceses quando há greve. Na conferência, O’Leary defendeu que deveria ser incentivado a nível europeu um modelo de negociação entre a empresa e os trabalhadores, sem sindicatos, como existe na empresa que lidera.

*A jornalista viajou para Paris, a convite da Coface

 

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