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Galp vai abrir participação no petróleo da Namíbia a parceiros em meados de junho

Gigantes energéticas como a americana Exxon Mobil e a britânica Shell já disseram que vão concorrer para ficar com parte do projeto de Mopane, bem como a francesa Total Energies e a norueguesa Equinor.

O CEO da Galp, Filipe Silva, teme que a contribuição extraordinária acabe por se perpetuar em Portugal.
Paulo Calado
21 de Maio de 2024 às 12:51
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A petrolífera portuguesa Galp vai levar a cabo em meados de junho a primeira ronda de licitações por parte de empresas interessadas em ficarem com metade da sua participação de 80% no projeto petrolífero que a empresa detém na Namíbia, avança esta terça-feira a Bloomberg, citando fontes próximas do processo. Contactada pelo Negócios, a Galp não quis fazer comentários sobre o tema. 

Do lado das empresas interessadas, gigantes energéticas mundiais como a americana Exxon Mobil e a britânica Shell já disseram que vão concorrer para ficar com parte do projeto de Mopane, bem como a francesa Total Energias e a norueguesa Equinor, refere também a agência notíciosa. 

Logo após a notícia, as ações da Galp deram um salto de 2,1%, aliviando depois para um ganho de 1,3%.

Com base nas mais recentes estimativas da própria Galp, de que o projeto petrolífero na Namíbia poderá equivaler a reservas de 10 mil milhões barris de petróleo equivalente para todo o complexo de Mopane, a descoberta está avaliada em "20 mil milhões de dólares (18,4 mil milhões de euros ao câmbio atual), ou potencialmente mais", disseram as mesmas fontes, que não quiseram ser identificadas. No entanto, esta estimativa para o potencial do projeto foi feita em abril, antes do início da segunda fase de exploração, com perfurações adicionais em novos poços e respetiva avaliação, sublinha a petrolífera.  

As mesmas fontes avançaram ainda que a Galp, que estará a trabalhar em parceria com um consultor financeiro externo para vender 40% dos ativos namibianos, convocou já a primeira ronda de licitações para meados do mês de junho. As manifestações de interesse estão ainda numa fase inicial e outros licitantes poderão surgir entretanto, ao mesmo tempo que a empresa poderá também decidir manter a sua participação intacta caso não consiga chegar a um acordo final com nenhuma das partes. Perante as questões colocadas pela Bloomberg, representantes da Galp, Shell, Exxon e Equinor recusaram comentar.

No final de abril, as ações da Galp dispararam 21% depois de a empresa ter afirmado que o projeto de Mopane constitui uma importante descoberta comercial na Namíbia após a conclusão da primeira fase da sua exploração. Além da Galp, a Shell e a Total Energies já reportaram terem encontrado petróleo na mesma região.

De acordo com o relatório e contas da Galp, relativo ao primeiro trimestre, "a campanha de exploração" em curso na Bacia de Orange "representa 31% do investimento" no "upstream", ou seja, 74,7 milhões de euros no espaço de três meses. O valor compara com os 117 milhões investidos pela Galp na Namíbia em 2023.

Já para 2024, Filipe Silva apontou recentemente um valor a rondar os 150 milhões de euros para continuar a realizar perfurações na região de Mopane, a 200 quilómetros da costa namibiana. Para a campanha de prospeção petrolífera naquele território, o responsável previu um investimento total de 200 a 300 milhões de euros.

Depois das notícias que deram conta de que a Galp está já no mercado para vender metade da sua participação no projeto de Mopane, o CEO garantiu que a empresa "vai manter uma posição elevada" no consórcio. No entanto, reconheceu que "dada a dimensão do projeto, está para lá da capacidade financeira da Galp manter uma posição de 80%". "Temos uma exposição financeira de 100% no projeto", afirmou Filipe Silva na apresentação de resultados dos primeiros três meses do ano, confirmando que a empresa irá procurar um parceiro que garanta o financiamento do projeto e o desenvolvimento rápido da operação.

Terminada a primeira fase de exploração no local, a petrolífera continuará agora a desenvolver trabalhos no terreno, estando previstos mais quatro furos em novos poços. "O capital necessário para o desenvolvimento do projeto da Namíbia será financiado pelo nosso novo parceiro", o que deverá acontecer "no final de 2024, início de 2025". O CEO não revelou se esta parceria já está ou não decidida. Sobre uma potencial entrada em produção, falou do "final da década", dizendo que "ainda é cedo para fazer previsões".

"O investimento nas perfurações dos dois poços foi menor do que esperávamos. Para já, as exigências de ‘capex’ são leves e não é esperado que o financiamento futuro seja feito pela Galp. Por isso, vamos reduzir a nossa participação de 80% para uma percentagem mais baixa", disse.
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