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Petróleo disparou 46% após Trump anunciar acordo entre Rússia e Arábia Saudita

A guerra de preços no petróleo entre a Arábia Saudita e a Rússia pode estar prestes a ter um ponto final. Trump anunciou que os dois países vão cortar a produção em 10 milhões de barris por dia, levando o preço da matéria-prima a disparar um máximo de 35%. Contudo, o Kremlin nega o contacto com os sauditas.

As exploradoras de petróleo de xisto nos EUA enfrentam riscos acrescidos com a “guerra de preços” iniciada pelos sauditas.
Nick Oxford/Reuters
02 de Abril de 2020 às 15:56
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O petróleo WTI em Nova Iorque disparou 35% e o Brent em Londres chegou a disparar 46% depois de o presidente dos Estados Unidos ter anunciado que a Arábia Saudita e a Rússia deverão cortar a produção em pelo menos 10 milhões de barris por dia. O Kremlin já veio contudo contrariar as alegações de Trump e portanto o testemunho fica do lado do cartel dos maiores exportadores, a OPEP - Organização de Países Exportadores de Petróleo. 

O presidente norte-americano, Donald Trump, utilizou a respetiva conta Twitter para divulgar o resultado da conversa com o "amigo" Mohamed bin Salman, o príncipe da Arábia Saudita. De acordo com Trump, o príncipe terá falado com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e ambas as nações vão cortar a produção em cerca de 10 milhões de barris - um número que, num tweet subsequente, revela que pode ascender aos 15 milhões. 

Apesar deste anúncio, o porta-voz de Putin já afirmou que o presidente russo não falou com o príncipe saudita, desmentindo as declarações de Trump. "Não, essa conversa não existiu", disse Dmitri Peskov, porta-voz da Presidência russa, explicando que não existe sequer qualquer negociação agendada.

De acordo com a televisão estatal saudita, a Arábia Saudita já convocou uma reunião de urgência da OPEP+ (grupo que integra os países produtores da OPEP e aliados como a Rússia), mas ainda não foi confirmado o corte através de fonte oficial desta nação. 

Depois dos mínimos das últimas sessões, o petróleo está a registar uma valorização recorde. O WTI chegou a subir 35% para 27,39 dólares e o Brent em Londres chegou a disparar 46,69% para 36,29 dólares. As cotações aliviaram logo de seguida, registando ainda assim valorizações robustas. O WTI em Nova Iorque segue agora a valorizar 23,49% para 25,13 dólares. O Brent em Londres ganha 20,13% para 29,68 dólares.


Há, desta forma, uma forte inversão da tendência negativa que se tem verificado nos mercados de petróleo, que fecharam há dois dias o pior trimestre da história. O WTI em Nova Iorque acumulou uma queda de 66% nos primeiros três meses do ano, semelhante à quebra de 65% do barril de Brent no mesmo período.

O alívio do lado da oferta dá espaço para o otimismo numa altura em que a Arábia Saudita tem contribuído para derrubar as cotações com sucessivos aumentos nas exportações. Este reino do médio-oriente anunciou que tencionava subir as exportações de petróleo em 600.000 barris por dia a partir de maio, para um total de 10,6 milhões. Isto, depois de a 10 de março, a petrolífera saudita Aramco ter anunciado que ia aumentar em 25,5% a produção para 12,3 milhões de barris de petróleo por dia a partir de 1 de abril, contra os 9,8 milhões de barris correspondentes a março.

A iniciativa da Arábia Saudita deu-se depois de a Rússia, um país aliado do cartel dos maiores exportadores, ter recusado aderir à  proposta de cortes na produção que pretendia controlar os preços nos níveis de então. Em resposta à rejeição, os sauditas lançaram esta guerra de preços, afundando as cotações como forma de pressão ao gigante de leste. 

Vírus deve continuar a abalar as contas 

Mantém-se, contudo, uma forte pressão do lado da procura, no contexto de expansão da epidemia de coronavírus, que tem obrigado ao isolamento social e forçou uma travagem a fundo na atividade económica. A procura global contraiu-se em 20 milhões de barris por dia, uma evolução que está a encerrar refinarias desde a África do Sul até ao Canadá. E a quebra poderá ainda ser mais acentuada nos próximos dias. O Goldman Sachs estima que a procura por petróleo contraia 26 milhões de barris por dia esta semana, ou 25%, naquele que considera "o maior choque económico das nossas vidas". 


(notícia atualizada às 15h50 com mais informação)

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