Notícia
Estado empata 12 milhões em empresa que abriu e fechou
A corticeira Robcork demorou seis anos para abrir, foi inaugurada em Março de 2015 mas parou pouco tempo depois. A CGD mandou-a para liquidação em Janeiro passado. O banco público tem a haver 8 dos quase 12,2 milhões de euros de créditos de entidades estatais.
25 de Junho de 2009, um grupo de proprietários florestais e de distribuidores internacionais de produtos corticeiros anunciaram a criação de uma nova unidade industrial em Portalegre.
Num investimento então orçado em 8,5 milhões de euros, a Robcork iria sediar-se nas antigas instalações da multinacional Johnson Controls, que produzia componentes para automóveis e fechou as portas em 2007, arrastando para o desemprego mais de 200 trabalhadores.
A maioria das pessoas, cerca de uma centena, que trabalhavam na centenária fábrica Robinson, falida nesse ano, iriam transitar para a nova corticeira.
"O ‘know-how’, a tradição, a cultura e as pessoas são os factores que nos interessam da antiga fábrica Robinson", dizia, na altura, o falecido Sevinate Pinto, antigo ministro da Agricultura e consultor da Robcork.
Nove meses depois, a Câmara de Portalegre, que tinha adquirido as antigas instalações da Johnson Crontrols, anunciava a venda do activo à Robcork por 1,5 milhões de euros.
Além dos usos tradicionais da cortiça, a empresa pretendia avançar em novas áreas de negócio, novos segmentos de mercado e novos produtos inovadores, tendo sempre como base a cortiça.
Passaram-se cinco anos sem uma única notícia sobre o projecto, até que, de supetão, a fábrica da Robcork era inaugurada, em 5 de Março de 2015, por Poiares Maduro, o então ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional.
"Atraso nas obras e a dificuldade nos licenciamentos" foi a explicação dada pelos promotores para tão demorada empreitada. E, afinal, iria iniciar a laboração com apenas 40 trabalhadores, que "herdaram" da Robinson.
O investimento já totalizava 15 milhões de euros. O Negócios soube agora que os credores da Robcork, que teve seis anos para abrir e pouco tempo para fechar, decidiram mandar a empresa para liquidação a 12 de Janeiro passado, em assembleia realizada no Tribunal da Comarca de Portalegre.
Isto depois de terem chumbado, seis meses antes, o plano de recuperação da empresa em sede de Processo Especial de Revitalização (PER), apresentado no final de 2016.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD), maior credor com 8,1 milhões dos 12,9 milhões de euros de créditos da Robcork, não aceitou a proposta de viabilização assinada por um grupo inglês. Além do banco estatal, são credores outras entidades estatais, como o IAPMEI e o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) – dois milhões de euros cada –, a Segurança Social com 90 mil euros e o Fisco com 40 mil.
Feitas as contas, o Estado detém cerca de 95% dos créditos validados na lista de credores apresentada há um ano em tribunal pelo administrador de insolvência nomeado para o PER da Robcork, António Azevedo Coutinho, que não quis prestar declarações ao Negócios.
Já a actual gestora judicial, Maria Manuela Dias da Costa, que liderou o processo de insolvência da corticeira, manifestou o seu desejo de não ver publicada "qualquer informação acerca da empresa insolvente, visto que as instalações daquela ainda não possuem segurança".
Contactada a presidente da Câmara de Portalegre, Adelaide Teixeira começou por confirmar o estranho silêncio que paira sobre este processo: "Nós também pouco sabemos, infelizmente", confessou. Mas assegurou, sem detalhar, que a autarquia "já foi contactada por interessados na aquisição desta fábrica, que está dotada da mais alta tecnologia e apta a funcionar".
Em "e-mail" enviado ao Negócios, um antigo trabalhador da empresa desabafou: "A liquidação da Robcork não pode ser silenciada. Até porque os abutres já pairam por aqui e é preciso falar da ‘carne fresca’ que acabaram de abater..."
Num investimento então orçado em 8,5 milhões de euros, a Robcork iria sediar-se nas antigas instalações da multinacional Johnson Controls, que produzia componentes para automóveis e fechou as portas em 2007, arrastando para o desemprego mais de 200 trabalhadores.
"O ‘know-how’, a tradição, a cultura e as pessoas são os factores que nos interessam da antiga fábrica Robinson", dizia, na altura, o falecido Sevinate Pinto, antigo ministro da Agricultura e consultor da Robcork.
Nove meses depois, a Câmara de Portalegre, que tinha adquirido as antigas instalações da Johnson Crontrols, anunciava a venda do activo à Robcork por 1,5 milhões de euros.
Além dos usos tradicionais da cortiça, a empresa pretendia avançar em novas áreas de negócio, novos segmentos de mercado e novos produtos inovadores, tendo sempre como base a cortiça.
Passaram-se cinco anos sem uma única notícia sobre o projecto, até que, de supetão, a fábrica da Robcork era inaugurada, em 5 de Março de 2015, por Poiares Maduro, o então ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional.
"Atraso nas obras e a dificuldade nos licenciamentos" foi a explicação dada pelos promotores para tão demorada empreitada. E, afinal, iria iniciar a laboração com apenas 40 trabalhadores, que "herdaram" da Robinson.
O investimento já totalizava 15 milhões de euros. O Negócios soube agora que os credores da Robcork, que teve seis anos para abrir e pouco tempo para fechar, decidiram mandar a empresa para liquidação a 12 de Janeiro passado, em assembleia realizada no Tribunal da Comarca de Portalegre.
Isto depois de terem chumbado, seis meses antes, o plano de recuperação da empresa em sede de Processo Especial de Revitalização (PER), apresentado no final de 2016.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD), maior credor com 8,1 milhões dos 12,9 milhões de euros de créditos da Robcork, não aceitou a proposta de viabilização assinada por um grupo inglês. Além do banco estatal, são credores outras entidades estatais, como o IAPMEI e o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) – dois milhões de euros cada –, a Segurança Social com 90 mil euros e o Fisco com 40 mil.
Feitas as contas, o Estado detém cerca de 95% dos créditos validados na lista de credores apresentada há um ano em tribunal pelo administrador de insolvência nomeado para o PER da Robcork, António Azevedo Coutinho, que não quis prestar declarações ao Negócios.
Já a actual gestora judicial, Maria Manuela Dias da Costa, que liderou o processo de insolvência da corticeira, manifestou o seu desejo de não ver publicada "qualquer informação acerca da empresa insolvente, visto que as instalações daquela ainda não possuem segurança".
Contactada a presidente da Câmara de Portalegre, Adelaide Teixeira começou por confirmar o estranho silêncio que paira sobre este processo: "Nós também pouco sabemos, infelizmente", confessou. Mas assegurou, sem detalhar, que a autarquia "já foi contactada por interessados na aquisição desta fábrica, que está dotada da mais alta tecnologia e apta a funcionar".
Em "e-mail" enviado ao Negócios, um antigo trabalhador da empresa desabafou: "A liquidação da Robcork não pode ser silenciada. Até porque os abutres já pairam por aqui e é preciso falar da ‘carne fresca’ que acabaram de abater..."