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Altice quer novos canais e exportar conteúdos da Media Capital
O investimento em conteúdos locais, em português, é uma das vontades traçadas pelos franceses da Altice no negócio de compra da Media Capital. Os donos da Meo querem também a “fábrica das novelas” Plural a produzir para o mundo.
Investir e exportar são duas das palavras de ordem da estratégia da Altice para Media Capital, dona da TVI.
No anúncio de oferta tornado público esta sexta-feira, 14 de Julho, os franceses elencam sete objectivos para o grupo que se preparam para comprar através da Meo.
Uma das vontades é o de criar novos canais e formatos televisivos enquanto "melhoram o alcance" de "canais fundamentais" como a TVI 24, dedicado à informação.
A Altice promete "aumentar os investimentos" em conteúdos portugueses e diz-se disponível para exportá-los para outros territórios onde já actua, sobretudo França e Estados Unidos.
A apoiar esta intenção estará a Plural Entertainment, conhecida pelo seu trabalho nas novelas da TVI, que os donos da Meo querem usar como "núcleo de produção de conteúdos global".
Crescer no digital é outra das metas, indissociável da vontade de "lançar serviços novos e inovadores".
"A Altice quer fornecer mais conteúdos a todos os consumidores portugueses num mundo gital e, como tal, disponibilizar mais oferta centrada em formatos e produção locais. A integridade e a independência editorial da sociedade visada será um princípio orientador, tal como sucede em todos os negócios da Altice em media global", pode ler-se no anúncio de OPA (oferta pública de aquisição) geral e obrigatória à Media Capital.
A Altice acredita que o negócio, avaliado em 440 milhões de euros, irá "fortalecer significativamente" o sector dos media em Portugal, "que continua a assistir a um aumento contínuo da concorrência internacional, em particular por parte dos operadores de internet globais".
O negócio deverá estar fechado até ao final do ano, passando pelo crivo da Autoridade da Concorrência e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
Negócio surge em época de críticas à Altice
A confirmação do mesmo surge numa altura em que a Altice é alvo de protestos, com uma greve dos trabalhadores da PT Portugal, dona da Meo, para o próximo dia 21 de Julho. Em causa está a transferência de mais de uma centena de trabalhadores para outras empresas como Visabeira, Tnord e Sudtel.
O presidente da PT Portugal, Paulo Neves, foi mesmo chamado ao Parlamento para explicar esta estratégia, falando em "agilização" e negando acusações de ilegalidade nos processos de transferência.
A actuação da Altice foi também criticada esta semana pelo primeiro-ministro, António Costa, durante o debate do Estado da Nação. Costa disse temer o "desmembramento" da empresa com a gestão da Altice e acusou a mesma, accionista do SIRESP, de ter pior serviço que as rivais Nos e Vodafone.
"Espero que a entidade reguladora olhe com atenção para o que aconteceu, só nestes incêndios de Pedrógão Grande, com as diferentes operadoras e para compreender bem como houve algumas que conseguiram manter sempre as comunicações e houve outra que esteve muito tempo sem conseguir manter comunicações nenhumas", afirmou. E acrescentou: "Olhe, eu por mim já fiz a minha escolha da companhia que utilizo".
As sete vontades da Altice para a Media Capital
1. Investir na expansão digital
2. Desenvolver novos canais televisivos e formatos
3. Lançar serviços novos e inovadores
4. Aumentar os investimentos em conteúdos portugueses
5. Melhorar o alcance de canais fundamentais, como a TVI24
6. Usar a Plural como núcleo de produção de conteúdos global
7. Exportar conteúdo português para outros territórios em que a Altice actue, em especial para França e para os Estados Unidos