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OPA à EDP: Governo chinês "encoraja cooperação" entre empresas dos dois países
Três dias após o anúncio da OPA sobre o capital da EDP, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China fala em "benefícios mútuos" para as empresas e das "relações de amizade" entre Portugal e a China.
"A China e Portugal gozam de relações de amizade e a China encoraja a cooperação entre as empresas das duas nações para colher benefícios mútuos". É esta a primeira reacção oficial do governo de Pequim à oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP lançada pela China Three Gorges (CTG).
A declaração, citada pela agência Bloomberg, foi feita esta segunda-feira, 14 de Maio, pelo porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lu Kang, durante a habitual conferência de imprensa. O responsável respondia a uma interpelação directa sobre esta operação da empresa estatal da China, que controla 23% do capital da eléctrica portuguesa.
Logo na sexta-feira, quando a oferta ainda não era sequer oficial, o primeiro-ministro português foi taxativo quanto à operação: "Não temos nenhuma reserva". António Costa argumentou de imediato que "as coisas têm corrido bem em Portugal" e os chineses "têm sido bons investidores", citando os exemplos da REN, da EDP e de "outros sectores".
Depois de seis anos relativamente adormecida na EDP, a CTG passou a jogar ao ataque. A intenção de reforçar a sua posição é uma forma de antecipação ao admitido lançamento de uma OPA por parte das empresas europeias como a italiana Enel, a francesa Engie ou a espanhola Gas Natural Fenosa.
No entanto, para ter sucesso esta OPA precisa de ser autorizada também pela administração liderada por Donald Trump, o que acontece numa fase delicada de diplomacia económica entre Washington e Pequim devido à guerra comercial que levou ao aumento recíproco de taxas alfandegárias. A palavra sobre o negócio vai ter lugar ao nível da Comissão de Investimento Estrangeiro dos EUA, uma agência governamental presidida pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.
Esta oferta acontece ainda depois da Comissão Europeia ter anunciado em Setembro de 2017 que pretende escrutinar mais os investimentos por parte de países fora do bloco comunitário. Apesar de não ter direccionado esta medida a nenhum país em particular, a verdade é que a intenção de Bruxelas acontece num momento em que o investimento chinês está em crescimento na União Europeia.
Esta segunda-feira, as acções da EDP estão a reagir em forte alta ao anúncio preliminar da OPA chinesa, disparando mais de 8%. A eléctrica abriu a sessão a cotar nos 3,379 euros, o valor mais elevado desde Novembro de 2015 e que compara com o valor da contrapartida da oferta da China Three Gorges, de 3,26 euros. A oferta avalia a eléctrica em 11,9 mil milhões de euros.