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Rede de carregamento de carros eléctricos abre hoje as portas a novos operadores

A rede deixa de ser um monopólio e passa a estar aberta a mais operadores. Com as novas regras, abastecer um eléctrico vai também deixar de ser grátis.

Miguel Baltazar
23 de Dezembro de 2015 às 07:00
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A rede de postos de carregamento de carros eléctricos vai deixar de ser um monopólio para abrir as portas à concorrência. Com as novas regras, acabam-se também as borlas: vai ser preciso pagar para abastecer o carro eléctrico dentro de pouco tempo.

O regulamento da mobilidade eléctrica elaborado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) entra em vigor esta quarta-feira, 23 de Dezembro, e a principal novidade é a criação de um mercado concorrencial. 

"O estabelecimento e a exploração dos pontos de carregamento para veículos eléctricos deverão processar-se no âmbito de um mercado concorrencial, com acesso aberto a todas as partes interessadas na instalação ou na exploração de infraestruturas de carregamento", pode-se ler no documento publicado na segunda-feira em Diário da República.

Assim, apesar da Mobi.E continuar responsável pela gestão da rede de mobilidade eléctrica até 2018, a operação dos postos vai ser entregue a outras empresas para os explorarem comercialmente. A entidade gestora vai assim ficar encarregada de monitorizar a gestão dos postos pelos operadores.

Cinco anos após o lançamento da rede de postos de carregamento, os utilizadores de veículos eléctricos vão deixar de abastecer de graça. Não para já, mas após um período de adaptação, os consumidores vão ter de adquirir um cartão a um operador. Este cartão é carregado com dinheiro para o utilizador poder depois abastecer o seu veículo eléctrico nos devidos postos.

A rede de carregamento de carros eléctricos vai assim deixar de ser um monopólio e passar a estar aberta a novos operadores. Lançada pelo Governo de José Sócrates em 2010, a rede Mobi.E conta actualmente com 1.300 pontos de carregamento de acesso público em Portugal Continental.

No entanto, a rede está desactualizada e precisa de manutenção. Prometidos no início, ficaram também por instalar os 50 postos de carregamento rápido. O presidente da Mobi.E, Alexandre Videira, garantiu no final de Novembro que tanto a manutenção dos postos como o carregamento rápido vão avançar nos primeiros seis meses.


O mau estado da rede e falta de actualização ameaçam travar a expansão do carro eléctrico em Portugal num momento em que as vendas crescem três dígitos. As estimativas apontam para um crescimento das vendas de carros eléctricos e de híbridos "plug in" em 265% este ano para um total de mil veículos.

Para carregar os veículos eléctricos vão também ser utilizados sistemas de contadores inteligentes. Isto vai permitir à Mobi.E realizar um "tratamento seguro e flexível dos dados".

Sector pede uma estratégia para a mobilidade sustentável
Olhando para as novas regras, a Associação Portuguesa do Veículo Eléctrico (APVE) prefere esperar para ver e defende que é preciso uma estratégia para promover a mobilidade limpa.

"Uma estratégia de mobilidade eléctrica abrangente promove também a modernização do tecido industrial e contribui para o crescimento económico, como tem vindo a defender a APVE desde há muitos anos", disse ao Negócios o presidente da APVE Jorge Vasconcelos.

"Esperamos que seja redefinida rapidamente uma estratégia de mobilidade eléctrica. Então, talvez os regulamentos passem a ter uma função real", afirmou.


As novas regras entram hoje em vigor, mas ainda vai vigorar um período de adaptação para que o quadro legal esteja completo de forma a que não sejam criadas "situações de vazio ou incoerência de regras". Até lá, os consumidores poderão continuar a abastecer o seu carro eléctrico sem pagar a factura da electricidade.
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