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WSJ: Credit Suisse ajudou a esconder dívida do GES

Os clientes do BES terão adquirido participações em veículos financeiros que tinham dívida de empresas do Grupo Espírito Santo - e do próprio banco - escondida. Os clientes não saberiam o que estavam a comprar.

Bloomberg
Negócios 18 de Agosto de 2014 às 08:09
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O Wall Street Journal voltou a escrever um artigo sobre a crise no Grupo Espírito Santo e seus efeitos na jóia da coroa: o Banco Espírito Santo. Desta vez, a novidade é que o banco Credit Suisse ajudou a juntar milhares de milhões de dólares em títulos de dívida que poderão ter tido um papel na derrocada no banco.

 

O banco suíço terá agrupado títulos emitidos por empresas do Grupo Espírito Santo em veículos financeiros que, aparentemente, não estavam com ele relacionados por terem sede em alegados paraísos fiscais (os chamados "offshores"). Haveria dívida do próprio BES, da angolana Escom e também do Espírito Santo Financial Group dentro de tais veículos.

 

Depois, esses produtos reagrupados (que continham dívida de empresas do GES) eram vendidos aos clientes de balcões do Banco Espírito Santo. Sem que estes soubessem que havia dívida de empresas do grupo dentro desses veículos - ou seja, sem saberem o risco dos investimentos feitos. Esta era uma forma de tais empresas se financiarem a elas próprias.

 

Não há certezas se, além de juntar esses títulos, o Credit Suisse possa ter tido qualquer papel na comercialização desses títulos aos clientes do banco, de acordo com o Wall Street Journal, que cita documentos oficiais e fontes anónimas ligadas à investigação em torno do caso. Nem a instituição suíça nem representantes do BES quiseram comentar a informação à publicação.

 

Segundo o jornal, houve quatro veículos que foram vendidos aos clientes do BES. Algo que está a ser investigado pelos reguladores portugueses. Os resultados do banco, relativos aos primeiros seis meses do ano, referiam quatro veículos suspeitos, constituídos por obrigações do banco, embora não se confirme se se está a falar dos mesmos veículos. Nos resultados, três veículos já tinham sido descobertos, faltando ainda revelar a estrutura de um outro. 

 

 
Salgado quer distribuição de culpas
"Não sou o pivô (dessa crise). Cada um (da família Espírito Santo) respondia por uma actividade de negócio. O Ricciardi pela presidência do BESI, o Manuel Fernando (Espírito Santo) pela holding Rioforte, e por aí em diante". Mais uma vez, o antigo presidente executivo do BES, Ricardo Salgado, afirmou, desta vez ao jornal brasileiro Estado de São Paulo, que não é o único com responsabilidades na crise.

Mais uma vez, a empresa suíça Eurofin, que foi detida pelo universo Espírito Santo até 2009, volta a ser referida num artigo da publicação norte-americana. Desta vez, porque a Eurofin terá o controlo, mesmo que apenas de uma parte, destes veículos. Como já foi escrito pelo jornal, os reguladores portugueses terão a suspeita de que a Eurofin terá tido um papel central no colapso do BES. Uma informação negada por aquela entidade na semana passada.

 

Escapar a divulgação de ofertas

 

De acordo com a investigação do WSJ, a venda das acções preferenciais destes veículos era feita em montantes limitados. Parece haver, segunda a publicação, uma razão para isso: havendo uma oferta reduzida, em que eram poucos os clientes de balcões que adquiriam tais dívidas, não era necessária a emissão de um prospecto, onde se apontassem pormenores e riscos mais intensamente. Estaria em causa uma oferta privada e não uma oferta pública.

 

As vendas terão ocorrido já este ano, sendo que houve ordens do Banco de Portugal para que a ligação entre o BES e o GES fosse limitada, de forma a reduzir a exposição do banco àquele grupo. O que o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, já disse que não foi cumprido.

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