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OPEP+ decide cortar "apenas" 10 milhões de barris/dia e petróleo afunda

O cartel do petróleo e os seus aliados decidiram retirar do mercado 10 milhões de barris por dia. Chegou a ser avançado que seriam 20 milhões, o que fez disparar os preços – que estão agora a ceder grande parte dos ganhos.

Lucy Nicholson/Reuters
09 de Abril de 2020 às 22:05
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A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus aliados (o chamado grupo OPEP+) decidiram avançar com um corte de produção de 10 milhões de barris por dia, avançou a Reuters.

 

O grupo irá reduzir então em 10 milhões de barris diários a sua produção nos meses de maio e junho, e depois em 8 milhões de barris por dia de julho até ao final do ano – e em 6 milhões entre janeiro de 2021 e abril de 2022.

 

A meio do dia uma fonte do cartel disse à Reuters que estava em cima da mesa uma redução de 20 milhões de barris/dia, mas acabou por não se concretizar. Os preços do petróleo dispararam com essa notícia, tendo mesmo escalado 12% no mercado nova-iorquino e mais de 10% em Londres, mas entretanto perderam fôlego – seguindo a ceder 9,29% nos EUA para 22,76 dólares por barril e 4,5% na bolsa londrina de mercadorias para 31,35 dólares.

 

A decisão da OPEP+ foi tomada na reunião virtual realizada esta quinta-feira e as atenções começam a virar-se também para a reunião de amanhã, que incluirá os países do G20.

 

A Arábia Saudita realizará na Sexta-feira Santa uma videoconferência (entre as 12:00 e as 14:00 TMG, mais uma hora em Lisboa) com os ministros da Energia do G20 de modo a "assegurar a estabilidade do mercado energético", segundo um documento interno a que a Reuters teve acesso.

 

"A reunião do G20 da energia tornou-se ainda mais interessante e é provável que obtenhamos mais pormenores sobre o corte da oferta por parte dos membros e não membros da OPEP+", sublinha a Forbes.

 

Duas fontes tinham dito hoje ao Financial Times que os planos da OPEP+ seriam os de reduzir a produção em 10 milhões de barris por dia, convidando depois amanhã (na reunião do G20) outros países a entrarem a bordo – como os EUA e Canadá – para ampliar ainda mais esse corte global.

 

Segundo o The Telegraph, outras fontes dizem que o volume total de retirada do mercado poderá contar ainda com mais cinco milhões por parte dos EUA, Canadá e outros países que possam juntar-se a este esforço.

 

O corte de 10 milhões de barris/dia por parte da OPEP+ que vinha a ser avançado desde finais da semana passada é considerado insuficiente por parte da Agência Internacional da Energia para reequilibrar o mercado.

 

A procura mundial por combustível afundou em 30 milhões de barris por dia (30% da oferta global), devido às medidas de confinamento decorrentes da pandemia, que reduziram a utilização de veículos e retraíram a atividade económica.

 

Nos últimos dias tem sido avançado que será necessário que os EUA entrem no esforço de corte de produção, numa espécie de OPEP++, bem como outros países – Reino Unido, Canadá, México e Brasil estão entre os que foram convidados a aderir, segundo a CNBC.

 

O The Guardian avançou mesmo outros nomes entre os convidados a aderir a esta iniciativa, como a Noruega, Argentina, Colômbia, Egipto, Indonésia (que já foi membro da OPEP) e Trinidad e Tobago. E o RT alude também ao Equador e ao Chade.

 

Recorde-se que a OPEP+ (composta pelos 13 membros do cartel e 10 aliados, incluindo a Rússia) tem participado num esforço de corte de produção desde 1 de janeiro de 2017, mas essa iniciativa terminou no final de março.

 

Com efeito, em inícios do mês passado a OPEP+ reuniu-se com a ideia de reforçar a retirada de crude do mercado em mais 1,5 milhões de barris/dia (a juntar ao corte de 1,7 milhões diários que já estava em vigor) a partir do segundo trimestre, mas a proposta ficou sem efeito devido à recusa da Rússia, o que motivou uma "guerra dos preços" por parte de Riade, com o reino saudita a abrir as torneiras da produção e a fazer descontos aos clientes, fazendo cair ainda mais os preços.

(notícia atualizada às 22h36 com a confirmação do acordo)
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