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Margarida Carmo: "Falir um ginásio foi um erro maravilhoso"

A ginasta Margarida Carmo é a convidada do último episódio do videocast Campeões nos Negócios. Esteve nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, quando tinha apenas 15 anos. Até hoje, foi a atleta portuguesa com melhor prestação olímpica na ginástica rítmica desportiva. Hoje é sócia com o marido do Grupo Manz.

06 de Agosto de 2024 às 08:30
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Foi a atleta mais nova a participar nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Tinha acabado de fazer 15 anos. A ginasta Margarida Carmo recorda que, na cerimónia de abertura, entrou no estádio a levitar, tal era o deslumbramento que sentia com tudo o que estava a assistir.

Conseguiu o melhor resultado de sempre de Portugal na ginástica rítmica nos Jogos Olímpicos, numa edição que ficou marcada pelo boicote dos países de Leste. Foi a resposta ao boicote ocidental quatro anos antes, nas Olimpíadas de Moscovo. Essa decisão política acabou por favorecê-la porque as melhores atletas do mundo eram de Leste, sobretudo da Bulgária, Roménia e União Soviética. Eram essas atletas que estavam destinadas às medalhas. "Este boicote abriu a oportunidade a outros países", refere.

Confessa que o maior medo das ginastas é deixarem cair os aparelhos com que fazem as coreografias. "Esse é o pesadelo à noite antes da prova".

Margarida deixou a alta competição com 18 anos quando não se conseguiu classificar para ir aos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988 e também por cansaço. "Foram muitos anos, muitas horas", diz.

Entrou no primeiro curso de educação física na Universidade da Madeira e o objetivo era ser professora universitária na Faculdade de Motricidade Humana em Lisboa e treinar meninas para a ginástica rítmica desportiva. "Esse era o sonho. Não me via a fazer mais nada". Mas a vida trocou-lhe as voltas. Ou antes, o coração.

"Quando estava a estudar, conheci o meu atual marido que foi o precursor da aeróbica coreografada em Portugal. Fui fazer uma formação com ele para depois começar a dar aulas de aeróbica coreografada. Apaixonei-me e casei com ele", revela entre risos.

Foi assim que o fitness e o mundo dos ginásios entrou na sua vida, com a organização de eventos e a formação de professores desta modalidade.

Hoje é sócia do Grupo Manz – em sociedade com o marido -, que tem empresas de formação de profissionais na área do fitness, conceção e desenvolvimento de eventos desportivos e culturais e também de produção de vinhos.

Mas a entrada no mundo dos negócios não foi sempre a subir, confessa. Estavam muito "verdes" e cometeram erros. Alguns deles, Margarida considera que foram "maravilhosos" porque a ajudaram a crescer enquanto empresária.

"Quando nós casamos, compramos um ginásio porque achávamos que o sabíamos gerir". O negócio não correu bem e faliu. "Foi a melhor coisa que nos aconteceu", admite, porque houve lições a tirar. "O que aprendemos na altura é que quando saímos da universidade, sabemos muito pouco". E, em segundo lugar, "podemos ser ótimos profissionais de alguma coisa, mas isso não nos dá o conhecimento". A verdade é que "como gestores não sabíamos nada, tínhamos zero experiência".

A outra má experiência que se tornou uma lição de vida foi quando foram roubados por um colaborador próximo que desviou dinheiro da empresa.

"Eu achava que toda a gente que estava ao pé de mim era maravilhosa, que me ia ajudar sempre e percebi que tinha de crescer um bocadinho mais. Continuo a acreditar que quem está à minha volta é maravilhoso, mas temos de ter sistemas de controlo e eu não tinha nenhum".

Margarida levantou-se depressa. Estava habituada a lidar com o erro no desporto. "Aprendemos com os tropeços que vamos dando, tal como o ginasta. Quando eu falhava sabia que tinha de treinar dez vezes mais para da próxima vez não falhar". No fundo, explica, trata-se de perceber "como é que nos vamos tornando melhores, reduzindo a margem de erro". Estas experiências acabaram por ser "dois erros maravilhosos que aconteceram na nossa vida".

A alta competição deu-lhe esta capacidade de "errar e seguir rapidamente" em frente. Mas primeiro é preciso perceber onde se errou e porquê. Aprendeu isso nos treinos. "Nós tínhamos um caderninho em que fazíamos centenas de vezes os mesmos exercícios, os mesmos bocadinhos de coreografia e onde tínhamos de ir assinalando quantos erros dávamos em cada um. A ideia era ir reduzindo o erro a zero", explica.

Esse método é também válido para os negócios porque "o erro sempre fez parte do crescimento e continua a acontecer todos os dias". No mundo das empresas às vezes acontece "apostarmos em coisas que não dão certo". A questão é: "quanto tempo ficamos ali a remoer e quanto tempo demoramos para sair daquele errar para ir fazer coisas diferentes", conclui.

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