Notícia
Antiga fábrica da Triumph prevê despedir 150 trabalhadores em Loures
O grupo parlamentar do PS reclama a intervenção do Governo para evitar o corte de 30% dos empregos na unidade de roupa interior e fatos de banho de Sacavém, comprada há pouco mais um ano pela Têxtil Gramax Internacional.
A Têxtil Gramax Internacional (TGI) apresentou um plano de reestruturação para a antiga fábrica da Triumph, localizada no concelho de Loures, em que "aponta para a redução de 150 postos de trabalho". A denúncia é feita pelo grupo parlamentar do PS, aludindo às "fortes e legítimas preocupações" dos trabalhadores, que podem ficar "lesados no seu legítimo direito constitucional ao trabalho".
Os deputados socialistas Ricardo Leão, Susana Amador, Diogo Leão e Vitalino Canas asseguram que, através do sindicato do sector e dos trabalhadores, tiveram conhecimento de que a administração da TGI "alega não ter carteira de clientes para fazer face aos custos existentes", denunciando ainda que "muitos dos funcionários encontram-se em casa há já algum tempo por não existir fluxo de trabalho". O Negócios está a tentar contactar a administração da TGI, ainda sem sucesso.
Na sequência da decisão da Triumph de desinvestir na produção industrial em Portugal, tomada em meados de 2015, a antiga fábrica de roupa interior da multinacional em Sacavém acabou por ser comprada em Setembro do ano seguinte pela Gramax Capital. O grupo de investimento fundado em 2011 por Alexander Schwarz e Achim Pfeffer, com sede na Suíça e na Alemanha, garantiu na altura a manutenção dos cerca de 500 postos de trabalho e a continuidade da empresa, que facturou perto de 20 milhões de euros no ano passado.
A 4 de Janeiro deste ano, Manuel Pereira, o presidente executivo da TGI, sociedade portuguesa de capital suíço, anunciou um investimento de mais de um milhão de euros para modernizar a unidade têxtil, que abrange perto de 13 mil metros quadrados. Fê-lo perante o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, que falou numa "viragem positiva" e numa "alteração de quadro" por parte de uma "empresa que estava a sair do país, ia desinvestir e que se tinha resignado a não encontrar alternativas".
"Foi reconhecido pelos novos investidores que havia aqui uma capacidade de produção interessante, uma resposta em tempo rápido que era possível desenvolver e uma qualidade de produção difícil de encontrar noutras partes do mundo. Hoje temos uma empresa que, em vez de estar a fechar, está a investir. Está a criar novos postos de trabalho, está a dar formação aos trabalhadores em novas áreas e tem já um leque novo de clientes que garante um futuro interessante para esta empresa", sustentou então o governante.
PS pede apoios públicos
Lembrando precisamente "o esforço" colocado por Caldeira Cabral nessa fase para manter aquele meio milhar de empregos – é o maior empregador deste concelho do distrito de Lisboa –, os deputados do PS questionam a tutela sobre "quais as medidas que podem ser adoptadas para evitar a redução destes postos de trabalho" e que "medidas de apoio a esta unidade fabril podem ser desenvolvidas, utilizando todos os mecanismos de apoio estatal, para inverter esta realidade".
Há menos de um ano, nessa mesma visita à unidade industrial, também o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, destacava que "esta fábrica não só [continuava] a funcionar, como [alargava] as suas perspectivas de futuro, numa forma que [lhe] dava a segurança de poder vir a ter durante muitos e bons anos esta fábrica têxtil a funcionar no concelho" em que o comunista acabou por ser reeleito nas últimas eleições autárquicas.