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Impresa cai 10% em dois dias após emissão de dívida
As acções da empresa de comunicação social estão pelo segundo dia em queda, podendo os títulos estarem a aliviar dos ganhos recentes e a reflectirem o anúncio de uma emissão de obrigações no valor de 35 milhões de euros. No acumulado do ano os títulos conservam um ganho de mais de 100%.
Pela segunda sessão consecutiva, as acções da Impresa estão em queda acentuada. Por esta altura, os títulos recuam 5,42% para 41,9 cêntimos, mas tombaram já 9,71% esta terça-feira, 4 de Julho. A sessão de ontem foi também de fortes perdas, tendo os títulos terminado o dia com uma desvalorização de 7,13%. Já trocaram de mãos hoje mais de 1,8 milhões de acções, quando a média diária dos últimos seis meses é superior a 924 mil títulos.
Apesar desta forte desvalorização registada durante esta sessão, importa salientar que desde o início do ano as acções da empresa liderada por Francisco Pedro Balsemão (na foto) disparam 120,53%. A capitalização bolsista da cotada supera os 70 milhões de euros.
Na semana passada, as acções da empresa de comunicação social – dona nomeadamente da SIC e do Expresso – registaram uma forte valorização, com o título a beneficiar do interesse da Altice na Média Capital, dona da TVI. Na segunda-feira, 26 de Junho, 24 horas depois de a Altice ter confirmado o interesse na dona da estação de Queluz de Baixo, as acções da Impresa terminaram a sessão com um ganho de 10,55%.
Apesar de não ter sido toda de ganhos (no dia 27 e no dia 30 as acções fecharam em queda), a semana terminou com um saldo muito positivo: o título subiu 19,85%, o que representa a melhor semana desde 24 de Março. No acumulado do mês, a Impresa disparou 62,24% em Junho, melhor do que os 47,74% verificados no mês anterior.
Emissão de 35 milhões
Assim, a queda registada esta semana poderá ser um alívio dos ganhos recentes. Além disso, pode ser o reflexo da incorporação do anúncio que a companhia fez antes da abertura do mercado esta segunda-feira. A Imprensa tem em curso uma emissão de obrigações a cinco anos, cujo montante total de encaixe será de até 35 milhões de euros, segundo o prospecto da operação divulgado através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A taxa de juro aplicada será variável "igual à Euribor a 6 meses adicionada de 4,60%", explicou a empresa liderada por Francisco Pedro Balsemão.
Ao objectivo desta emissão é alargar o prazo de reembolso de parte da sua dívida. Esta operação, destinada apenas a investidores qualificados, vai implicar um aumento dos custos financeiros do grupo, mas não põe em causa o objectivo de reduzir o valor global da dívida líquida da empresa no conjunto do ano.
A colocação iniciada esta segunda-feira visa substituir um empréstimo obrigacionista de 30 milhões realizado em 2014 e que vence em Novembro de 2018. A nova emissão tem data de maturidade em Julho de 2022, pelo que permite alargar em 3,5 anos o prazo de reembolso dos títulos. Os restantes cinco milhões que a Impresa pretende levantar serão usados para fazer face a empréstimos de curto prazo, explicou José Freire, CFO do grupo que tem a SIC e o Expresso, em declarações ao Negócios.
O alargamento da maturidade das obrigações vai implicar um aumento dos custos de financiamento. A emissão que vai ser substituída paga uma taxa de juro equivalente à euribor a seis meses acrescida de um "spread" de 4%. Já a nova operação mantém o indexante, mas com um acréscimo de 4,6%.
"O mercado ficou muito mais sensível ao risco depois da reestruturação da dívida da PT/Oi. Os investidores estão mais exigentes", justifica o responsável financeiro da Impresa, adiantando que o facto de o grupo não ter notação de "rating" atribuído por agências de avaliação de risco também contribui para aumentar os seus custos de financiamento.