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Corticeira onde o Estado tem 12 milhões enterrados vai a leilão por 7,8 milhões

A fábrica da falida Robcork, onde o Estado tem a haver 12,2 milhões de euros, dos quais 8,1 milhões são créditos da CGD, e que negou às Finanças informação sobre o processo de liquidação da empresa, vai esta sexta-feira a leilão por 7,8 milhões de euros.

O leilão da falida Robcork realiza-se esta sexta-feira, 11 de Maio, nas instalações da empresa, em Portalegre.
11 de Maio de 2018 às 13:08
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Esta sexta-feira, 11 de Maio, realiza-se o leilão da fábrica da falida Robcork, nas instalações desta corticeira, em Portalegre, que vai à praça por um valor-base de licitação de 7,77 milhões de euros, sabe o Negócios.

 

Trata-se do preço mínimo estipulado para todo o complexo fabril, instalado num terreno com quase 50 mil metros quadrados, sendo 17 mil de área coberta, o que significa que inclui não só o imóvel como os equipamentos e até cerca de 80 toneladas de cortiça.

 

O objectivo passa por vender os bens no conjunto, mas, caso isso não seja possível, os bens serão vendidos em separado, tendo para o efeito sido segmentados em 142 lotes.

 

O imóvel corporiza o lote principal e tem como preço-base seis milhões de euros.

 

Em causa está o leilão de uma empresa sobre a qual o Ministério das Finanças viu ser-lhe negada pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) informação quanto ao seu processo de liquidação, onde o banco público tem a haver mais de oito milhões dos 12,2 milhões de euros de créditos de entidades estatais.

 

Na sequência de uma pergunta formulada por dois deputados do PSD ao Ministério das Finanças sobre este processo, em que consideram que a actuação da CGD "suscita dúvidas e interrogações", o ministério tutelado por Mário Centeno respondeu que solicitou ao banco público informação em relação à liquidação da Robcork, tendo-lhe sido transmitido que "a situação está coberta por ‘sigilo bancário’, o que impede a CGD de revelar informação e factos sobre a sua relação com os clientes".

 

"Não obstante, e uma vez que a relação entre o banco público e a Robcork foi tornada pública nos meios de comunicação [leia-se Negócios]", o banco público "esclarece que manteve uma atitude ‘construtiva’ em todo o processo e que a decisão foi tomada ‘após rigorosa ponderação, pautada por exigentes critérios de zelo e diligência, por ser a que, entre as alternativas avaliadas, melhor respondia aos interesses da instituição’ em causa", lê-se na resposta do Ministério das Finanças.

De resto, argumentou, "a análise e a decisão deste tipo de processos constituem competências executivas da administração da CGD. Ao Estado, como accionista único, cabe acompanhar a execução do Plano estratégico realizada pela administração do banco público", rematou.

 

Além da CGD, são credores outras entidades estatais, como o IAPMEI e o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) – dois milhões de euros cada –, a Segurança Social com 90 mil euros e o Fisco com 40 mil. Feitas as contas, o Estado detém cerca de 95% dos créditos validados na lista de credores apresentada há mais de um ano em tribunal.

 

Instalada na antiga unidade da multinacional Johnson Controls, que fechou as portas em 2007, arrastando para o desemprego mais de 200 trabalhadores, a Robcork demorou seis anos para abrir e laborou muito pouco tempo, com cerca de 40 trabalhadores, que "herdaram" da centenária Robinson, que faliu em 2009, ano em que foi publicamente anunciado o projecto da nova corticeira.

 

Antes de enviarem a Robcork para liquidação, a 12 de Janeiro passado, os credores tinham já chumbado, seis meses antes, o plano de recuperação da Robcork em sede de Processo Especial de Revitalização (PER), apresentado no final de 2016.

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