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Siza Vieira: “Não metemos dinheiro para TAP ir à falência em cinco anos”
O ministro da Economia espera que a injeção na TAP “não seja dinheiro deitado fora” e aguarda mesmo “retorno” do apoio público à companhia aérea. Necessidades de financiamento podem ascender a 3.725 milhões de euros até 2024.
Pedro Siza Vieira alertou esta segunda-feira, 25 de janeiro, que o processo de reestruturação da TAP tem de "assegurar que a companhia é viável a médio e longo prazo" e disse mesmo esperar "retorno" do apoio público à transportadora aérea, seja na forma de empréstimo, de capital ou de garantia.
"Não estamos, pura e simplesmente, a meter dinheiro para daqui a cinco anos ela ser inviável e ir à falência", assegurou o ministro da Economia, assinalando que é uma "exigência" a todos – dos gestores de topo aos trabalhadores – que a empresa seja "merecedora desse apoio através da sua sustentabilidade a longo prazo".
À imagem do que já tinha referido na entrevista ao Negócios, publicada a 18 de janeiro, o governante espera que o investimento na TAP seja "semelhante" ao que foi feito na Caixa Geral de Depósitos, que "dois ou três anos depois de ser capitalizada, estava a pagar dividendos ao acionista". E, portanto, que o valor injetado na TAP "não seja dinheiro deitado fora" por ela não se reajustar à nova realidade aeroportuária.
Durante uma conferência organizada esta manhã pelo BPI, JN e TSF em que admitiu estender os apoios ao emprego no segundo semestre, Siza Vieira relembrou o contributo da companhia para a balança comercial do país e os 1.300 milhões de euros de compras a fornecedores portugueses para justificar a intervenção.
O plano de reestruturação entregue em dezembro à Comissão Europeia, condição para receber auxílios de Estado, prevê a redução de 2.000 postos de trabalho – 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine e 750 trabalhadores de terra –, um corte salarial transversal progressivo até 25% acima dos 900 euros e um decréscimo da frota de 108 para 88 aeronaves.
Na apresentação pública do plano, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, disse que a companhia aérea vai perder receitas de 6,7 mil milhões de euros até 2025, o que exige uma redução dos custos com pessoal em 1,4 mil milhões de euros, e que tem necessidades de financiamento que, no acumulado até 2024, podem ficar entre 3.414 e 3.725 milhões de euros. Depois dos 1.200 milhões concedidos em 2020, vai precisar este ano, pelas contas do Executivo, de entre 970 e 1.164 milhões de euros.
O plano de reestruturação, que o Executivo conta que seja aprovado em Bruxelas ainda no primeiro trimestre deste ano, prevê ainda que a companhia apresente em 2024 um resultado operacional positivo e que em 2025 apresente lucros e esteja em condições de começar a devolver 30 milhões de euros ao Estado. A TAP foi já declarada como empresa em situação económica difícil até ao final de 2024.