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Pedro Marques: "Estado devia ter participação nos CTT"

O ministro do planeamento criticou a privatização a 100% dos correios feita pelo governo anterior, mas admitiu que hoje o Executivo está confrontado com essa realidade.

Lusa
06 de Fevereiro de 2019 às 11:40
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O ministro do planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, criticou esta terça-feira no Parlamento que o governo anterior tenha privatizado os CTT a 100%, indo além do que exigia a troika, "por razões ideológicas". Para o ministro, "o Estado devia continuar a ter participação no capital na empresa, mas hoje estamos confrontados com a realidade".


Sem responder diretamente a questões colocadas pelos deputados sobre uma reversão dessa privatização, Pedro Marques fez questão de sublinhar que os CTT "continuam a ganhar dinheiro com o serviço postal", apesar de nos últimos 15 anos ter diminuído em 50% o correio em suporte físico e os pagamentos por vale postal.

 

O ministro lembrou que o modelo se alterou profundamente e "vai alterar-se ainda mais", admitindo alterações ao serviço.

 

Para Pedro Marques, que frisou que onde a empresa perde dinheiro é no Banco CTT, "o serviço postal tem de continuar a ser encarado como interessante economicamente". 

 

O governante disse ainda que os CTT já concluíram a proposta de protocolo-quadro com as junta de freguesia e que já a submeteram à Anacom. 

 

"A Anacom não ficou parada. Fixou patamares acima da média europeia de indicadores de qualidade de serviço ", afirmou o ministro, que disse apenas que "vamos definir as bases da concessão a partir de 2020".

 

A empresa liderada por Francisco Lacerda foi privatizada a 100% pelo anterior Executivo de Passos Coelho, em 2014, através de dispersão em bolsa.

 

Um levantamento feito em janeiro pela Anacom mostrou que o fecho de estações de correios pelos CTT em 2018 fez subir para 33 o número de concelhos em Portugal que não têm uma estação. E a curto prazo, advertiu a Anacom, é expectável que a empresa encerre mais 15. Ou seja, elevará para 48 os municípios sem balcões próprios – 15,6% do total.

 
12 gráficos que mostram a evolução dos CTT desde a privatização:

Correio Azul abaixo de mínimos

Correio Azul abaixo de mínimos
Desde 2014, data da conclusão da privatização dos CTT, que os valores relativos ao tempo de distribuição de correio azul até um dia têm caído. Aliás, em 2017, os CTT não alcançaram os valores mínimos impostos pelo regulador.

Tempo de entrega aumenta

Tempo de entrega aumenta
Mesmo no indicador de qualidade que prevê a entrega de correio azul até dois dias úteis os níveis alcançados pelos CTT têm vindo a decrescer. Neste caso, superaram o mínimo proposto, mas não o objetivo.

Mais tempo para ser atendido

Mais tempo para ser atendido
Há menos atendimentos até 10 minutos. 2016 marcou o nível mais baixo deste indicador ao atingir 85,5%, um valor pouco inferior aos 85,8% verificados em 2017.

Cartas demoram mais a chegar

Cartas demoram mais a chegar
De ano para ano, há mais cartas a demorarem a chegar ao seu destino final até três dias úteis. Aqui, os CTT não atingiram os mínimos, mas cumpriram o objetivo.

Cartas normais falham metas

Cartas normais falham metas
Neste indicador, a empresa liderada por Francisco de Lacerda falhou os objetivos definidos em 2017. Mas já desde 2012, ainda antes da privatização, não atingia os mínimos propostos.

No geral, CTT passam no teste

No geral, CTT passam no teste
Apesar de em alguns indicadores falharem os mínimos e os objetivos, os CTT têm passado no indicador global de qualidade de serviços. Mas cada vez com uma margem menor.

Último ano trouxe mais encerramentos de estações

Último ano trouxe mais encerramentos de estações
A Anacom fala num total de 33 concelhos sem estações dos CTT no último trimestre de 2018. E realça que com a informação que tem este ano pode chegar aos 48. O regulador quer impedir que isso aconteça.

CTT fecham estações e abrem postos

CTT fecham estações e abrem postos
Ao longo do período em análise, os CTT têm revelado que no conjunto o número de lojas não diminuiu, já que, apesar do fecho de estações próprias, tem aumentado o número de postos, operados por terceiros. Só que a Anacom quer que as lojas próprias ou de terceiros ofereçam, pelo menos uma em cada concelho, os mesmos serviços.

Dividendo chorudo

Dividendo chorudo
Nos anos privados, os CTT pagaram um total de 329,25 milhões de euros de dividendos aos acionistas. O "payout" supera os lucros.

Receitas recuam

Receitas recuam
Desde 2016 que as receitas dos Correios estão abaixo dos 700 milhões. No período em análise caíram 1,9%.

Rentabilidade cai

Rentabilidade cai
O EBITDA dos CTT ficou, em 2017, abaixo dos 90 milhões de euros. Desde 2012, caiu 2,6%.

Lucros em queda

Lucros em queda
Desde 2012, os lucros dos CTT caíram 29%, tendo, em 2017, ficado no valor mais baixo do período.

 

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