Notícia
Putin não pretende ceder à "chantagem" do petróleo dos sauditas
A Rússia já estava preparada para enfrentar um cenário em que o petróleo desça aos 20 dólares, diz uma das fontes consultadas pela Bloomberg.
21 de Março de 2020 às 21:00
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, não pretende submeter-se ao que o Kremlin vê como chantagem da Arábia Saudita em relação ao petróleo, um sinal de que a guerra de preços que abala os mercados globais de energia deve continuar.
O confronto sem precedentes entre os dois gigantes exportadores - e ex-aliados na OPEP+ - ameaça empurrar o preço do barril para menos de 20 dólares, mas o Kremlin não será o primeiro a fazer o aceno e a procurar as tréguas, disseram pessoas com conhecimento da posição do governo.
O governo de Putin passou anos a acumular reservas para este tipo de crise. Embora a Rússia não esperasse que os sauditas desencadeassem uma guerra de preços, disseram as mesmas fontes, o Kremlin por enquanto está confiante de que pode aguentar mais tempo do que Riad.
"Putin é conhecido por não se submeter à pressão", disse Alexander Dynkin, presidente do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais em Moscovo, um think tank estatal que assessora o governo em política externa e economia. Putin provou que está pronto para uma dura competição "para proteger os interesses nacionais e manter a sua imagem política de homem forte".
Depois de duas décadas à frente da Rússia, o presidente tem experiência suficiente para sobreviver à crise atual, concordaram as três fontes, que preferiram não ser identificadas. Putin não é alguém que desiste, mesmo que a batalha traga perdas significativas, adiantou uma das fontes.
Todo o mercado de petróleo observa e espera para ver se a Rússia ou a Arábia Saudita vão ceder à queda dos preços e tentar uma trégua. O petróleo Brent caiu de mais de 50 dólares o barril no início de março para 24,52 dólares nesta semana, depois de o reino do Golfo, enfurecido pelo veto do Kremlin a cortes mais profundos na OPEP+, ter decidido aumentar a produção enquanto a pandemia de coronavírus esmagava a procura.
As perdas já são visíveis para a Rússia, com o enfraquecimento da moeda e potencial recessão. O orçamento do Estado, que tem como base o preço do petróleo em cerca de 40 dólares o barril, deve registrar déficit este ano, o que obriga o governo russo a aceder ao seu fundo soberano apenas dois meses depois de Putin ter prometido uma maior despesa social.
Na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que a guerra de preços é "devastadora para a Rússia" e acrescentou: "no momento apropriado, vou envolver-me". Segundo o Wall Street Journal, a Casa Branca está a avaliar novas sanções contra a Rússia como meio de pressionar para preços mais altos. Até agora, o Kremlin não quis mudar de política face às restrições por parte do governo Trump.
"Há sempre alguma economia que sofre com preços baixos ou altos do petróleo", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. "Agora, muitas empresas estão a sofrer, como os produtores de gás de xisto nos EUA."
A equipa de Putin já esperava que o colapso das negociações da OPEP+ levasse a um declínio de preços, disseram duas pessoas. A liderança russa estava preparada para uma queda para os 20 dólares e está a enfrentar as consequências económicas com cabeça fria, disse uma das fontes.
Ainda assim, com a economia nacional a sangrar, "a Rússia tem pragmatismo e senso comum suficientes para não recusar negociar" com seus parceiros da OPEP, disse Dynkin.
O confronto sem precedentes entre os dois gigantes exportadores - e ex-aliados na OPEP+ - ameaça empurrar o preço do barril para menos de 20 dólares, mas o Kremlin não será o primeiro a fazer o aceno e a procurar as tréguas, disseram pessoas com conhecimento da posição do governo.
O governo de Putin passou anos a acumular reservas para este tipo de crise. Embora a Rússia não esperasse que os sauditas desencadeassem uma guerra de preços, disseram as mesmas fontes, o Kremlin por enquanto está confiante de que pode aguentar mais tempo do que Riad.
"Putin é conhecido por não se submeter à pressão", disse Alexander Dynkin, presidente do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais em Moscovo, um think tank estatal que assessora o governo em política externa e economia. Putin provou que está pronto para uma dura competição "para proteger os interesses nacionais e manter a sua imagem política de homem forte".
Depois de duas décadas à frente da Rússia, o presidente tem experiência suficiente para sobreviver à crise atual, concordaram as três fontes, que preferiram não ser identificadas. Putin não é alguém que desiste, mesmo que a batalha traga perdas significativas, adiantou uma das fontes.
Todo o mercado de petróleo observa e espera para ver se a Rússia ou a Arábia Saudita vão ceder à queda dos preços e tentar uma trégua. O petróleo Brent caiu de mais de 50 dólares o barril no início de março para 24,52 dólares nesta semana, depois de o reino do Golfo, enfurecido pelo veto do Kremlin a cortes mais profundos na OPEP+, ter decidido aumentar a produção enquanto a pandemia de coronavírus esmagava a procura.
As perdas já são visíveis para a Rússia, com o enfraquecimento da moeda e potencial recessão. O orçamento do Estado, que tem como base o preço do petróleo em cerca de 40 dólares o barril, deve registrar déficit este ano, o que obriga o governo russo a aceder ao seu fundo soberano apenas dois meses depois de Putin ter prometido uma maior despesa social.
Na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que a guerra de preços é "devastadora para a Rússia" e acrescentou: "no momento apropriado, vou envolver-me". Segundo o Wall Street Journal, a Casa Branca está a avaliar novas sanções contra a Rússia como meio de pressionar para preços mais altos. Até agora, o Kremlin não quis mudar de política face às restrições por parte do governo Trump.
"Há sempre alguma economia que sofre com preços baixos ou altos do petróleo", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. "Agora, muitas empresas estão a sofrer, como os produtores de gás de xisto nos EUA."
A equipa de Putin já esperava que o colapso das negociações da OPEP+ levasse a um declínio de preços, disseram duas pessoas. A liderança russa estava preparada para uma queda para os 20 dólares e está a enfrentar as consequências económicas com cabeça fria, disse uma das fontes.
Ainda assim, com a economia nacional a sangrar, "a Rússia tem pragmatismo e senso comum suficientes para não recusar negociar" com seus parceiros da OPEP, disse Dynkin.