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Se a TAP não for vendida vai transformar-se numa "TAPzinha"

Passos Coelho voltou a criticar a greve dos pilotos da TAP, que prejudica a recuperação do país e vai causar um dano reputacional à companhia durante muito tempo. Porém, não há volta a dar: sem privatização da TAP, terá de haver despedimento colectivo.

06 de Maio de 2015 às 18:36
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A greve de 10 dias que está em curso na TAP e a privatização da companhia de bandeira foram temas que marcaram o debate quinzenal. Todos os partidos comentaram o assunto, com as bancadas da esquerda a criticarem a privatização e as da direita a insurgirem-se contra a greve. Passos Coelho defendeu que não há maneira de evitar a privatização da companhia. "A alternativa assenta em despedimento colectivo, diminuição de rotas e equipamentos". No fundo, "é transformar a TAP numa TAPzinha".

 

"A greve que está a ocorrer prejudica este caminho de recuperação da economia" porque "há sempre uma repercussão negativa, mormente sobre o turismo mas também sobre o comércio, que está na sequência directa de um menor afluxo de turistas", detalhou o primeiro-ministro. Mas não fica por aí. "Mais do que esse impacto, que há-de ser conjuntural, preocupa-nos sobremaneira o impacto sobre a reputação da empresa, que pode durar muito tempo até conseguir ser ultrapassado" e "o impacto financeiro sobre a própria empresa".

 

A TAP precisa de "capitalização, justamente de modo a poder investir na melhoria do seu serviço" para o tornar "mais eficiente, poupando em combustível, com mais conforto, melhores e mais rotas que possam suportar uma operação com mais sucesso". Ora, segundo diz Passos Coelho, "o Estado não está em condições de fazer esse tipo de capitalização da empresa, está mesmo impedido de o fazer" pelas regras europeias.

 

É por isso que a alternativa à privatização é "transformar a TAP numa TAPzinha, que não interessa nem aos trabalhadores, nem à economia, nem aos portugueses".

 

Jerónimo de Sousa, do PCP, contestou esse cenário, lembrando que existiram operações de capitalização estatal de empresas de aviação em Itália (Alitalia) ou na Polónia (LOT). Passos rebateu esse argumento: "Gostava que dissesse o que aconteceu às empresas nesses países. Reduziram a sua dimensão em quase 40%, o número de rotas, o número de funcionários, o número de operações".

 

"Podemos solicitar à Comissão Europeia autorização para fazer, ao abrigo do regime de auxílios de Estado, uma capitalização da TAP, desde que estejamos disponíveis para a reestruturar", resumiu. "É isso que defende para a TAP? Que a gente faça um despedimento colectivo para despedir 40% do pessoal, o número de voos ou as rotas?", questionou.

 

PS culpa pilotos e o Governo pelo "caos que se vive na TAP"

 

Os socialistas também lançaram críticas ao processo que envolve a transportadora aérea portuguesa. "O que se está a passar na TAP é uma vergonha para o seu Governo porque não é um sindicato contra a privatização que lançou esta greve", sustentou Ferro Rodrigues. "Sim, o Sindicato dos Pilotos (SPAC) tem uma grande responsabilidade no caos que neste momento vive a TAP, admitiu o líder da bancada do PS. Porém, "o Governo é o principal responsável ao insistir na privatização nestes termos e neste momento".

 

Passos não respondeu logo a Ferro Rodrigues, mas fê-lo depois, na réplica a Jerónimo de Sousa. "Ainda pensei que Ferro Rodrigues estava revoltado por um Governo de que fez parte tivesse permitido que a administração da TAP tenha prometido aos pilotos que poderiam ficar, num caso de privatização, donos de quase 20% da companhia", ironizou.

 

Ferro explicou que a actuação do Governo é uma "política de terra queimada" que se manifesta também "ao insistir em privatizações que já foram consideradas como possivelmente ilegais, como as privatizações ao nível dos transportes públicos da Área Metropolitana de Lisboa".

 

Passos Coelho negou que, no caso da Carris e do Metro de Lisboa, tenha havido já decisões. "Nenhum tribunal deu razão à suspensão dessas operações", que não são de privatização mas de concessão, rectificou. "Haverá uma resolução fundamentada do Governo que retomará o processo".

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