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Insolvência da Dielmar atira 300 para o desemprego em Castelo Branco
A Dielmar “sucumbiu à pandemia da covid-19”, tendo entregado o pedido de insolvência no final da semana passada. A empresa de Alcains empregava atualmente cerca de 300 pessoas, com quem garante ter os salários em dia.
"Terminamos hoje o sonho dos nossos pais e dos fundadores da Dielmar, que há 56 anos ousaram transformar a sua atividade artesanal com a criação de uma indústria em Alcains que criou milhares de empregos, formou milhares de pessoas, gerou uma imensa riqueza para a região e para o país e levou o nome de Portugal pelo mundo".
Foi desta forma que a administração da conhecida empresa de vestuário sediada em Castelo Branco anunciou esta segunda-feira, 2 de agosto, o pedido de insolvência entregue no final da semana passada, aceite pelo tribunal por dívidas a fornecedores, e que vai atirar para o desemprego cerca de 300 trabalhadores. Era uma dos maiores empregadoras da região.
Num comunicado enviado às redações, a administração liderada por Ana Paula Rafael confirma que a empresa da Beira Interior "sucumbiu à pandemia da covid-19" e garante que "pagou pontualmente e até à data os salários aos seus trabalhadores", lembrando que durante cinco décadas manteve "a prosperidade e a tranquilidade de muitas famílias em Alcains e nas terras em redor".
Fundada em 1965 pela junção de quatro alfaiates que deram o nome à empresa, sob a forma de acrónimo – Dias, Helder, Mateus e Ramiro –, a empresa de confeções especializada em roupa para homem – vestiu a seleção portuguesa que venceu o Euro2016 – chegou a empregar 400 pessoas e, antes desta crise, exportava perto de 70% da produção para 25 mercados e faturava cerca de 15 milhões de euros.
"Talvez a insolvência da Dielmar seja o alerta e o farol para que possam repensar com carácter de urgência o interior e apoiar as indústrias que ainda aqui existem e que suportam, há décadas, a fixação das pessoas e a economia e equilíbrio social da região. E que proporcionam, sobretudo, oportunidades de trabalho para as mulheres", refere a nota enviada por Ana Paula Rafael, filha de um dos fundadores, que em 2008 assumiu o comando da empresa.
"Novas oportunidades" depois da "tragédia"?
Enquanto a gestora diz esperar que "sejam tomadas verdadeiras medidas e iniciativas a favor do interior, para que todos estes trabalhadores voltem a poder ter o seu emprego aqui e não tenham que sair da sua terra para trabalhar", o presidente da Câmara de Castelo Branco, José Augusto Alves, fala ao Jornal do Fundão (JF) de uma "tragédia que se abateu sobre Alcains", esperando o autarca socialista que ainda possa ser encontrada uma solução.
"Ficam a marca e o know-how da Dielmar, as instalações e os equipamentos fabris e a vontade de trabalhar destas gentes que - porventura com a ‘bazuca’ que um dia certamente chegará à economia do interior para promover a retoma - possam ainda ter uma segunda oportunidade e dar mais 50 anos a este projeto empresarial", sustenta a administração, confiando que "a insolvência abrirá novas oportunidades que terão certamente a mobilização e apoio do próprio Estado e da autarquia e poderão proporcionar o ressurgimento da empresa e a manutenção dos atuais postos de trabalho".
Marisa Tavares, dirigente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa, disse ao JF que "os trabalhadores estão a gozar um período de férias até dia 16" e que "a Comissão Sindical na Dielmar não sabe de nada", tendo já pedido "informações urgentes" à administração. Para esta segunda-feira, a partir das 15:00, está já marcado um plenário com os trabalhadores, a realizar à porta da fábrica, em Alcains.