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Mário Ferreira acusa Soares da Costa: “Verbas destinadas ao Monumental e aos trabalhadores foram para outras paragens”

Confrontado com a paragem das obras de construção do seu Monumental Palace Hotel pelos trabalhadores da Soares da Costa, Mário Ferreira acusa a construtora de “desvios” das verbas que o dono da obra adiantou para evitar a suspensão de fornecimentos, serviços e trabalhos.

A Douro Azul, que diz não ter salários mínimos na empresa, propõe a redução do IRC como alternativa.
"Tudo levará a crer que também as verbas destinadas aos trabalhadores [afectos à construção do hotel Monumental] foram para outras paragens", acusa Mário Ferreira.
Rui Neves ruineves@negocios.pt 03 de Novembro de 2017 às 16:08

Ausente no estrangeiro, o empresário Mário Ferreira foi surpreendido na manhã desta sexta-feira, 3 de Novembro, com o protesto de dezenas de trabalhadores da Soares da Costa junto às obras do Hotel Monumental Palace (MPH), na Avenida dos Aliados, no Porto, contra o atraso no pagamentos dos salários, que prometeram não regressar ao trabalho até que a situação seja normalizada.

 

"Foi com enorme surpresa que agora nos deparamos com uma greve dos trabalhadores da Soares da Costa, e em particular dos que à obra do MPH estão alocados, pois o MPH não pode nem vai admitir que a Soares da Costa tenha os salários dos trabalhadores em atraso, com a consequente paralisação da obra a que a legítima greve dos trabalhadores conduz", afiança Mário Ferreira. 

O empresário alega que "a falta de pagamento é tão mais grave quanto é facto que o MPH não se tem limitado ao pagamento dos trabalhos executados pela Soares da Costa, como já lhe entregou, a título de adiantamento, uma avultada quantia, por forma a evitar a suspensão dos fornecimentos, serviços e trabalhos".


Aliás, garante ainda o dono da obra, "todos os trabalhos realizados até à data obtiveram sempre adiantamento por parte da MPH".

Acontece que, acusa Mário Ferreira, a construtora terá desviado o dinheiro destinado ao pagamentos de salários e equipamentos para o MPH.

 

"Foi-nos comunicado pela fiscalização de obra que neste momento faltam justificar ou entregar equipamentos, cujos valores foram adiantados pelo dono da obra num montante de 1,5 milhões de euros", denuncia o empresário.

 

A título de exemplo, o também dono da Douro Azul elenca "o posto de transformação de electricidade, ‘chillers’ e outros equipamentos, que deveriam ter já sido entregues para montagem em obra mas não foram pagos aos fornecedores e não existe neste momento justificação para a falta do dinheiro, nem dos equipamentos", lamenta.

 

Assim, "tudo nos leva a crer que a administração da Soares da Costa tenha autorizado indevidamente desvios de montantes substanciais da nossa obra", acusa ainda o cognominado "rei" do rio Douro.

 

"Factos" graves que Ferreira admite estar "com dificuldade em apurar pela reincidente impossibilidade de contacto com o CEO Joaquim Fitas", admitindo que, "com as notícias de que a falta de pagamento se estende também aos trabalhadores, tudo levará a crer que também as verbas destinadas aos trabalhadores foram para outras paragens".

Construção do hotel "apresenta já um irrecuperável atraso de seis meses"


O empresário diz que vai agora reflectir, em conjunto com os seus advogados, "ainda durante este fim-de-semana", sobre as "medidas decisivas" que terá que tomar "por forma a evitar esta situação agonizante para o dono da obra, os trabalhadores, os fornecedores e todos os colaboradores envolvidos".

 

Questionado pelo Negócios sobre se admitia afastar a Soares da Costa e os seus trabalhadores da construção final do MPH, Ferreira garantiu: "Não vou mandar ninguém embora." Até porque "a obra está em acabamentos".

 

O promotor do MPH adiantou que a construção do hotel deveria ter em permanência "180 trabalhadores", mas que só "têm lá estado 100".

 

Foi a 7 de Outubro de 2015 que a empresa MPH entregou a um ACE (agrupamento complementar de empresas) criado pela Soares da Costa a empreitada de reabilitação e construção do hotel.

 

"Mesmo tendo conhecimento das debilidades económico-financeiras da Soares da Costa, a administração da MPH decidiu pela adjudicação da obra, motivada pelo seu histórico e larga experiência em obras de reabilitação, com mão-de-obra trabalhadora experiente e qualificada, particularmente no sector hoteleiro", justifica Mário Ferreira.

 

Desde então, garante o empresário, "o MPH tem viabilizado financeiramente a continuação do ACE, na tentativa de ver realizada a obra do hotel".

Porém, "não obstante toda a cooperação prestada pelo MPH, a empreitada apresenta já um irrecuperável atraso de seis meses face ao plano acordado", lamenta o dono da obra.

Certo é que quando apresentou publicamente o projecto de construção do Monumental, Mário Ferreira disse que o hotel entraria em funcionamento um ano depois, no final de 2016, apontando a festa de inauguração na noite de passagem de ano para 2017.  

Mais de 20 milhões para construir "o melhor hotel de cinco estrelas do Porto"

Num investimento previsto superior a 20 milhões de euros, apoiado com 11 milhões pelos fundos europeus do Compete 2020, o Monumental Palace Hotel terá 78 quartos, incluindo as suites nupcial e presidencial, e nove apartamentos T1 para estadias mais longas, com serviço de limpeza e "room service". E recuperará a memória do Café Monumental, com capacidade para 140 pessoas.

Mário Ferreira quer posicionar o Monumental como "o melhor hotel de cinco estrelas da cidade do Porto".

Inaugurado há precisamente 87 anos, em Novembro de 1930, o Monumental era o maior café de Portugal e considerado um dos mais luxuosos da Península Ibérica. Tendo por cima a pensão com o mesmo nome, o Café Monumental dispunha ainda de 24 mesas de bilhar e era também famoso por ser um local cheio de música - tinha uma grande sala de concertos onde, diariamente, tocavam duas orquestras ao vivo.

 

(Notícia actualizada às 16:48)

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