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Reverter a privatização dos CTT entra na agenda eleitoral do PS
Erguem-se várias vozes socialistas para incluir no programa para as eleições legislativas a recompra de ações da empresa privatizada há quatro anos, imitando a tomada do controlo da TAP por parte do Estado.
Pode ser um dos temas da campanha das legislativas de outubro. Vários setores do PS estão a pressionar a liderança do partido para colocar na agenda – e, quem sabe, no programa eleitoral – a reentrada do Estado no capital dos CTT, empresa que foi privatizada a 100% pelo anterior Executivo, em 2014, através de dispersão em bolsa.
De Norte a Sul, vários dirigentes socialistas têm surgido a defender a reversão da privatização do serviço postal, como noticia o Público esta segunda-feira, 21 de janeiro. É o caso do deputado Tiago Barbosa Ribeiro, que diz ser esse "o pensamento dominante no PS", lamentando ver "os CTT transformados numa sombra daquilo que foram" e acusando a atual administração de agir "de uma forma gulosa e selvagem".
"O PS deve reconhecer a importância decisiva do serviço postal e isso só pode ser conseguido com a intervenção pública", sustenta Manuel Pizarro, líder da distrital socialista do Porto. "O Estado está sempre a tempo de intervir, quer através do regulador quer através da recompra de ações", concorda o líder da Associação dos Autarcas Socialistas, Rui Santos, recordando que "houve capacidade para intervir na TAP que nem sequer é utilizada por todos os portugueses".
Estas vozes no PS juntam-se às do Bloco de Esquerda e do PCP, partidos que durante esta legislatura apresentaram iniciativas parlamentares para a nacionalização da empresa e que prometem agora voltar à carga. Na semana passada, os comunistas voltaram a entregar um projeto de lei para "iniciar o caminho do controlo público" e um pedido para ouvir na Assembleia da República o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.
Numa audição parlamentar realizada na semana passada, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, não quis abordar a nacionalização da empresa, sublinhando apenas que "a necessidade de serviço postal precisa de ser satisfeita com qualidade e a tempo de qualquer maneira, ou seja, independentemente do modo de prestação do serviço".
Fecho de estações "antecipa" corte de custos
Um levantamento feito este mês pelo regulador mostrou que o fecho de estações de correios pelos CTT em 2018 fez subir para 33 o número de concelhos em Portugal que não têm uma estação. E a curto prazo, advertiu a Anacom, é expectável que a empresa encerre mais 15. Ou seja, elevará para 48 os municípios sem balcões próprios – 15,6% do total.
Este fecho de estações faz parte do plano de reestruturação iniciado há pouco mais de um ano pela equipa de gestão liderada por Francisco de Lacerda, que pretendia ajudar a empresa a dar a volta à queda da rentabilidade. Ao final do primeiro ano, os CTT alegaram ter alcançado poupanças de 14 milhões de euros, isto é, acima do objetivo traçado para 2018 e equivalente a um terço do total com que se comprometeu em três anos.