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AIE diz que corte de produção de 10 milhões de barris diários é insuficiente

A Agência Internacional da Energia alertou que um corte de produção de 10 milhões de barris diários é insuficiente para fazer face à queda da procura global provocada pelo coronavírus.

Gonçalo Almeida goncaloalmeida@negocios.pt 03 de Abril de 2020 às 15:16
A Agência Internacional da Energia (IEA, na sigla em inglês) disse que o corte de 10 milhões de barris por dia por parte da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os aliados, liderados pela Rússia) seria insuficiente voltar a equilibrar o mercado petrolífero, muito fustigado pela guerra de preços começada pela Arábia Saudita e pela Rússia e pelo impacto que a covid-19 está a ter na procura pela matéria-prima em todo o mundo.

Os analistas do mercado, contactados pela Bloomberg, já tinham antecipado que a procura por petróleo, desde que o novo coronavírus começou a fazer-se sentir nos mercados até que a sua propagação abrande, vai cair para 35 milhões de barris por dia. Para o ano como um todo, a própria Agência Internacional da Energia tinha estimado uma contração de  730 mil barris diários, no pior dos cenários, no seu relatório de março. 

O Citigroup e o Goldman Sachs disseram que um potencial corte nesses valores seria "muito pouco" e talvez venha a acontecer "tarde demais". Callum Macpherson, analista-chefe de "commodities" no Investec Bank, escreveu numa nota que "parece que finalmente existe uma opinião aceite por todos os membros de que a o excesso de oferta no mercado é tal, que é necessária atuação urgente para o conter".

O corte de pelo menos 10 milhões de barris por dia foi adiantado ontem pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que escreveu através do seu Twitter que tanto a Arábia Saudita como a Rússia se iam comprometer a um corte com esse volume na produção de petróleo, apesar de nenhuma fonte oficial dos países o terem confirmado. 

Para a próxima segunda-feira, a Arábia Saudita marcou uma reunião extraordinária da OPEP+, de forma virtual, e que será aberta a outros produtores em todo o mundo, que não façam parte do cartel. Um desses possíveis produtores seriam os Estados Unidos, mas ainda nenhum fonte da Casa Branca confirmou. 

Contudo, a presença norte-americana poderia ser determinante para que se alcançasse um entendimento entre todos os países, uma vez que Riade já disse que só avançava com os cortes caso os outros países suportassem também os custos. Para já, a administração de Donald Trump tem marcada uma reunião interna com as maiores empresas do setor dos Estados Unidos para esta sexta-feira. 

Do lado moscovita, apesar de o Kremlin não ter confirmado a sua vontade, os produtores de petróleo do país mostraram-se favoráveis aos cortes de produção.

Os preços do petróleo beneficiaram com a notícia de um agendamento da reunião. O Brent disparou 16% e o WTI (West Texas Intermediate) valorizou mais de 10%.
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