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Nuno Fernandes: "O desporto também nos ensina a perder"

Nuno Fernandes, atleta de salto com vara, é o sexto convidado do videocast Campeões nos Negócios. Participou nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, Atlanta 1996 e Sydney em 2000. Formou-se em engenharia informática e começou a trabalhar como académico quando ainda estava na alta competição.

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23 de Julho de 2024 às 08:30
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O atletismo entrou na sua vida de forma casual. Nuno Fernandes praticava hóquei em patins mas estava desmotivado porque passava mais tempo no banco do que a jogar. As irmãs faziam atletismo e ele decidiu experimentar. Não mostrou grande talento.
 
"Os testes que fiz eram maus", reconhece. Se fosse para entrar no atletismo, "não passava". Mas, "como tinha lá duas irmãs", deixaram-no ficar para ver o que dava. "Eu estava entretido. Fazia saltos, corridas, lançamentos.."
 
O momento de viragem aconteceu quando o seu clube - Clube de Iniciação e Propaganda do Atletismo (CIPA) - foi a um campeonato e precisava de apresentar um atleta em cada especialidade. Não havia ninguém para o salto com vara.
 
"Eu gostava de andar a subir às árvores, invertia, e eles acharam que eu era capaz de ter destreza suficiente para fazer salto com vara", conta. Puseram-lhe uma vara de ferro nas mãos e, a partir daí, descobriu o seu lugar no atletismo.
 
"Comecei a ganhar gosto. Fui subindo, subindo, subindo. À medida que se vai subindo, a pessoa fica mais motivada." Tão motivado ficou, que rapidamente apresentou resultados.
 
Na sua carreira desportiva foi sete vezes campeão nacional da modalidade entre 1992 e 1998. E representou Portugal três vezes nos Jogos Olímpicos - Barcelona (1992), Atlanta (1996) e Sydney (2000).
 
Na primeira participação, em Barcelona, lembra-se de se sentir a "voar" quando desfilou na cerimónia de abertura, no estádio olímpico. "Estava maravilhado a ver tudo, as músicas, as luzes…", recorda.
 
Os pais nunca permitiram que o desporto se sobrepusesse aos estudos. Continuou sempre com os livros debaixo do braço. Formou-se em engenharia informática e começou a trabalhar quando ainda estava na alta competição. Depois do mestrado, em gestão, entrou como professor assistente no Instituto Superior de Engenharia, no Porto. Trabalhou como académico durante 12 anos.
 
Terminou a sua carreira desportiva depois dos Jogos Olímpicos de Sydney. Ainda tentou ir a Atenas em 2004, mas o corpo já estava cansado. Com 34 anos, a idade que tinha na altura, a recuperação das lesões começa a ser muito difícil, explica.
 
A transição foi facilitada pelo facto de já trabalhar há muitos anos fora do desporto. Mas não esconde que passou uma fase difícil, em termos sobretudo psicológicos. "Uma pessoa está tão viciada no treino" todos os dias e quando de repente para, "é uma sensação esquisita". Faltava qualquer coisa. Hoje pratica paddle.
 
Depois do ensino, enveredou no mundo das empresas. Abriu em sociedade uma empresa de brinquedos. "conseguimos fazer uma faturação de alguns milhões mas, entretanto, o caminho do brinquedo deixou de fazer sentido", com as crianças a procurarem cada vez mais o digital. Decidiram fechar a empresa.
 
"Às vezes é preciso ter alguma coragem para fechar empresas, despedir pessoas", afirma. Se houve alguma coisa que aprendeu no desporto foi a perder. Quando vai às escolas falar com alunos sobre a sua vida de atleta, diz-lhes que perdeu muito mais vezes do que ganhou.
 
Essa lição de que falhar faz parte do processo, trouxe também para o mundo dos negócios. Mas, pela história de vida que tem, considera-se "um vencedor". Sempre com humildade, sublinha. "É importante uma pessoa ter os pés na Terra e perceber que há sempre alguém superior".
 
Hoje é sócio-gerente da Domus invicta, uma empresa do setor imobiliário, no Porto. Um negócio que tem abrandado o ritmo de crescimento mas que ainda "está em grande moda em Portugal".
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