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Contrarrelógio pelo acordo que pode fazer subir o preço do petróleo
Negociadores correm para fechar um acordo de corte de produção antes da reabertura dos mercados. Divergências entre o México e a Arábia Saudita travam entendimento.
Reverter a queda histórica nos preços do petróleo e resgatar a indústria da grave crise em que está mergulhada. É o que está em causa nas negociações para um corte de produção, que se arrastam há dias e continuam sem fim à vista a poucas horas da reabertura do mercado. Um fracasso que pode ditar novas quedas na cotação.
Segundo a Bloomberg, o conflito diplomático entre o México e a Arábia Saudita mantém-se, apesar da intervenção do Presidente dos EUA para se chegar a um compromisso. Senadores americanos têm também pressionado o país do Médio Oriente, um aliado dos EUA.
Os negociadores têm já poucas horas até à reabertura do mercado petrolífero, quando os investidores farão o seu julgamento sobre aquilo que for alcançado. O choque na procura provocado por uma economia paralisada pela covid-19, somado ao choque na oferta provocado pela estratégia saudita de inundar o mercado para ganhar quota provocou um enorme excesso de oferta, que neste momento já ultrapassará em um terço as necessidades.
O impasse levou a que as negociações chegassem até ao mais alto nível, com Donald Trump a ligar a vários congéneres para pressionar um entendimento. Em jogo está a indústria de petróleo de xistos betuminosos e a estabilidade nos países mais dependentes das receitas da matéria-prima.
O presidente mexicano, Andres Manuel Lopez Obrador, tem feito da recuperação do poder e soberania da indústria petrolífera mexicana uma das suas bandeiras, resistindo a um acordo para um corte recorde de 10 milhões de barris na produção diária. A OPEP+, que inclui a Rússia, o México e mais oito países, está a exigir a assinatura de Obrador para que haja entendimento.
Donald Trump avançou com uma proposta para que o corte de produção dos EUA contasse para a quota do México, mas a Arábia Saudita insiste que a redução tem de ser igual para todos. Nem a reunião de ministros da energia do G20, na sexta-feira, foi capaz de acelerar um acordo.
Na quinta-feira o West Texas Intermediate, o contrato de petróleo de referência nos EUA, tinha desvalorizado 9% para 23 dólares por barril. O Brent, negociado em Londres, encerrou a última sessão a valer 31,48 dólares.