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Novo plano da Oi dificilmente será aprovado este ano
As mudanças no plano de recuperação da Oi aprovado pelo conselho na quarta-feira reduziram drasticamente as hipóteses de resolução neste ano, disseram duas pessoas directamente envolvidas nas negociações entre a empresa de telecomunicações e os credores.
Os detentores de títulos viram as mudanças como cosméticas e receberam-nas com desdém, disseram as pessoas, que não quiseram identificar-se porque as discussões são confidenciais. O plano revisto inclui um novo prazo para o pagamento de uma taxa de adesão para os credores que quiserem participar da capitalização da empresa e limita o montante da contribuição.
Os novos termos não alteraram os principais pontos do plano, que ignoram os credores e favorecem os accionistas, disseram as pessoas. A gestão da Oi, os principais grupos de credores e o governo brasileiro continuam a negociar uma solução para os 19 mil milhões de dólares em dívidas da empresa. A assembleia geral de credores, programada para 7 de Dezembro, será provavelmente adiada para Fevereiro para dar tempo ao governo para reestruturar o pagamento de 11 mil milhões de reais (3,4 mil milhões de dólares) devidos pela Oi à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), disseram as pessoas.
"O plano proposto pelo conselho tem muitos problemas que o tornam inviável para a empresa", disse Corrado Varoli, CEO do G5 Evercore, que representa um grupo de detentores de dívida na disputa, em declaração enviada por e-mail. "Nenhum desses problemas foi resolvido com as mudanças mais recentes."
Alguns membros do conselho da Oi, que aprovou as mudanças, acreditam ter dado um passo significativo para a aprovação do plano pela Anatel, segundo outra pessoa próxima ao assunto.
A assembleia geral de credores da Oi já foi adiada três vezes devido a divergências entre as partes envolvidas. Na semana passada, o tribunal que preside o processo de recuperação judicial mandou um duro recado: se os administradores continuarem a agir para limitar a capacidade da directoria de negociar com credores, e a empresa não conseguir chegar a um acordo viável, o juiz considerará a possibilidade de colocar em votação o plano alternativo apresentado pelos credores, deixando de lado a proposta da operadora.
A ideia de uma proposta alternativa preparada pelos grupos de credores e pela directoria da Oi está a ganhar força, mas o conselho, que é controlado pelas accionistas Pharol SGPS e Société Mondiale, de Nelson Tanure, recusa-se a negociar um plano que resultaria numa diluição significativa, disseram as pessoas.
A Oi, a Société Mondiale e o Moelis, que representa outro grupo de credores, preferiram não comentar. A Pharol não tinha comentário imediato a fazer sobre o assunto.