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CTT subvalorizam custos do banco e sobrevalorizam os dos correios

A Anacom não aceita a contabilidade analítica dos CTT referente a 2016. Diz que há custos imputados aos serviços postais que estão sobrevalorizados. E esses gastos têm impacto nos preços determinados para os selos.

CTT define duas condições
O mais recente banco do mercado nacional, o Banco CTT, disponibiliza a 'Conta Poupança Livre', que não tem prazo nem montante mínimo de investimento. Paga uma taxa de juro de 1% a quem domiciliar o vencimento a partir de 250 euros ou pagar três despesas através de débito directo. Caso contrário, é de 0,25%.
15 de Fevereiro de 2019 às 22:19
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Os CTT estão a sobrevalorizar a contabilização dos gastos com a atividade postal, ao mesmo tempo que subvalorizam os custos com a área bancária. 

A conclusão é da auditoria Grant Thornton & Associados, que foi contratada para fazer a auditoria independente ao sistema de contabilidade analítica dos CTT para os exercícios de 2016 e 2017. Essa situação deu-se, segundo a auditora, no ano de 2016, pelo que a Anacom, diz em comunicado, "aprovou um sentido provável de decisão que inclui um projeto de declaração de não conformidade dos resultados do sistema de contabilidade analítica dos CTT de 2016". Mas também determina a reformulação dos resultados do sistema, de 2016 e 2017, "tendo em vista a sua conformidade com os princípios orientadores". Os CTT têm agora 20 dias para se pronunciarem.

Este é mais um capítulo de confronto entre o regulador do setor postal e os CTT, numa altura em que a batalha abrange, também os níveis impostos para a qualidade dos serviços e a obrigatoriedade dos Correios terem um posto em cada concelho. Aliás, a qualidade do serviço que tem novos indicadores já levou os CTT a avançarem judicialmente contra a Anacom.

Agora, a Anacom revela em comunicado as conclusões da auditora para a avaliação dos custos da empresa. Aliás, alguns partidos na Assembleia da República, nomeadamente o PCP, já tinha questionado se os CTT não estariam a financiar os serviços bancários com custos do serviço universal postal.

A auditoria agora realizada à contabilidade dos Correios conclui que há uma "inadequada repartição de gastos entre a atividade postal e a atividade bancária ao nível da rede comercial (estações de correio)", existindo uma "implícita uma partilha de recursos (gastos com pessoal, rendas e alugueres, seguros, condomínio, água, eletricidade, consumíveis, depreciações e amortizações, impostos e taxas, etc.) entre a atividade postal e atividade bancária".

Em 2016, verificou-se, segundo é dito no comunicado, que não existiu "uma adequada separação entre as duas atividades", podendo estar em causa "uma sobrevalorização de gastos alocados à atividade postal, por contrapartida de uma subvalorização dos gastos imputados à atividade bancária, nomeadamente, no que respeita a depreciações, amortizações, rendas e alugueres de ativos tangíveis (móveis e imóveis), custo de capital, impostos e taxas, seguros, conservação e reparação, utilidades (e.g. água, eletricidade), limpeza e vigilância, e consumíveis diversos".

A Anacom explica porque é importante este aspeto. É que os preços nos serviços postais têm de estar orientados para os custos, por isso, quanto mais elevados os gastos forem na atividade maiores serão os tarifários. 

Além disso, os CTT são obrigados a ter um sistema de contabilidade analítica que permita a separação de contas entre cada um dos serviços e produtos que integram o serviço universal e os que não o integram.

Esta decisão é tomada mesmo a tempo da discussão no Parlamento das propostas da esquerda de renacionalização dos CTT. 

Correio Azul abaixo de mínimos

Correio Azul abaixo de mínimos
Desde 2014, data da conclusão da privatização dos CTT, que os valores relativos ao tempo de distribuição de correio azul até um dia têm caído. Aliás, em 2017, os CTT não alcançaram os valores mínimos impostos pelo regulador.

Tempo de entrega aumenta

Tempo de entrega aumenta
Mesmo no indicador de qualidade que prevê a entrega de correio azul até dois dias úteis os níveis alcançados pelos CTT têm vindo a decrescer. Neste caso, superaram o mínimo proposto, mas não o objetivo.

Mais tempo para ser atendido

Mais tempo para ser atendido
Há menos atendimentos até 10 minutos. 2016 marcou o nível mais baixo deste indicador ao atingir 85,5%, um valor pouco inferior aos 85,8% verificados em 2017.

Cartas demoram mais a chegar

Cartas demoram mais a chegar
De ano para ano, há mais cartas a demorarem a chegar ao seu destino final até três dias úteis. Aqui, os CTT não atingiram os mínimos, mas cumpriram o objetivo.

Cartas normais falham metas

Cartas normais falham metas
Neste indicador, a empresa liderada por Francisco de Lacerda falhou os objetivos definidos em 2017. Mas já desde 2012, ainda antes da privatização, não atingia os mínimos propostos.

No geral, CTT passam no teste

No geral, CTT passam no teste
Apesar de em alguns indicadores falharem os mínimos e os objetivos, os CTT têm passado no indicador global de qualidade de serviços. Mas cada vez com uma margem menor.

Último ano trouxe mais encerramentos de estações

Último ano trouxe mais encerramentos de estações
A Anacom fala num total de 33 concelhos sem estações dos CTT no último trimestre de 2018. E realça que com a informação que tem este ano pode chegar aos 48. O regulador quer impedir que isso aconteça.

CTT fecham estações e abrem postos

CTT fecham estações e abrem postos
Ao longo do período em análise, os CTT têm revelado que no conjunto o número de lojas não diminuiu, já que, apesar do fecho de estações próprias, tem aumentado o número de postos, operados por terceiros. Só que a Anacom quer que as lojas próprias ou de terceiros ofereçam, pelo menos uma em cada concelho, os mesmos serviços.

Dividendo chorudo

Dividendo chorudo
Nos anos privados, os CTT pagaram um total de 329,25 milhões de euros de dividendos aos acionistas. O "payout" supera os lucros.

Receitas recuam

Receitas recuam
Desde 2016 que as receitas dos Correios estão abaixo dos 700 milhões. No período em análise caíram 1,9%.

Rentabilidade cai

Rentabilidade cai
O EBITDA dos CTT ficou, em 2017, abaixo dos 90 milhões de euros. Desde 2012, caiu 2,6%.

Lucros em queda

Lucros em queda
Desde 2012, os lucros dos CTT caíram 29%, tendo, em 2017, ficado no valor mais baixo do período.

 

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Saber mais Anacom CTT João Cadete de Matos
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