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Quais são os planos da Verizon para a Yahoo?

A aquisição dos principais activos da Yahoo marca o fim de uma era para a tecnológica. E o primeiro capítulo da batalha da Verizon com a Google e o Facebook no campo da publicidade digital.

Bloomberg
30 de Julho de 2016 às 10:00
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"É poético estar a juntar forças com a AOL e com a Verizon quando entramos no nosso próximo capítulo concentrados em conseguir escala no segmento móvel". Foi assim que Marissa Mayer, líder da Yahoo, comentou o acordo para a venda dos principais activos da tecnológica por 4,8 mil milhões de dólares (4,3 mil milhões de euros).

A compra da Yahoo pela operadora de telecomunicações (dona do AOL) representa o fim de uma era para a tecnológica que teve um papel de destaque na revolução da internet. O negócio não surpreendeu o mercado, tendo em conta que a dona do portal há anos que andava à procura de comprador depois de vários anos em queda. Por que razão quis, então, a Verizon comprar estes activos? Para rivalizar com a Google e o Facebook no campo da publicidade móvel. A aposta nos conteúdos online tem estado no topo da agenda da operadora para diversificar a sua actividade de negócio.

O primeiro passo para entrar nesta batalha vai ser juntar os activos da Yahoo comprados pela Verizon à AOL. A aquisição inclui o portal, o gestor de email, os vários sites de conteúdo, o motor de pesquisa, mas também alguns activos imobiliários. Marni Waldin, responsável da área de inovação da Verizon, ficará a liderar o gigante que vai nascer com a fusão, não se sabendo, ainda, se a Verizon acabará com a marca Yahoo ou AOL, ou se dará um novo nome. 

Esta integração vai permitir à Verizon ter uma rede que agrupa várias páginas com um número elevado de acessos e, desta maneira, utilizar os dados dos utilizadores para elaborar campanhas direccionadas.

Outro dos motivos que despertou o interesse da Verizon pelo negócio prende-se com a audiência da Yahoo: mais de mil milhões de utilizadores por mês, dos quais 600 milhões através de dispositivos móveis. Somando os cerca de 500 milhões da AOL, o grupo ganha terreno no sector "mobile" para conseguir competir directamente com os gigantes deste segmento (Google e Facebook).

O objectivo da Verizon com esta operação é atingir 2 mil milhões de utilizadores e receitas de 200 mil milhões de dólares até 2020. Uma meta que a empresa pretende atingir através da aposta da publicidade digital.

"A aquisição irá colocar a Verizon numa posição altamente competitiva como uma empresa entre as líderes de 'media mobile' e ajudará a acelerar as nossas receitas de publicidade digital", como explicou Lowell McAdam, presidente executivo da Verizon.


Com a junção dos activos da Yahoo, os analistas estimam que a Verizon fique com 4,5% do mercado da publicidade digital dos EUA. Um número que representa um passo importante para competir neste segmento, mas mesmo assim muito inferior aos actuais líderes. Só a Google tem uma fatia de 36% do mercado e o Facebook 17%.

Para os analistas, este negócio "é uma mudança clara na estratégia da Verizon. Vão agora tentar monetizar a rede 'wireless' de uma nova forma. Em vez de cobrarem custos aos clientes por tráfego, vão começar a cobrar aos anunciantes", disse Craig Moffett, da MoffettNathanson, citado pela Bloomberg. O analista acrescentou que "a Verizon espera que a combinação dos conteúdos da Yahoo com a plataforma tecnológica da AOL e a percepção da própria Verizon sobre os dados dos utilizadores possa tornar a publicidade muito mais valiosa".

O que acontece à Yahoo?

A parte não adquirida pela Verizon vai manter-se autonomizada, e continuará cotada em bolsa, mas com outro nome, que será ainda divulgado. A Yahoo, como a conhecemos, irá acabar.

Esta empresa liderada por Marissa Mayer, que afirmou que pretende continuar no comando, vai ficar com alguns activos, bastante valiosos.

A participação de 15% na empresa no grupo chinês Alibaba, avaliada em 30 mil milhões de dólares, não integra o pacote comprado pela Verizon. Bem como a fatia de 35,5% da Yahoo Japan e algumas patentes. No total, a Yahoo, que em breve anunciará a sua nova designação, ficará com activos no valor de 40 mil milhões de dólares, segundo a Bloomberg.

A Yahoo, que falhou em manter os seus principais negócios independentes, anunciou também que vai apresentar, a seu tempo, um plano estratégico para os activos que continuará a deter. E irá vender separadamente alguns direitos de propriedade intelectual.

A venda dos principais negócios da Yahoo à Verizon representa também o falhanço de Marissa Mayer em equilibrar as contas da tecnológica.

A antiga gestora da Google foi contratado pela Yahoo há quatro anos para dar a volta à empresa. Porém, face às dificuldades em aumentar as receitas e à pressão dos investidores para vender o negócio central do grupo, Marissa Mayer acabou por ceder. Isto depois de já em 2014 ter sido pressionado, por um accionista activista, para avançar com uma fusão com o AOL, que à data ainda não integrava o universo da Verizon. Mas o negócio não avançou.

Passados dois anos, a actividade "core" da Yahoo vai juntar-se à da AOL mas por outras mãos, através da Verizon, que comprou o AOL no ano passado.

E apesar da venda, e de não ter conseguido equilibrar as contas, Marissa Mayer não tem intenções de abandonar a empresa. Numa carta enviada aos trabalhadores, citada pela imprensa internacional, a responsável afirmou que "planeia ficar" e que considera "importante ver o próximo capítulo da Yahoo".

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