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Credit Suisse confirma ter criado veículos com fins especiais para o BES

O banco suíço recusa qualquer papel na comercialização dos veículos suspeitos detectados fora das contas do BES. No entanto, admite que os constituiu no início da década passada. E participou numa emissão de dívida já este ano.

Bloomberg
19 de Agosto de 2014 às 11:58
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A pedido do Banco Espírito Santo, o Credit Suisse constituiu três veículos financeiros especiais que contêm dívida e que, em último caso, podem acabar por escondê-la e separá-la das entidades que a emitem. A criação de tais instrumentos, que em 2014 foram descobertos fora do perímetro das contas do BES mas que a ele pertencem, ocorreu em 2001 e 2002, indica o banco suíço numa declaração inicialmente citada pela Bloomberg e enviada aos órgãos de comunicação social.

 

O Wall Street Journal noticiou na segunda-feira que o Credit terá agrupado títulos emitidos por empresas do Grupo Espírito Santo nestes veículos financeiros – que tinham sede em paraísos fiscais ("offshores"). Depois, esses produtos reagrupados (que continham dívida de empresas do Grupo Espírito Santo foram vendidos aos clientes dos balcões do Banco Espírito Santo. Sem que estes soubessem que havia dívida de empresas do grupo dentro desses veículos - ou seja, sem saberem o risco dos investimentos feitos.

 

O Credit Suisse assume, no comunicado, que esteve envolvido na emissão de títulos de dívida pelos referidos veículos financeiros, designados de "special purpose vehicles" ou veículos para fins especiais, entre 2001 e 2008. Depois da crise financeira, esclarece a instituição helvética, participou em apenas duas operações envolvendo estes veículos: a 12 de Janeiro de 2012 e, já este ano, a 27 de Fevereiro de 2014. Foi neste último mês de Fevereiro, mais precisamente a 14, que o Banco de Portugal impediu o BES de fazer operações que envolvessem dívida do Grupo Espírito Santo.

 

Apesar de ter participado na constituição e na operação destes veículos especiais, o Credit Suisse recusa ter tido qualquer papel na sua comercialização. "Em nenhuma altura, o Credit Suisse distribuiu, vendeu ou aconselhou quaisquer clientes do BES nem nenhuma terceira parte em relação aos citados veículos especiais ou os títulos emitidos pelos veículos", indica o comunicado. Nem a clientes de balcão nem a clientes institucionais, acrescenta.

 

Segundo o Wall Street Journal, houve quatro veículos que foram vendidos aos clientes do BES. Algo que está a ser investigado pelos reguladores portugueses. O Credit Suisse assume a responsabilidade pela constituição de três deles (Top Renda, EuroAforro Investments e Poupança Plus Investments). Mas não por um quarto (SPV EG Premium). Noutros instrumentos, o banco recusa qualquer responsabilidade.

 

Os resultados do BES, relativos aos primeiros seis meses do ano, referiam quatro veículos suspeitos, constituídos por obrigações do banco, embora não se confirme se se está a falar dos mesmos veículos. Nos resultados, três veículos já tinham sido descobertos, faltando ainda revelar a estrutura de um outro. 

 

O Credit Suisse diz, no comunicado citado pela Bloomberg, não ter qualquer exposição de risco de crédito ou de mercado a estes instrumentos.

 

O caso BES está a ser investigado pelos reguladores mas também pelo Ministério Público.

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