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"Raiva e atrito": Credit Suisse entra na fase mais dura do escândalo Greensill Capital

A Greensil Capital detinha dez mil milhões de dólares em ativos, grande parte investidos pelos clientes tubarões do Credit Suisse. O banco prepara-se para enfrentar os tribunais e as seguradoras.

Reuters
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Um ano depois do colapso da Greensill Capital, os pagamentos devidos a investidores abrandaram, colocando o Credit Suisse nas amarras das seguradoras e tribunais.

A Greensil Capital detinha dez mil milhões de dólares em ativos, grande parte investidos pelos clientes tubarões do Credit Suisse, dinheiro este que foi emprestado pela Greensill a várias empresas. Até agora, o Credit Suisse devolveu mais de sete mil milhões de dólares aos investidores. Daqui para a frente resta o desafio de pagar os 2,7 mil milhões de dólares que faltam, uma quantia "modesta" tendo em conta o total da massa patrimonial devida, mas a mais difícil de recuperar.

 

Nos últimos tempos, o processo de devolução dos fundos entrou numa nova fase marcada pela "clivagem" entre investidores e o Credit Suisse, que será vivida nas salas de tribunais e nas sedes das seguradoras. "Estamos neste momento no núcleo duro desta disputa e é algo que vai demorar", começou por afirmar uma fonte próxima do procedimento ao Financial Times (FT), tendo ainda sublinhado que "nos próximos tempos é pouco provável que seja devolvida uma grande quantidade de dinheiro".

 

"Vimos uma mudança absoluta no humor dos investidores nos últimos dias — a reação à última divulgação do Credit Suisse tem sido de fúria, especialmente porque tinham dado ao banco o benefício da [dúvida]", explicou Natasha Harrison, advogada associada da Pallas, citada pelo diário britânico e que representa alguns investidores que se preparam para enfrentar o Credit Suisse em tribunal.

 

O banco suíço chegou recentemente a alertar que cerca de 1.200 investidores podem mesmo ficar "de mãos a abanar" durante cinco anos, até reaverem o seu dinheiro. Para Natasha Harrison "ninguém vai preparado para esperar cinco anos para conseguir o dinheiro e mesmo assim não há certezas de que o dinheiro será todo reembolsado ".

Ainda assim, o Credit Suisse já decidiu, segundo a informação avançada pelo Financial Times, que não vai cobrir as perdas dos seus clientes, de forma a não criar um precedente para o futuro. Várias fontes conhecedoras do processo explicaram que, ao longo do último ano, o banco que foi liderado por António Horta Osório pensou em oferecer aos clientes instrumentos financeiros que permitissem vender produtos financeiros por si detidos, de forma a cobrir as perdas. No entanto, a ideia não saiu do papel.

 

"Nenhum destes planos teve êxito, pelo que as negociações com os devedores voltaram a ficar tensas", acrescentou uma fonte envolvida no processo. Num tentativa de acalmar os clientes, o banco decidiu então oferecer aos investidores afetados pelo colapso da Greensill um pacote de serviços bancários gratuito, uma iniciativa conhecida como "Project Sunflower" que custou ao Credit Suisse 30 milhões de dólares só nos primeiros meses do projeto, segundo os dados do FT. 

 

O Credit Suisse divide os 2,7 mil milhões em dívida em quatro envelopes: 1,3 mil milhões devidos pela GFG Alliance, o grupo administrado pelo magnata do aço britânico, Sanjeev Gupta; 690 milhões de dólares devidos pela Bluestone Resources, uma empresa de mineração de carvão do governador da Virgínia Ocidenta, Jim Justice; 440 milhões de dólares devidos pela construtora americana Katerra e cerca de 300 milhões de dólares devidos por um conjunto de devedores "menores".

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