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Altice confirma "interlocuções exploratórias" para comprar Media Capital

Em carta enviada à Media Capital, a Altice diz que está em "interlocuções exploratórias" com a Prisa, para comprar a posição da empresa espanhola na dona da TVI.

Patrick Drahi na estreia da Altice USA em Wall Street na semana passada Reuters
25 de Junho de 2017 às 22:12
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Depois de meses de notícias, rumores, desmentidos e pedidos de esclarecimento, surgiu este domingo a primeira confirmação oficial de que a Altice está interessada em comprar a Media Capital, tendo para o efeito iniciado já "interlocuções exploratórias" com a Prisa.

 

A confirmação surge numa carta enviada à Media Capital, que a publicou na CMVM. Diz a Altice que "confirma que iniciou interlocuções exploratórias com a Prisa relativas à potencial aquisição da participação da Prisa na Media Capital".

No curto comunicado que enviou à Media Capital, a empresa que em Portugal controla a Meo não revela mais detalhes sobre as conversações, referindo apenas que esta confirmação surge "em resposta a uma solicitação dirigida pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários".

 

Isto porque o interesse da Altice em comprar a Media Capital voltou a ser notícia este fim-de-semana, já que o Expresso noticiou no sábado que a Altice estava a ultimar a compra da TVI.

 

De acordo com o semanário, as negociações entre a Altice e a Prisa aceleraram no final de Maio, tendo o desenho do negócio entrado na discussão dos últimos detalhes. E acrescentou que o Governo está a par das movimentações, que poderão levar à conclusão do negócio durante o Verão. 

 

Segundo o Expresso, haverá já um compromisso relativamente ao preço do negócio. Tem sido noticiado que a Prisa pretendia pelo activo Media Capital, detentora da TVI, entre 300 e 500 milhões de euros, um valor que os analistas do mercado de capitais consideram elevado

 

As notícias que dão conta do interesse da Altice na Media Capital não são novas, sendo que as primeiras surgiram já há vários meses. Mas têm sido sempre negadas, daí que este comunicado da Altice ganhe relevo, pois é a primeira vez que a dona da Meo admite oficialmente que está a estudar o negócio. Isto apesar de falar em "interlocuções exploratórias", o que dá a entender que as conversações estarão ainda numa fase inicial e sem certezas de que vá resultar na concretização de um negócio.

 

Prisa pressionada a vender

 

Uma ideia que contraria as notícias mais recentes. A vaga mais recente de notícias para a compra da Media Capital surgiu a 7 de Junho, quando a Bloomberg avançou que a Prisa, que controla 95% da Media Capital, estaria em negociações com a Altice para vender a operação em Portugal, tendo o El Confidencial acrescentado que a Prisa tinha contratado o Morgan Stanley como assessor financeiro do negócio.

 

Logo na altura a CMVM pediu esclarecimentos, mas não houve confirmação da existência de acordos.

 

Agora foi diferente e confirma-se que a espanhola Prisa está mesmo determinada em avançar para a venda da dona da TVI. Segundo noticiou a Bloomberg em Junho, a companhia espanhola que controla o El Pais decidiu avançar para a venda da unidade portuguesa depois de ter falhado a venda da editora Santillana.

 

A empresa de media espanhola tem 687 milhões de euros em títulos de dívida que chegam à maturidade no próximo ano e crescem as preocupações sobre a capacidade para cumprir os compromissos com os credores.

 

A venda da editora de livros Santillana visava precisamente cumprir o objectivo de angariar fundos para baixar a dívida da Prisa, daí que a companhia esteja agora a reforçar os esforços para vender outros activos que tem em carteira.

"Como sabem temos activos (de media) em outros países, portanto logo se verá" Michel Combes, CEO da Altice 

Altice nunca escondeu interesse nos media em Portugal

 

Apesar de ser esta a primeira vez que reconhece negociações para comprar uma empresa de media em Portugal, a empresa liderada por Michel Combes nunca escondeu o interesse em entrar nos media em Portugal.

 

A companhia já está presente no sector nos outros países onde já está presente, como em França. No ano passado, Patrick Drahi, fundador do grupo, tinha admitido que a Altice estava "a olhar para activos de media portugueses". Na altura, Patrick Drahi explicou que em todos os países" onde são líderes ou ocupam o segundo lugar do mercado de telecomunicações", o grupo tem activos de media. Por isso, "sendo a PT Portugal líder em Portugal", era uma estratégia para ser seguida também em relação aos media portugueses.

 

Mais recentemente, em Fevereiro deste ano, Michel Combes, CEO da Altice, voltou ao tema, não se comprometendo com uma futura compra de activos de media portugueses. "Como sabem temos activos (de media) em outros países, portanto logo se verá", disse.

 

"Se os reguladores não fizerem nada haverá guerra" Miguel Almeida, CEO da NOS, comentando a compra da TVI pela Altice

Nos vai responder?

 

Depois de no final do ano passado o Expresso ter noticiado que a Altice teria retomado as negociações com a Prisa para comprar a TVI, o presidente executivo da Nos, Miguel Almeida, disse, em entrevista ao mesmo jornal, que caso este negócio avançasse e "os reguladores não fizerem nada haverá guerra".

 

Uma posição que levou os analistas a perspectivarem que a operadora rival da Meo poderia responder a um avanço da Altice nos media portugueses com a compra de outros activos do sector, citando sobretudo a Impresa.

 

Contudo, os analistas dividem-se na probabilidade de qual será a reposta da empresa de Miguel Almeida.

 

Numa nota publicada depois da notícia da Bloomberg no início deste mês, o BPI perspectivou que no cenário de a Altice comprar a Media Capital, a Nos seria forçada ir às compras.

 

"Acreditamos que a probabilidade de fusões e aquisições no sector está a aumentar, o que significa que a Impresa é um provável alvo e a Nos pode ser apanhada numa situação onde tem de fazer uma oferta por activos de media", salientou o analista do BPI, Pedro Oliveira, numa nota de análise.

 

Opinião um pouco diferente tem o Haitong, que num research publicado na semana passada afirmou que não seria expectável a Nos entrar uma guerra de conteúdos, tal como sucedeu com os direitos de transmissão de jogos de futebol.

 

"Pensamos que não faz qualquer sentido reiniciar a disputa por conteúdos em Portugal, sobretudo quando há uma recuperação do mercado", refere o analista Nuno Matias. Assim, "estamos tranquilos com os riscos relacionados com este assunto e descartamos qualquer possibilidade de a Nos efectuar um movimento preventivo como aconteceu nos direitos de futebol".

 

Certo é que as cotadas de media têm reagido em forte alta as notícias de consolidação no sector, sendo expectável que as acções da Impresa, Media Capital (apesar da liquidez muito fraca) e a Cofina (proprietária do Negócios) estejam animadas esta segunda-feira. 

 

(notícia actualizada pela última vez às 23:11)

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