Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Reverter a privatização dos CTT entra na agenda eleitoral do PS

Erguem-se várias vozes socialistas para incluir no programa para as eleições legislativas a recompra de ações da empresa privatizada há quatro anos, imitando a tomada do controlo da TAP por parte do Estado.

O corte de mais de 20% que os CTT efectuaram ao dividendo não afectaram a rendibilidade da remuneração, uma vez que as acções dos Correios têm sido fortemente penalizadas em bolsa pela evolução negativa dos resultados que levaram a gestão a reduzir o dividendo. Com um dividendo de 38 cêntimos por acção, o “dividend yield” é de 12,1% e o segundo melhor da bolsa portuguesa. Para manter este estatuto de boa pagadora de dividendos (que foi a imagem de marca quando entrou em bolsa), a gestão dos CTT decidiu entregar 57 milhões de euros aos accionistas, mais do que duplicando os lucros obtidos no ano passado.
21 de Janeiro de 2019 às 10:19
  • 23
  • ...

Pode ser um dos temas da campanha das legislativas de outubro. Vários setores do PS estão a pressionar a liderança do partido para colocar na agenda – e, quem sabe, no programa eleitoral – a reentrada do Estado no capital dos CTT, empresa que foi privatizada a 100% pelo anterior Executivo, em 2014, através de dispersão em bolsa.

 

De Norte a Sul, vários dirigentes socialistas têm surgido a defender a reversão da privatização do serviço postal, como noticia o Público esta segunda-feira, 21 de janeiro. É o caso do deputado Tiago Barbosa Ribeiro, que diz ser esse "o pensamento dominante no PS", lamentando ver "os CTT transformados numa sombra daquilo que foram" e acusando a atual administração de agir "de uma forma gulosa e selvagem".

 

"O PS deve reconhecer a importância decisiva do serviço postal e isso só pode ser conseguido com a intervenção pública", sustenta Manuel Pizarro, líder da distrital socialista do Porto. "O Estado está sempre a tempo de intervir, quer através do regulador quer através da recompra de ações", concorda o líder da Associação dos Autarcas Socialistas, Rui Santos, recordando que "houve capacidade para intervir na TAP que nem sequer é utilizada por todos os portugueses".

 

Estas vozes no PS juntam-se às do Bloco de Esquerda e do PCP, partidos que durante esta legislatura apresentaram iniciativas parlamentares para a nacionalização da empresa e que prometem agora voltar à carga. Na semana passada, os comunistas voltaram a entregar um projeto de lei para "iniciar o caminho do controlo público" e um pedido para ouvir na Assembleia da República o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.

 

Numa audição parlamentar realizada na semana passada, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, não quis abordar a nacionalização da empresa, sublinhando apenas que "a necessidade de serviço postal precisa de ser satisfeita com qualidade e a tempo de qualquer maneira, ou seja, independentemente do modo de prestação do serviço".

 

Fecho de estações "antecipa" corte de custos

 

Um levantamento feito este mês pelo regulador mostrou que o fecho de estações de correios pelos CTT em 2018 fez subir para 33 o número de concelhos em Portugal que não têm uma estação. E a curto prazo, advertiu a Anacom, é expectável que a empresa encerre mais 15. Ou seja, elevará para 48 os municípios sem balcões próprios – 15,6% do total.

 

Este fecho de estações faz parte do plano de reestruturação iniciado há pouco mais de um ano pela equipa de gestão liderada por Francisco de Lacerda, que pretendia ajudar a empresa a dar a volta à queda da rentabilidade. Ao final do primeiro ano, os CTT alegaram ter alcançado poupanças de 14 milhões de euros, isto é, acima do objetivo traçado para 2018 e equivalente a um terço do total com que se comprometeu em três anos.

Como o Negócios noticiou em dezembro, um dos pontos que ajudou os CTT a ultrapassar as metas propostas diz respeito à decisão de reajustar a política de recursos humanos. Além da saída de 200 pessoas que a empresa já tinha em curso, o plano de reestruturação prevê cortar mais 800 postos de trabalho a três anos, ou seja, até final de 2020.

Ver comentários
Saber mais ctt serviço postal nacionalização estado ps governo eleições pedro siza vieira privatização francisco de lacerda
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio