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Governo: Maioria das medidas de reestruturação não foram aplicadas pela administração da Dielmar

“O Governo acompanha a situação da empresa há vários anos e continuará a acompanhar, face a esta nova situação, procurando soluções para os ativos da empresa que possam assegurar a preservação dos postos de trabalho", diz o comunicado do Ministério da Economia.

Ricardo JR
02 de Agosto de 2021 às 21:05
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"A Dielmar debate-se, há vários anos, com graves problemas financeiros, apresentando muitas dificuldades a nível comercial e registando quebras significativas do seu volume de vendas", sublinha em comunicado o Ministério da Economia, referindo que foi pela comunicação social que o Governo teve conhecimento de que esta empresa de Castelo Branco tinha apresentado na passada sexta-feira o pedido de insolvência.

 

"Esta situação é anterior à crise provocada pela pandemia da doença covid-19, tendo-se prolongado pelos últimos 10 anos", salienta.

 

O documento refere que "durante este período, várias entidades públicas injetaram um valor aproximado de 5.000.000,00€ na empresa, tendo também garantido mais de 3.000.000,00€ de dívida".

 

"O recurso a estes montantes pressupunha a realização de um conjunto de medidas necessárias à reestruturação, sendo que a maioria destas medidas não foram aplicadas pela administração da Dielmar", diz o Ministério.  

 

Acresce que a empresa "regista uma dívida à banca de montante total de cerca de 6.142.000,00€. A empresa registava, em novembro de 2020, uma dívida a fornecedores de cerca de 2.500.000,00€ (vencidos na sua quase totalidade) e à Segurança Social, num montante superior a 1.700.000,00€".

 

"O Governo acompanha a situação da empresa há vários anos e continuará a acompanhar, face a esta nova situação, procurando soluções para os ativos da empresa que possam assegurar a preservação dos postos de trabalho", frisa o documento enviado às redações depois de Pedro Siza Vieira, ministro da Economia, ter dito, em declarações sobre a insolvência da Dielmar, que "não vale a pena pôr dinheiro fresco em cima de uma empresa que não tem salvação"

 

O comunicado termina com cinco pontos em destaque: 

 

  1. O Estado, através do  Fundo Autónomo de Apoio à Concentração e Consolidação Empresarial (FACCE) e o Fundo Imobiliário Especial de Apoio às Empresas (FIEAE), dois fundos públicos, já aportou à Dielmar, sob a forma de capital, suprimentos e leasing imobiliário, um montante de 2.700.000,00 € através do FACCE, entre 2011 e 2013, e outro de 2.500.000,00€ através do FIEAE, em 2017. Além dos apoios referidos, a Dielmar tem garantias da Garval - Sociedade de Garantia Mútua, S. A., que integra o grupo do Banco Português de Fomento, no valor de 1.775.000,00€.

 

  1. Face à difícil situação em que a empresa se encontrava, a partir de 2016, decidiu-se pela reestruturação do passivo financeiro com os Bancos e o acionista FACCE, e pelo aporte de outros apoios à empresa através do FIEAE, mediante uma operação de sale and leaseback das instalações fabris, no montante de 2.500.000,00€. Estes fundos tiveram como aplicação a amortização de empréstimos bancários e a regularização de saldos de fornecedores. Uma vez que grande parte das medidas identificadas como necessárias à restruturação da Dielmar não foram aplicadas pela administração da empresa, o FACCE, no âmbito da reestruturação dos suprimentos realizados, voltou a solicitar contratualmente a alienação de ativos imobiliários, que a administração da empresa nunca concretizou.

 

  1. As equipas de gestão dos fundos públicos nomearam, em 2018, um consultor para apoiar a administração e as direções a implementar medidas tendentes ao turnaround e eliminação de situação de cash burn. Todavia, várias divergências entre as direções e a administração da empresa levaram à saída, em 2018, de vários quadros superiores. Entretanto, falhou uma tentativa de alienação das lojas WESLEY a um outro grupo do setor têxtil.

 

  1. Em 2020, e tendo por base a avaliação da administração da Dielmar realizada pelo consultor dos fundos públicos, foram consideradas esgotadas todas as possibilidade de reestruturar a empresa – ou até mesmo assegurar a sua transição, total ou parcial – e  o FACCE deliberou, e exerceu em Abril de 2020, a opção de venda tendente ao desinvestimento na Dielmar, ao abrigo do Acordo Parassocial, pelo montante de 3.280.603,84€ (valor calculado em função da regra estabelecida no Acordo Parassocial);

 

  1. Desde a entrada do FACCE no capital da Dielmar, a empresa nunca apresentou resultados líquidos positivos. Foi, também, equacionada a possibilidade de entrada de um novo investidor privado na empresa, tendo em vista efetuar uma reestruturação profunda, renegociar as dívidas e tentar impulsionar a Dielmar para uma nova fase de crescimento. Nesse sentido,  foram promovidos contactos com entidades de capital de risco especialistas em processos de reestruturação ou turnaround. A grave situação financeira da empresa e o elevado montante de investimento que seria necessário afastaram esses investidores. A Dielmar, recorde-se, apresenta resultados negativos desde há vários anos.

 

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