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Leilão da corticeira onde Estado perdeu 12 milhões sem comprador e só rendeu 1,3 milhões
Na licitação realizada esta sexta-feira não surgiram propostas de compra da fábrica da corticeira Robcork, onde o Estado tem a haver 12,2 milhões de euros, dos quais 8,1 milhões são créditos da CGD. Os restantes lotes, sobretudo equipamentos, foram arrematados por 1,3 milhões.
As instalações fabris da falida Robcork, de Portalegre, que foram esta sexta-feira, 11 de Maio, a leilão, não obtiveram comprador, tendo apenas sido arrematados os restantes lotes, sobretudo equipamentos e 80 mil toneladas de cortiça, por um valor que totalizou cerca de 1,3 milhões de euros, adiantou ao Negócios fonte oficial da leiloeira Leilosoc.
O objectivo passava por vender os bens no conjunto, que tinha como preço-base 7,77 milhões de euros, mas não surgiu interessados, tendo então os bens móveis sido licitados lote a lote.
O imóvel tinha como valor-base de licitação seis milhões de euros.
Instalada na antiga unidade da multinacional Johnson Controls, que fechou as portas em 2007, arrastando para o desemprego mais de 200 trabalhadores, a Robcork demorou seis anos para abrir e laborou muito pouco tempo, com cerca de 40 trabalhadores, que "herdaram" da centenária Robinson, que faliu em 2009, ano em que foi publicamente anunciado o projecto da nova corticeira.
Antes de enviarem a Robcork para liquidação, a 12 de Janeiro passado, os credores tinham já chumbado, seis meses antes, o plano de recuperação da Robcork em sede de Processo Especial de Revitalização (PER), apresentado no final de 2016.
O Ministério das Finanças viu entretanto ser-lhe negada pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) informação quanto ao processo de liquidação da Roncork, onde o banco público tem a haver mais de oito milhões dos 12,2 milhões de euros de créditos de entidades estatais.
Na sequência de uma pergunta formulada por dois deputados do PSD ao Ministério das Finanças sobre este processo, em que consideram que a actuação da CGD "suscita dúvidas e interrogações", o ministério tutelado por Mário Centeno respondeu que solicitou ao banco público informação em relação à liquidação da Robcork, tendo-lhe sido transmitido que "a situação está coberta por ‘sigilo bancário’, o que impede a CGD de revelar informação e factos sobre a sua relação com os clientes".
"Não obstante, e uma vez que a relação entre o banco público e a Robcork foi tornada pública nos meios de comunicação [leia-se Negócios]", o banco público "esclarece que manteve uma atitude ‘construtiva’ em todo o processo e que a decisão foi tomada ‘após rigorosa ponderação, pautada por exigentes critérios de zelo e diligência, por ser a que, entre as alternativas avaliadas, melhor respondia aos interesses da instituição’ em causa", lê-se na resposta do Ministério das Finanças.
De resto, argumentou, "a análise e a decisão deste tipo de processos constituem competências executivas da administração da CGD. Ao Estado, como accionista único, cabe acompanhar a execução do Plano estratégico realizada pela administração do banco público", rematou.
Além da CGD, são credores outras entidades estatais, como o IAPMEI e o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) – dois milhões de euros cada –, a Segurança Social com 90 mil euros e o Fisco com 40 mil. Feitas as contas, o Estado detém cerca de 95% dos créditos validados na lista de credores apresentada há mais de um ano em tribunal.