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Ryanair divulga hoje lista de todos os voos cancelados
A transportadora “low cost” espera anunciar ainda hoje todos os voos que serão cancelados nas próximas seis semanas. Os cancelamentos deverão custar pelo menos 20 milhões de euros à companhia. Lisboa e Porto estão entre os aeroportos afectados.
A companhia "low cost" Ryanair vai publicar ainda esta segunda-feira, 18 de Setembro, a lista completa dos voos que serão cancelados nas próximas seis semanas, anunciou em comunicado.
Uma vez que já estão publicadas as listagens até 20 de Setembro, a transportadora diz que tornará pública a informação dos voos afectados de 21 de Setembro até 31 de Outubro. Os clientes afectados – menos de 2% do total, assegura – vão receber um e-mail com a informação. Lisboa e Porto estão nos aeroportos afectados.
No aeroporto Humberto Delgado, a Ryanair vai cancelar uma em quatro linhas de voo. No Sá Carneiro, essa escala é de um em cada oito. "Estes cancelamentos foram alocados para os maiores aeroportos da Ryanair e para rotas com múltiplas frequências diárias", explicou a companhia.
"Uma lista completa de voos cancelados será publicada entre hoje (18 Setembro) e amanhã (19 Setembro). Os clientes cujos voos sejam afectados irão receber hoje ou amanhã (19 Setembro) uma notificação por e-mail ou SMS de acordo com os detalhes fornecidos no momento da reserva, informava já a transportadora irlandesa no seu "site" antes deste comunicado.
Entretanto, foi também realizada uma conferência de imprensa onde a empresa estimou custos de 20 milhões de euros em compensações. Os analistas ouvidos pela imprensa internacional dizem que poderá não ser suficiente e falam em custos de 35 milhões.
A Ryanair já tinha anunciado que iria cancelar entre 40 a 55 voos todos os dias durante seis semanas, coincidindo com o final de Outubro. Até agora, a lista só tinha disponibilizada até ao dia 20 de Setembro, levando à revolta de milhares de passageiros online pelo prazo reduzido com que estavam a ser informados do cancelamento dos voos bem como a incerteza de apanhar um voo de ida e não saber se o regresso estará garantido.
A empresa justificou a decisão com a necessidade de melhorar a sua pontualidade, que caiu abaixo dos 80% nas duas primeiras semanas de Setembro, devido a greves, atrasos na gestão de tráfego, mau tempo. Contudo, tem sido também noticiado que poderá estar em causa uma falta de pilotos – a rival Norwegian confirmou ter recrutado mais de 140 pilotos da Ryanair este ano – aumentando o aperto relativo ao pessoal disponível.
A companhia nega a falta de pilotos e pede "desculpa" – numa afirmação atribuída ao CEO Michael O’Leary – por "ter feito asneira" na marcação das escalas dos pilotos ao abrigo das novas regras europeias. Segundo as mesmas, um piloto só pode voar 900 horas por ano e 100 horas por mês. Na Irlanda, esta contabilização iniciava-se no mês de Abril de cada ano enquanto outros estados-membros da UE iniciavam essa contagem em Janeiro. Essa circunstância obrigou, segundo O'Leary, a empresa a conceder férias ao pessoal nos quatro meses que faltam até ao final do ano.
"Fizemos asneira no planeamento das férias dos pilotos e estamos a trabalhar para corrigi-lo", afirmou o responsável de marketing da Ryanair, Kenny Jacobs, na referida conferências de imprensa.
No seu "site", a transportadora dá duas hipóteses aos passageiros afectados: pedir o reembolso do voo cancelado, recebendo o valor no prazo de sete dias, ou alterar gratuitamente as datas dos voos. A única referência a eventuais indemnizações surge numa referência ao regulamento comunitário com o número 261, aprovado em 2004, mas sem indicações concretas de como os clientes devem proceder.
De acordo com o jurista Paulo Fonseca da associação de defesa do consumidor Deco, citando legislação comunitária, os passageiros têm direito a uma indemnização que pode ir dos 250 aos 400 euros de acordo com a distância da viagem. "Os passageiros podem ou solicitar o reembolso do bilhete, ou ir no voo logo que possível, mas tem sempre direito à assistência (refeições, bebidas, chamada telefónica, alojamento) e à indemnização", explicou.
É ainda referida pelo jurista a antecedência mínima de sete dias que a lei prevê para o aviso de cancelamento de voos, prazo que, até agora, não está a ser cumprido pela companhia. A imprensa internacional fala em pelo menos 400 mil passageiros afectados.
O cancelamento de voos da Ryanair já levou a que pelo menos 43 voos da companhia de e para Portugal tenham sido cancelados desde sábado e até à próxima quarta-feira. O aeroporto do Porto é o mais afectado. É possível acompanhar os desenvolvimentos num "site" criado para o efeito.