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Patentes concedidas a Portugal em 2017 atingem o valor mais elevado numa década
Os pedidos de patentes feitos pelas instituições nacionais caíram quase 6% em 2017, o que pode ser explicado nomeadamente pelo facto de a Novadelta não ter apresentado tantos pedidos de patentes como em 2016. As patentes concedidas a entidades nacionais subiram 15% para o valor mais alto em dez anos.
O número de patentes atribuídas a instituições ou empresas nacionais por parte do Instituto Europeu de Patentes (IEP) foi no ano passado o mais alto dos últimos dez anos. Em 2017, foram atribuídas 68 patentes a Portugal, o que representa uma subida de 15,3% face ao ano anterior.
A atribuição de uma patente demora algum tempo, podendo mesmo exigir alguns anos, pelo que as patentes concedidas resultam, provavelmente, de pedidos que foram feitos antes do ano de 2017.
Ao contrário do que vinha a acontecer desde 2013, o número de pedidos de patentes por parte de entidades nacionais junto do IEP caiu no ano passado. Ao longo de 2017 foram inscritos 149 pedidos de patentes, o que representa uma quebra de 5,7% face ao ano anterior, de acordo com os dados revelados esta quarta-feira, 7 de Março, pela instituição liderada por Benoît Battistelli.
Apesar do número de pedidos representar uma quebra face ao ano anterior, os 149 pedidos representam o segundo número mais elevado, pelo menos, desde 2013 ficando apenas atrás do ano de 2016 em que foram feitos 158 pedidos.
A Novadelta-Comércio e Industria de Cafés tem sido uma das empresas nacionais mais dinâmicas na inscrição de pedidos de patente. Para se ter uma ideia, em 2016, a empresa apresentou 12 pedidos. Mas no ano passado, a empresa não esteve "na lista das cinco entidades portuguesas que mais pedidos de patentes solicitaram ao IEP" o que pode ajudar a explicar a descida registada por Portugal.
Por outro lado, o INL - International Iberian Nanotechnology Laboratory - , localizado em Braga, foi a instituição que apresentou mais pedidos de patentes – oito - junto do instituto europeu no ano passado.
Este organismo está localizado em Braga mas é português e espanhol. "Nasceu" de uma decisão conjunta do Governo português e espanhol, tomada em Novembro de 2005. Ao Negócios, em Março de 2016, Lars Montelius, director-geral do INL contava que o instituto é "uma organização internacional de pesquisa dedicada à investigação aplicada em nanotecnologia, fundada pelos Governos de Portugal e Espanha". "O INL fornece ciência e inovação e é fundamental para traduzir o conhecimento em benefícios económicos e [para a] sociedade através da exploração, desenvolvimento e articulação da nanotecnologia", contava.
Esta instituição faz investigação em áreas como – saúde, alimentação e ambiente, tecnologias de informação e comunicação – e é a única organização de investigação totalmente dedicada à nanotecnologia com um estatuto legal internacional, o que faz dela "única". Lars Montelius, sueco e com um trajecto ligado à física, explica ainda que o INL está "no centro de uma rede mundial sólida de colaborações académicas, científicas e industriais".
No ano passado, na lista das instituições que mais pedidos de patentes fizeram está também a a Biosurfit, uma empresa nacional que desenvolveu uma solução que permite a realização de análises ao sangue em cinco minutos, e o INESC Porto, tendo ambas as instituições efectuado seis pedidos. A Saronikos Trading and Services e da Universidade do Porto fizeram cinco pedidos.
"Portugal destaca-se da maioria dos países europeus por ter presente, no top 5, três laboratórios de investigação e instituições académicas", refere o comunicado.
O IEP revela ainda em comunicado que "os pedidos de patentes provenientes de Portugal cresceram 100% na área de tecnologia médica". "As tecnologias com mais pedidos de patentes de Portugal são a medição (8%), a tecnologia médica (8%), sistemas de processamento (7%) e Engenharia Civil (7%)".
Número de pedidos de patente atinge um novo recorde
No ano passado, o Instituto Europeu de Patentes recebeu 166 mil pedidos de patentes europeias, o que reflecte um aumento de 3,9% face ao ano anterior "levando a mais um novo recorde".
"Houve de novo um grande crescimento de patentes da China (+16,6%) que destronou a Suíça do top 5 de países com mais pedidos de patentes, sendo o top actualmente ocupado pelos EUA, Alemanha, Japão, China e pela primeira vez a França", refere o comunicado.
No ano passado, a tecnológica chinesa Huawei foi a empresa com o maior número de pedidos junto do Instituto Europeu de Patentes. "A Siemens subiu do 6º para o 2º lugar, seguida pela LG, a Samsung e a Qualcomm. O top 10 das empresas é constituído por quatro empresas da Europa, três dos EUA, duas da Coreia e uma da China".