Notícia
Nova atualização de software da Apple foca-se na privacidade e agita economia das aplicações
A Apple já disponibilizou a atualização de sistema operativo para o iPhone, o iOS 14.5. Além dos habituais ajustes e funcionalidades, esta novidade põe a privacidade e transparência num lugar de destaque - algo que poderá mudar a forma como é visto o negócio dos dados e aplicações.
Desde esta segunda-feira que a atualização de software iOS 14.5 já está disponível para o iPhone. Além de ajustes e novas funcionalidades, o tema central desta aplicação é a privacidade, temática que já há alguns anos tem vindo a ganhar novos contornos no mundo das plataformas digitais. Se nos primórdios da experiência na Internet e redes sociais os utilizadores estavam menos despertos para os dados que cedem às empresas, situações como o caso Cambridge Analytica, revelado em 2018, têm feito os utilizadores estar mais atentos ao tema e à forma como os dados podem ser usados para fins além dos anúncios personalizados.
Há já alguns anos que a palavra privacidade tem sido repetida nas várias apresentações de produtos e serviços que a tecnológica norte-americana faz. Com esta atualização, que traz a ferramenta App Tracking Transparency, a Apple pede aos utilizadores que se debrucem novamente sobre a questão dos dados. Anunciada há já alguns meses, esta será a primeira vez em que uma ferramenta obrigará os utilizadores a optar e a dar consentimento sobre quais os dados que são recolhidos por cada uma das aplicações que está instalada no iPhone.
Ao explicar concretamente aos utilizadores o que é que cada app retira da forma como é usado determinado serviço, a expectativa é a de que exista uma maior transparência no rastreio de atividade. Estas mudanças vão ser aplicadas também a equipamentos como o iPad, através da atualização iPad OS 14.5
Mas o que é que acontece concretamente após a atualização? O dispositivo apresentará ao utilizador uma notificação sobre a aplicação que está a usar, perguntando se pretende que a app recolha informação sobre a atividade noutras aplicações da companhia ou em sites. O exemplo divulgado pela Apple é feito com o Facebook - uma das empresas que, em várias ocasiões, já contestou esta nova ferramenta da Apple. O utilizador poderá então escolher se pretende dizer à app para não fazer "tracking" da atividade ou permitir. Caso seja escolhida a primeira opção, as aplicações não poderão fazer a monitorização daquilo que faz no dispositivo, impedindo que haja partilhas com anunciantes ou terceiros.
Os telefones da Apple contêm nas suas funcionalidades um IDFA - identificador para anunciantes - que permite agregar informação sobre os interesses do dono do equipamento. Até aqui esta funcionalidade podia ser desativada durante algum tempo, através das definições do iPhone, mas com esta atualização esta ferramenta é desativada por defeito, caso não dê autorização a determinada app.
Um golpe à economia das aplicações?
É através da recolha de dados e da monitorização da atividade que as empresas e anunciantes sabem o que é que anda a pesquisar ou tem estado mais interessado nos últimos tempos. Se, por exemplo, procurou por um determinado móvel na loja X e de repente todos os anúncios que vê estão relacionados com mobiliário e decoração, é a monitorização e recolha de dados em ação. Essa informação é acrescentada aos seus perfis e interesses de utilizador para que, eventualmente, os anunciantes possam chegar a pessoas com o perfil adequado ao serviço ou produto publicitado.
Esta mudança introduzia pela Apple promete fazer mexer a forma como a economia das aplicações e os anúncios no digital funcionam. O Facebook, a empresa que mais tem vocalizado que está contra esta ferramenta lançada pela Apple, construiu muito do seu império nos anúncios personalizados, por exemplo. No ano passado, a publicidade representou 84 mil milhões do total de 85,9 mil milhões de dólares de receitas do Facebook - ou seja, mais de 97%.
Ao lado da Google, o Facebook é um dos principais "players" do mundo da publicidade mobile. A rede social já tornou público que teme que esta funcionalidade da empresa de Tim Cook possa ser prejudicial para os respetivos planos de negócio. Em janeiro, numa "earnings call", Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, acusava a Apple de estar a induzir os utilizadores em erro na área da privacidade. Na mesma ocasião, referiu que a Apple estava gradualmente a tornar-se numa "das maiores concorrentes" do Facebook. "A Apple pode dizer que está a fazer isto para ajudar as pessoas, mas estas movimentações claramente alinham com os seus interesses concorrenciais", afirmou Zuckerberg.
Também outras aplicações de redes sociais já estão a testar formas de contornar as regras ditadas pela Apple. O mercado dos anúncios digitais está avaliado em 350 mil milhões de dólares.
Apple enfrenta queixa anti-concorrência na Alemanha
Perante a nova atualização de software, a entidade responsável pela concorrência na Alemanha, a Bundeskartellamt, recebeu uma queixa contra a Apple, feita pela ZAW, a associação alemã da publicidade.
A queixa foi apresentada em nome de seis associações da indústria, focando-se especificamente no impacto que a App Tracking Transparency possa ter no negócio destas nova empresas. Esta associação tem entre os membros empresas como o Facebook ou o gigante de media Axel Springer, dono do jornal alemão Bild.
A associação referiu que a Apple está a abusar da sua posição dominante no mercado. "Através destas medidas impostas unilateralmente, a Apple está a excluir efetivamente todos os concorrentes de processar dados comercialmente relevantes no ecossistema da Apple", indica o comunicado da ZAW. "Ao mesmo tempo, no entanto, o grupo exclui os seus próprios serviços de anúncios das mudanças planeadas e recolhe uma quantidade significativa de dados dos utilizadores", acusa a associação.
Há já alguns anos que a palavra privacidade tem sido repetida nas várias apresentações de produtos e serviços que a tecnológica norte-americana faz. Com esta atualização, que traz a ferramenta App Tracking Transparency, a Apple pede aos utilizadores que se debrucem novamente sobre a questão dos dados. Anunciada há já alguns meses, esta será a primeira vez em que uma ferramenta obrigará os utilizadores a optar e a dar consentimento sobre quais os dados que são recolhidos por cada uma das aplicações que está instalada no iPhone.
Mas o que é que acontece concretamente após a atualização? O dispositivo apresentará ao utilizador uma notificação sobre a aplicação que está a usar, perguntando se pretende que a app recolha informação sobre a atividade noutras aplicações da companhia ou em sites. O exemplo divulgado pela Apple é feito com o Facebook - uma das empresas que, em várias ocasiões, já contestou esta nova ferramenta da Apple. O utilizador poderá então escolher se pretende dizer à app para não fazer "tracking" da atividade ou permitir. Caso seja escolhida a primeira opção, as aplicações não poderão fazer a monitorização daquilo que faz no dispositivo, impedindo que haja partilhas com anunciantes ou terceiros.
Os telefones da Apple contêm nas suas funcionalidades um IDFA - identificador para anunciantes - que permite agregar informação sobre os interesses do dono do equipamento. Até aqui esta funcionalidade podia ser desativada durante algum tempo, através das definições do iPhone, mas com esta atualização esta ferramenta é desativada por defeito, caso não dê autorização a determinada app.
Um golpe à economia das aplicações?
É através da recolha de dados e da monitorização da atividade que as empresas e anunciantes sabem o que é que anda a pesquisar ou tem estado mais interessado nos últimos tempos. Se, por exemplo, procurou por um determinado móvel na loja X e de repente todos os anúncios que vê estão relacionados com mobiliário e decoração, é a monitorização e recolha de dados em ação. Essa informação é acrescentada aos seus perfis e interesses de utilizador para que, eventualmente, os anunciantes possam chegar a pessoas com o perfil adequado ao serviço ou produto publicitado.
Esta mudança introduzia pela Apple promete fazer mexer a forma como a economia das aplicações e os anúncios no digital funcionam. O Facebook, a empresa que mais tem vocalizado que está contra esta ferramenta lançada pela Apple, construiu muito do seu império nos anúncios personalizados, por exemplo. No ano passado, a publicidade representou 84 mil milhões do total de 85,9 mil milhões de dólares de receitas do Facebook - ou seja, mais de 97%.
Ao lado da Google, o Facebook é um dos principais "players" do mundo da publicidade mobile. A rede social já tornou público que teme que esta funcionalidade da empresa de Tim Cook possa ser prejudicial para os respetivos planos de negócio. Em janeiro, numa "earnings call", Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, acusava a Apple de estar a induzir os utilizadores em erro na área da privacidade. Na mesma ocasião, referiu que a Apple estava gradualmente a tornar-se numa "das maiores concorrentes" do Facebook. "A Apple pode dizer que está a fazer isto para ajudar as pessoas, mas estas movimentações claramente alinham com os seus interesses concorrenciais", afirmou Zuckerberg.
Também outras aplicações de redes sociais já estão a testar formas de contornar as regras ditadas pela Apple. O mercado dos anúncios digitais está avaliado em 350 mil milhões de dólares.
Apple enfrenta queixa anti-concorrência na Alemanha
Perante a nova atualização de software, a entidade responsável pela concorrência na Alemanha, a Bundeskartellamt, recebeu uma queixa contra a Apple, feita pela ZAW, a associação alemã da publicidade.
A queixa foi apresentada em nome de seis associações da indústria, focando-se especificamente no impacto que a App Tracking Transparency possa ter no negócio destas nova empresas. Esta associação tem entre os membros empresas como o Facebook ou o gigante de media Axel Springer, dono do jornal alemão Bild.
A associação referiu que a Apple está a abusar da sua posição dominante no mercado. "Através destas medidas impostas unilateralmente, a Apple está a excluir efetivamente todos os concorrentes de processar dados comercialmente relevantes no ecossistema da Apple", indica o comunicado da ZAW. "Ao mesmo tempo, no entanto, o grupo exclui os seus próprios serviços de anúncios das mudanças planeadas e recolhe uma quantidade significativa de dados dos utilizadores", acusa a associação.