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Bial investe 48 milhões na investigação de novos medicamentos
Os sistemas nervoso e cardiovascular são o foco da farmacêutica da Trofa no projeto “Cardiomet & SNC”, para o qual vai contratar 12 pessoas e afetar 57 funcionários. O Estado garante incentivos financeiros através da AICEP.
Chama-se "Cardiomet & SNC", representa um investimento de cerca de 48 milhões de euros e envolve a realização de estudos clínicos e não clínicos para identificação do potencial terapêutico de novos compostos nas áreas dos sistemas nervoso central e cardiovascular.
Esta é a mais recente área de investigação da farmacêutica portuguesa, que pretende assim obter informações sobre a atividade farmacológica e a confirmação da tolerabilidade, segurança e eficácia destes compostos. O objetivo final é a introdução de "medicamentos inovadores no mercado mundial".
A empresa liderada por António Portela prevê a criação de emprego altamente qualificado e o aumento do quadro de técnicos da empresa afetos à investigação e desenvolvimento (I&D) de novos medicamentos nos próximos anos. Para já, em termos concretos, vai contratar 12 novos colaboradores e afetar 57 postos de trabalho à investigação no âmbito do "Cardiomet & SNC".
Estas novas informações constam de um despacho assinado pelo ministro da Economia, Siza Vieira, e pelo secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, publicado em Diário da República esta segunda-feira, 6 de janeiro. Sem detalhar os incentivos financeiros envolvidos, aprova o contrato de investimento com a AICEP por ser "de especial interesse para a economia nacional pelo seu efeito estruturante para o desenvolvimento, diversificação e internacionalização da economia portuguesa".
"O projeto concorre para o aumento do volume de despesas em I&D do setor empresas, quer pelo volume de investimento envolvido, quer pelos investimentos que podem resultar do sucesso da Investigação e Desenvolvimento em causa, podendo ainda contribuir para a melhoria da balança comercial e tecnológica de Portugal, não só através da venda direta dos novos medicamentos no mercado externo, como pela possibilidade de licenciamento a empresas estrangeiras do ‘know-how’ da Bial", lê-se neste documento.
Inovação própria pesa metade das vendas
Fundada em 1924, a farmacêutica da Trofa (distrito do Porto) tem atualmente presença comercial em 58 países, destacando-se Espanha e os Estados Unidos da América na lista de melhores destinos. Em 2018, os mercados internacionais valeram cerca de 70% da faturação, que rondou os 270 milhões de euros, sendo que metade do valor total teve origem na venda de dois medicamentos de inovação própria, criados de raiz pela empresa.
Com mais de 12 mil novas moléculas sintetizadas e sete medicamentos patenteados a nível mundial nas últimas quase três décadas, dos investimentos nesta área resultaram e destacam-se os primeiros fármacos de patente e investigação portuguesa, que estão à venda em dezenas de países: o Zebinix, lançado em 2009 para a epilepsia; e o Ongentys, disponível no mercado português desde setembro de 2018, nome comercial do medicamento destinado a pessoas com a doença de Parkinson.
Projeto da Bosch envolve 107 quadros qualificados no Minho
Menos pesada em termos de investimento, a "Factory Of The Future" da Bosch Car Multimedia também terá incentivos do Estado, com o Governo a apoiar este projeto avaliado em 26,3 milhões de euros, que visa "o alcance de avanços científicos e tecnológicos num conjunto de ferramentas, processos e sistemas operacionais com aplicações nas diferentes fases da produção da fábrica" de Braga. Está prevista a contratação de 31 novos colaboradores por parte da multinacional alemã, enquanto a Universidade do Minho terá 69 bolseiros de investigação e sete novos quadros qualificados envolvidos neste projeto.