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PSD dispara “perguntas sem resposta” sobre corticeira liquidada pela CGD

“Dado que até agora sobre a Robcork só existem perguntas sem resposta”, dois deputados do PSD, que já tinham exigido ao Governo esclarecimentos sobre a actuação da CGD na liquidação desta corticeira, decidiram também questionar a Câmara de Portalegre sobre a matéria.

A CGD, que detém 63% dos créditos de 12,9 milhões de euros da Robcork, mandou a corticeira para liquidação em Janeiro passado. Miguel Baltazar
10 de Abril de 2018 às 13:11
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A 12 de Janeiro passado, os credores da corticeira Robcork, de Portalegre, decidiram mandar a empresa para liquidação. Dois meses depois, o Negócios publicou um trabalho intitulado "Estado empata 12 milhões em empresa que abriu e fechou".

 

Durante três anos, entre 5 de Março de 2015, quando a fábrica da Robcork foi inaugurada pelo antigo ministro Poiares Maduro, e a publicação da notícia do Negócios sobre a falência da empresa, nunca os "stakeholders" da corticeira se pronunciaram publicamente sobre o caso.

 

Entretanto, há cerca de duas semanas, o último administrador da Robcork, João Posser de Andrade, acusou a CGD de ter "cortado as pernas" à corticeira por não a ter apoiado, em 2015, quando era necessário dinheiro para começar a laborar. "Não quis arriscar mais do que [os oito milhões de euros] que tinha arriscado até ali", lamentou João Posser de Andrade.

 

Também dois deputados do PSD, Cristovão Crespo e José Matos Rosa, consideram que a actuação da CGD na corticeira "suscita dúvidas e interrogações", pelo que, numa pergunta entregue na Assembleia da República, exigem do Governo esclarecimentos sobre a forma como o banco público "conduziu o processo".

 

E "dado que até agora sobre a Robcork só existem perguntas sem resposta, e dado que a Câmara Municipal de Portalegre terá de ser sempre parte interessada num processo que envolve a economia do Concelho", conforme Cristovão Crespo alega, em declarações ao Negócios, os dois deputados decidiram também questionar a autarquia sobre a matéria.

 

"Ao longo do processo de investimento e instalação acompanhou a Câmara Municipal o desenvolvimento e constrangimentos com que se confrontou o projecto?" é a pergunta entregue no passado dia 5 no Parlamento.

 

"Dada a entrada em processo de liquidação e o que resulta dessa decisão, desejam os deputados signatários informação circunstanciada do envolvimento e diligências efectuadas pela Câmara Municipal", exigem Crespo e Matos Rosa.

 

Isto porque, alegam, "a Câmara Municipal de Portalegre esteve envolvida no projecto de investimento no sentido de criar condições e robustecer a envolvente competitiva da empresa tal a importância que a mesma representa para o concelho. Inclusive foi interveniente directa, através da venda do espaço onde se veio a instalar a empresa", sublinham.

 

De resto, lamentam, "a entrada em processo de liquidação da empresa Robcork é um rude golpe para a manutenção de conhecimento adquirido ao longo de décadas e prejudica gravemente a sustentabilidade económica, e por isso questionámos o Governo para perceber se foram protegidos os interesses da região".

 

Estado detém 95% dos créditos de 12,9 milhões de euros

 

Instalada na antiga unidade da multinacional Johnson Controls, que fechou as portas em 2007, arrastando para o desemprego mais de 200 trabalhadores, a Robcork demorou seis anos para abrir e laborou muito pouco tempo, com cerca de 40 trabalhadores, que "herdaram" da centenária Robinson, que faliu em 2009, ano em que foi publicamente anunciado o projecto da nova corticeira.

 

Antes de enviarem a Robcork para liquidação, em Janeiro passado, os credores tinham já chumbado, seis meses antes, o plano de recuperação da Robcork em sede de Processo Especial de Revitalização (PER), apresentado no final de 2016.

 

A Caixa Geral de Depósitos (CGD), maior credor com 8,1 milhões dos 12,9 milhões de euros de créditos da Robcork, não aceitou a proposta de viabilização assinada por um grupo inglês.

 

Além do banco estatal, são credores outras entidades estatais, como o IAPMEI e o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) – dois milhões de euros cada –, a Segurança Social com 90 mil euros e o Fisco com 40 mil. Feitas as contas, o Estado detém cerca de 95% dos créditos validados na lista de credores apresentada há um ano em tribunal.

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