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AIE diz que espaço para armazenar petróleo vai acabar em algumas semanas. WTI afunda para mínimos de 2002

O preço do petróleo afundou novamente, depois de a Agência Internacional de Energia dizer que a procura pela matéria-prima vai cair 9% por dia em 2020. Em abril vai registar-se a menor procura desde 1995.

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A procura global por petróleo vai cair 9% este ano, devido ao impacto do coronavírus, e o espaço para armazenar a matéria-prima pode acabar nas próximas semanas, ofuscando os esforços da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os aliados) que na semana passada chegaram a um acordo histórico para um corte conjunto de produção.

Os preços do petróleo já reagiram a este anúncio e alargaram as quedas. O WTI (West Texas Intermediate) até começou a sessão a valorizar de forma tímida, mas rapidamente não só reverteu a tendência, como já negoceia em mínimos de 2002 nos 19,20 dólares por barril. Perde por esta altura quase 4%. O Brent, negociado em Londres, cai 5,20% para os 28,09 dólares por barril. 

Segundo o relatório mensal da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) publicado na manhã desta quarta-feira, dia 15 de abril, 2020 vai ficar marcado como um ano de declínio, apontando para uma queda de 9,3 milhões de barris por dia média até ao final do ano. Só em Abril, no próximo mês, a procura por petróleo vai afundar um terço para mínimos de 1995. 

A AIE alertou que o espaço de armazenamento está a reduzir-se e pode mesmo chegar ao colapso "nas próximas semanas", uma vez que os inventários globais vão estar a acumular 12 milhões de barris por dia na primeira metade deste ano, de acordo com a agência.

O excesso "ameaça sobrecarregar a capacidade da indústria de petróleo - navios, oleodutos e tanques de armazenamento - nas próximas semanas ", alertou. A agência alertou que "nunca antes a indústria do petróleo esteve tão perto de testar a sua capacidade de armazenamento como agora".

A OPEP+, que inclui a Rússia e o México, selou no domingo um acordo histórico de corte da produção. Mas, apesar de ser o maior corte concertado de sempre, não será suficiente para estabilizar o mercado, mostra agora a AIE.

Após quatro dias de videoconferências, os 23 membros da OPEP+ anunciaram a redução de 9,7 milhões de barris por dia na sua produção a partir do próximo mês – um volume inferior aos 10 milhões acordados inicialmente e que representa cerca de 10% da oferta mundial. Foi o entendimento possível, devido ao finca-pé do México, que acabou por conseguir o que pretendia: um corte de apenas 100.000 barris por dia.

Entretanto, o ministro saudita da Energia, o príncipe Abdulaziz bin Salman, já veio dizer que o corte efetivo da OPEP+ será de 12,5 milhões de barris por dia devido ao facto de a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Koweit terem produzido em abril acima da quota que lhes correspondia antes deste entendimento. Fora da OPEP+, também o Canadá e a Noruega se mostraram disponíveis para reduzir as suas produções.

O corte total do cartel e dos países não-OPEP, aos quais se juntam novos aliados, poderá então ascender a cerca de 19,5 milhões de barris por dia quando todos os anúncios de redução tiverem sido formalmente feitos. O Presidente norte-americano deu força a este cenário ao dizer que está a ser trabalhada uma retirada total de 20 milhões de barris diários do mercado. "O volume que a OPEP tem em mente é de 20 milhões de barris por dia e não os 10 milhões que têm sido reportados", afirmou Donald Trump, dizendo que está pessoalmente envolvido nas negociações.

Apesar dos esforços tomados, as medidas não estão a chegar com a rapidez necessária para resgatar o mundo indústria de petróleo. Empresas em todo o mundo vão reduzir o seu investimento em 32% este ano, para o nível mais baixo dos últimos 13 anos, de acordo com o relatório agora divulgado pela AIE.
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