A Tesla interpôs uma ação junto do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) contra as tarifas impostas por Bruxelas aos veículos elétricos "made in" China, juntando-se assim à BMW e a fabricantes chineses, revela um documento publicado, esta segunda-feira, no portal do TJUE.

Segundo a Reuters, a fabricante automóvel norte-americana apresentou queixa junto do Tribunal Geral, a instância inferior das duas câmaras do TJUE, na quarta-feira, dia 22, data limite para a interposição de recursos. Nota a agência que, em média, os processos duram 18 meses e podem depois ser ainda objeto de recurso.

Após uma investigação às subvenções estatais chinesas a fabricantes de automóveis elétricos, a Comissão Europeia concluiu terem existido apoios ilegais por parte de Pequim, o que terá possibilitado que estes veículos entrassem rapidamente no mercado da UE a um preço bastante menor do que os dos concorrentes comunitários. Assim, para nivelar a concorrência, Bruxelas impôs tarifas sobre os veículos elétricos fabricados na China no final de outubro. 

Em concreto, aplicou tarifas de 35,3% à SAIC, de 18,8% à Geely e de 17% à BYD, bem como de 20,7% (média ponderada) a outras empresas que colaboraram no inquérito e de 35,3% às que não o fizeram. No caso da Tesla, enquanto exportadora da China, a taxa é de 7,8%, sendo que a 'gigante' norte-americana de carros elétricos tem em Xangai a sua maior fábrica do mundo. A estas novas tarifas acresce a já existente taxa de 10% aplicada à importação de veículos elétricos de qualquer proveniência, o que perfaz um máximo de até 45% no pior cenário para as fabricantes destes veículos que queiram operar na UE, tendo em conta as novas tarifas.

As tarifas impostas pela UE já foram contestadas judicialmente pela BMW e por fabricantes de elétricos chineses como a BYD, a Geely e a SAIC, assim como pela Câmara de Comércio da China para Importação e Exportação de Máquinas e Produtos Eletrónicos (CCCME, em inglês).

Esta ação por parte da Tesla vem abrir uma nova frente no conflito entre Bruxelas e o seu CEO e aliado de Donald Trump, recém-empossado Presidente dos Estados Unidos, depois de, no início do mês, a Comissão Europeia ter intensificado a sua investigação à rede social X (antigo Twitter) de Elon Musk sobre a moderação de conteúdos.