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Sauditas compram posições em petrolíferas europeias

O fundo de riqueza soberana da Arábia Saudita adquiriu participações na norueguesa Equinor, na anglo-holandesa Royal Dutch Shell, na francesa Total e na italiana Eni.

Luke MacGregor/Bloomberg
09 de Abril de 2020 às 00:51
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O Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, criado em 1971 e presidido pelo príncipe Mohammed bin Salman (na foto), adquiriu grandes posições em quatro petrolíferas europeias, avançaram esta noite o The Wall Street Journal e o Dow Jones Newswires citando fontes conhecedoras do processo.

 

As quatro empresas são a Equinor, Royal Dutch Shell, Total e Eni e as participações foram todas compradas por este fundo soberano saudita em mercado aberto nas últimas semanas, referiram as mesmas fontes – que acrescentaram que o fundo poderá continuar a realizar aquisições de ações.

 

O fundo soberano da Arábia Saudita acumula a riqueza gerada com a elevada produção de petróleo pelo país e é um dos maiores do mundo, com 320 mil milhões de dólares de ativos sob gestão.

 

Estas operações ocorrem numa altura em que os principais países produtores de crude tentam sustentar os preços da matéria-prima.

 

Nesta quinta-feira as atenções do mercado estarão centradas na reunião virtual da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus aliados (o chamado grupo OPEP+) e no esforço conjunto de retirada de "ouro negro" no mercado.

 

Entretanto, nesta quarta-feira à noite o Koweit indicou que a OPEP+ está a tentar chegar a acordo para que o corte de produção fique compreendido entre 10 e 15 milhões de barris por dia.

 

A produção total da OPEP+ é de 43,062 milhões de barris por dia, cerca de 40% da produção mundial. Sem o corte de 1,7 milhões que vigorou no primeiro trimestre deste ano, a produção esteve nos 41,38 milhões de barris diários (dos quais 25,1 milhões só por conta da OPEP).

 

A ideia seria reforçar a retirada de crude do mercado por parte da OPEP+ em mais 1,5 milhões de barris/dia a partir do segundo trimestre, mas a proposta ficou sem efeito devido à recusa da Rússia, o que motivou uma "guerra dos preços" por parte de Riade, com o reino saudita a abrir as torneiras da produção e a fazer descontos aos clientes, fazendo cair ainda mais os preços numa altura em que a procura tem vindo a diminuir fortemente por força da pandemia de covid-19.


São cada vez mais as vozes que dizem que será necessário que os EUA entrem no esforço de corte de produção, numa espécie de OPEP++, bem como outros países – Reino Unido, Canadá, México e Brasil estão entre os que foram convidados a aderir.

O presidente norte-americano, Donald Trump, tem vindo a defender uma subida dos preços da matéria-prima, algo que confessou à Fox News nunca ter pensado vir a ser possível. Daí que seja provável que os EUA possam juntar-se à reunião de hoje (esteve inicialmente agendada para 6 de abril, mas ainda havia muitas arestas por limar e foi assim adiada), já que o "shale oil" é um crude que se obtém de forma mais dispendiosa e as empresas do setor não estão a conseguir manter-se à tona com preços tão baixos – a ponto de uma delas ter já pedido proteção contra credores ao abrigo da lei de falências.

 

A reunião virtual desta quinta-feira está prevista para as 14:00 TMG (mais uma hora em Lisboa).

 

No dia seguinte, Sexta-feira Santa, a Arábia Saudita realizará uma videoconferência (entre as 12:00 e as 14:00 TMG) com os ministros da Energia do G20 de modo a "assegurar a estabilidade do mercado energético", segundo um documento interno a que a Reuters teve acesso.

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