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Diogo da Silveira: "O meu mercado interno é a Europa"
O presidente-executivo da Portucel defendeu uma maior integração europeia referindo o exemplo do imposto "anti-dumping" aplicado pelos EUA.
O mercado interno da Portucel é a Europa, disse Diogo da Silveira, presidente executivo da empresa. Uma posição diferente da defendida pelos Estados Unidos que optou por países isolados para determinar o imposto "anti-dumping" que está a aplicar às empresas estrangeiras. Uma opção penalizadora para a Portucel, referiu Diogo da Silveira na conferência anual da Coface (Compagnie Française d'Assurance pour le Commerce Extérieur), que decorre em Paris, acrescentando que este é um exemplo da necessidade de aprofundar a integração europeia.
Os EUA determinaram, em Agosto, a aplicação de uma taxa às empresas internacionais a operarem no país, devido à venda de produtos abaixo do preço de custo. "Quando se sentem ameaçados" os EUA aplicam um imposto sobre o produto, exemplificou Diogo da Silveira, na conferência sobre risco. Na altura, um comunicado da empresa portuguesa referiu que "a margem das importações do papel da Portucel é a mais baixa de todas as aplicadas aos diversos países visados no processo". Ainda assim, teria sido mais favorável se fosse considerado o mercado europeu como base, acrescentou esta terça-feira, 26 de Janeiro, o presidente executivo.
A União Europeia "é ainda um rascunho" e deve ser aprofundada, defendeu num painel sobre o futuro da UE. "Tenho uma visão de uma Europa federal" para a qual devemos caminhar progressivamente, disse o responsável da Portucel.
UE sem poderes
Tal como Diogo da Silveira, também Daniel Cohen defendeu mais poderes para a UE. "A União Europeia não tem as ferramentas necessárias para lidar com crises, como a crise dos migrantes", disse o director do Centro para a Pesquisa Económica e Aplicada, sugerindo poderes fiscais para a aplicação de um imposto europeu, ou poder de veto do Parlamento Europeu ao Conselho para reforçar o poder da UE.
Também Michala Marcussen criticou a "resposta política lenta" na Europa e admitiu que há um risco de os britânicos votarem favoravelmente a saída da União Europeia. A economista chefe do Société Générale considera que a "imigração será a questão central do referendo".