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Corte de produção de petróleo depende sobretudo dos EUA
Os preços do "ouro negro" seguem a negociar com um movimento misto nos principais mercados internacionais, ao sabor do que vai sendo dito sobre a reunião virtual da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus aliados (o chamado grupo OPEP+), prevista para quinta-feira, 9 de abril.
Em Londres, o Brent do Mar do Norte, que serve de referência às importações europeias, segue a recuar 0,54% para 32,87 dólares por barril, depois de já ter estado a transacionar em alta.
Em contrapartida, no mercado nova-iorquino, o West Texas Intermediate, "benchmark" para os Estados Unidos, sobe 0,12% para 26,11 dólares – a perder também gás face aos ganhos que já registou na sessão desta terça-feira.
Apesar de se esperar uma redução concertada da OPEP+ de pelo menos 10 milhões de barris por dia, um corte muito superior ao que vigorou no primeiro trimestre deste ano, o adiamento do encontro desanimou os investidores, isto numa altura em que os preços estão bastante pressionados pela queda da procura decorrente da covid-19 e pela abertura de torneiras por parte da Arábia Saudita como forma de pressão sobre a Rússia.
Além disso, são cada vez mais as vozes que dizem que será necessário entrar neste esforço os EUA, numa espécie de OPEP++, bem como outros países – Reino Unido, Canadá, México e Brasil estão entre os que foram convidados a aderir.
Vários meios têm avançado que os Estados Unidos – que estão a ver as suas empresas de "shale oil" a serem bastante penalizadas pelos baixos preços, tendo já uma pedido proteção contra credores – irão participar nesta reunião.
Algumas fontes da OPEP disseram hoje à Reuters que um grande corte da oferta no mercado dependerá do esforço de outros produtores e não apenas dos 10 que se têm unido aos 13 membros da OPEP desde janeiro de 2017.
"Riade, Moscovo e os restantes parceiros que compõem a OPEP+ só concordarão com grandes cortes de produção nas conversações desta semana se os EUA e mais alguns países se juntarem nesse esforço, de modo a fazer subir os preços", refere a Reuters citando uma fonte do cartel.
"Sem os EUA, não há cortes", sublinhou, por outro lado, uma fonte da OPEP+.
A procura mundial por petróleo já caiu 30%, ou 30 milhões de barris por dia, uma vez que as medidas de contenção do vírus quebraram fortemente o consumo de combustível para aviação, gasolina e gasóleo. França reportou hoje uma queda de 80% no uso de gasolina.
A reunião virtual de quinta-feira está prevista para as 14:00 TMG (mais uma hora em Lisboa).
No dia seguinte, Sexta-feira Santa, a Arábia Saudita realizará uma videoconferência (entre as 12:00 e as 14:00 TMG) com os ministros da Energia do G20 de modo a "assegurar a estabilidade do mercado energético", segundo um documento interno a que a Reuters teve acesso.