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Eurofin despediu 40 trabalhadores após o colapso do GES

O presidente da Eurofin diz que está "à disposição das autoridades de supervisão ou dos tribunais". Em entrevista ao Les Temps, Alexandre Cadosch afirma que a financeira suíça está a realizar uma auditoria interna para apurar os factos, e garante que não é amigo de Ricardo Salgado.

Miguel Baltazar/Negócios
29 de Agosto de 2014 às 17:18
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O colapso do Grupo Espírito Santo teve repercussões na Suíça. A empresa de serviços financeiros Eurofin despediu 40 dos seus 120 trabalhadores desde a queda do Grupo Espírito Santo (GES).

 

A revelação foi feita pelo presidente da empresa em entrevista ao jornal helvético Les Temps (com paywall), publicada na quinta-feira, 28 de Agosto, onde garantiu que não é amigo de Ricardo Salgado e que a Eurofin está "à disposição das autoridades de supervisão ou dos tribunais".

 

Questionado sobre se estes despedimentos são "uma inevitável consequência do naufrágio de um dos seus maiores clientes, a galáxia Espírito Santo", o gestor diz que há uma relação, mas não directa.

 

"É sobretudo a consequência de uma pressão mediática muito difícil para uma empresa do nosso tamanho. Sobretudo no sector financeiro onde a confiança e a reputação são tudo", afirmou Alexandre Cadosch.

 

Segundo um artigo do Wall Street Journal de 13 de Agosto, os reguladores portugueses suspeitam que a Eurofin desempenhou um papel central na derrocada do GES.

 

empresa, contudo, rejeitou esta ligação na altura, e agora vem dizer que "para nosso conhecimento, nós não temos processos judiciais contra nós em Portugal e na Suíça"

 

Alexandre Cadosch sublinha que a Eurofin "não é o alvo certo" das autoridades. "Estamos a falar de uma quebra de um grupo português com 20 mil pessoas cujos problemas vão muito para além de uma PME como a nossa".

 

O presidente da empresa garante na entrevista que não é amigo do antigo presidente do BES, Ricardo Salgado. "Não. De todo. Eu acho que não tenho uma relação além de profissional com qualquer um dos líderes do Grupo Espírito Santo".

 

Sobre o papel desempenhado pela Eurofin, o gestor rejeita qualquer responsabilidade na derrocada do GES. "Estes são casos que nos ultrapassam. Continuamos a realizar uma análise interna para estabelecer a ligação com os nossos serviços", afirmou o presidente da Eurofin, que aponta também que existe uma "grande assimetria" entre a bancarrota do GES e os serviços que a empresa oferece.

 

"O problema é que, pelo que entendi, as suspeitas sobre a falência fraudulenta estão em grande parte relacionadas com empréstimos emitidos em grande parte pelas várias empresas ligadas ao GES e que foram vendidas em clientes do banco do mesmo grupo", disse na entrevista.

 

Sobre se a Eurofin não terá aceitado responsabilidades muito grandes para o seu tamanho, ao concordar em ser gerente de instrumentos financeiros que ignorava a sua complexidade, Alexandre Cadosch diz que a empresa está a tentar apurar factos. "A nossa análise interna o dirá. Assim como a investigação da justiça que começou em Portugal sobre o colapso do Grupo Espírito Santo"

 

Aquando do resgate ao BES, o Banco de Portugal também apontou baterias à empresa, com o banco central a identificar duas operações suspeitas no BES, incluindo uma que envolvia a Eurofin. 

 

"Operações de colocação de títulos, envolvendo o Banco Espírito Santo, o Grupo Espírito Santo e a Eurofin Securities, que determinaram um registo de perdas nas contas do Banco Espírito Santo no valor total de 1.249 milhões de euros, com referência a 30 de Junho de 2014."

 

Em relação a esta operação suspeita identificada pelo Banco de Portugal, Alexandre Cadosch declarou que não ter conhecimento desta operação e que está disposto a esclarecer o regulador.

 

Inquirido se o grupo Eurofin está condenado a acabar, o presidente da Eurofin diz que ainda "é muito cedo para dizer. Mas eu tenho confiança na nossa capacidade para superar essas dificuldades".

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