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Iberdrola quer aumentar poder negocial

Alguns analistas consideram que Iberdrola estará a tentar aumentar o poder negocial num eventual processo de troca de activos, apesar da segunda maior eléctrica espanhola classificar a posição de 5% na EDP como estratégica.

10 de Setembro de 2003 às 11:49
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Alguns analistas consideram que Iberdrola estará a tentar aumentar o poder negocial num eventual processo de troca de activos, apesar da segunda maior eléctrica espanhola classificar a posição de 5% na EDP como estratégica.

O diário espanhol «Cinco Dias», sem citar fontes, avançou hoje que a Iberdrola não irá proceder à constituição de uma provisão para cobrir os prejuízos resultantes da perda de valor da EDP, por considerar o investimento de 5% Electricidade de Portugal (EDP) [EDP] como estratégico.

As 149.966.455 acções da EDP que a Iberdrola detém em carteira estão a gerar uma menos-valia potencial de mais de 200 milhões de euros.

Iberdrola tenta aumentar poder negocial na troca de activos

O Espírito Santo Research (ESR) diz que a Iberdrola quererá evitar provisionar uma menos-valia que representa cerca de 14,5% dos lucros líquidos em 2002.

Os analistas do banco vão ainda mais longe e consideram que a decisão poderá ter em vista «aumentar o poder negocial da Iberdrola, com vista a ganhar o controle de activo de gás e electricidade em Portugal».

Assim, «acreditamos que a participação na EDP não é estratégica para a Iberdrola», diz o ESR.

A Iberdrola anunciou recentemente que quer trocar a posição de 4% na Galp Energia por uma participação nos activos de gás natural ou de electricidade da EDP, reclamando um tratamento igualitário à italiana ENI na reestruturação do sector.

A analista Sofia Simões, do Banif Investimento, não questiona o carácter estratégico dos 5%, e diz que a decisão da Iberdrola em não alienar as acções em carteira da EDP «tem mais a ver com a menos-valia que estão a registar, devendo a Iberdrola esperar por uma recuperação das acções da EDP para se desfazer desta participação».

A analista avança ainda que ambas as eléctricas ibéricas perderam o interesse nas participações cruzadas desde o final do acordo estratégico, «só que no caso da EDP, é possível sair neste momento com mais-valias».

A eléctrica liderada por João Talone tem, por seu lado, 3% do capital da Iberdrola, uma participação que o CEO já anunciou pretender alienar até ao final deste ano.

A edição de hoje do «Diário Económico» avança que a EDP já definiu o modelo financeiro para a venda dos 3% na Iberdrola, faltando apenas definir o respectivo preço.

O mesmo deverá ser baseado no valor no valor do balanço a 31 de Dezembro de 2002, na cotação média ponderada das acções ou no valor de mercado no dia em que se concretize a operação.

Os analistas do BPI adiantam que estas notícias são «positivas» para ambas as empresas já que poderão levar à concretização desta operação nos próximos dias, «evitando riscos adicionais». Em relação aos 5% da EDP detidos pela Iberdrola, «não há notícias que indiciem a sua venda».

Iberdrola investiu cerca de 500 milhões na EDP

A empresa espanhola entrou no capital da EDP em 1998, com a compra de cerca de 3% no âmbito da segunda fase de privatização de eléctrica nacional, o que resultou num investimento de 366,7 milhões de euros.

Em 1999, a empresa basca investiu mais 85 milhões de euros para adquirir mais 1% da EDP e em 2000, comprou outros 1%, desembolsando 45 milhões de euros. Assim, a Ibedrola terá gasto um total de cerca de 500 milhões de euros na compra de acções da EDP.

Em Dezembro de 2002, segundo uma nota do ESR, a participação da Iberdrola [IBE sm] estava avaliada em 493,7 milhões de euros - um valor patrimonial de 294,4 milhões e um «goodwill» de 199,3 milhões de euros - com uma menos valia potencial, face à cotação de mercado, em redor dos 200 milhões de euros.

Saída da EnBW da Cantábrico só em 2007

A edição de segunda-feira do jornal francês «Le Fígaro» diz que a a Électricité de France (EdF) poderá alienar os 35% que detém na HidroCantábrico (HC), através da alemã EnBW, e entrar no capital da EDP, no âmbito da nova fase de privatização da eléctrica.

Neste cenário, a EDP faria um aumento de capital em espécie reservado à EnBW no qual esta colocaria a sua participação na HC, um cenário que o BCP Investimento (BCPI) considera pouco provável a curto prazo.

Os especialistas do BCPI, numa nota emitida ontem dizem que a saída da EnBW da Cantábrico «faz sentido até 2007, altura em que o Mercado Ibérico de Electricidade (Mibel) já estará mais desenvolvido e a EnBW e a EDP serão concorrentes».

No entanto, do ponto de vista da eléctrica alemã, «não faz muito sentido sair de uma empresa na qual tem alguma importância na gestão para passarem para a EDP na qual não teriam controle.

O «Cinco Días», citando fontes do sector, diz hoje que a EdF poderia, no âmbito da nova fase de privatização da EDP, passar a ter, através da troca de participações, cerca de 10% do capital da eléctrica nacional.

As acções da EDP negociavam inalteradas nos 1,95 euros.

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