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Futebol ajudou a colocar Horta Osório fora das quatro linhas do Credit Suisse
Em meados de julho do ano passado, horas depois de se ter deslocado para assistir à final do torneio de ténis de Wimbledon entre Novak Djokovic e Matteo Berrettini, o agora presidente da Bial foi para Wembley, para assistir à final do Euro 2020.
Afinal não foi só o ténis, mas também o futebol que colocaram António Horta Osório fora das quatro linhas do Credit Suisse.
Em meados de julho do ano passado, horas depois de se ter deslocado para assistir à final do torneio de ténis de Wimbledon entre Novak Djokovic e Matteo Berrettini, o agora presidente da Bial foi para Wembley, para assistir à final do Euro 2020, avança o Financial Times (FT), violando assim duplamente o regime de quarentena.
Recorde-se que mais tarde, este jogo acabou por ser classificado pelo Public Health England, responsável pelo comando da saúde pública no país, como um "evento altamente disseminador de covid-19". O instituto chega mesmo a ponderar que talvez estivessem em estádio cerca de 2.295 pessoas infetadas.
O FT dá ainda conta que Horta Osório não cumpriu a quarentena de dez dias imposta pela Suíça, quando em novembro, após três dias de ter chegado a Zurique, foi imediatamente para Madrid, para uma reunião no banco central espanhol, onde esteve também presente o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez.
Ainda sobre este episódio, uma fonte próxima do gestor, esclareceu ao diário britânico que "Horta Osório só regressou à Suíça para fazer uma apresentação para Câmara Suíço-Americana de Comércio,
intervenção esta que foi apenas online", tendo assim assegurado que não houve contacto pessoal com ninguém.
António Horta Osório renunciou ao cargo de presidente do Credit Suisse nove meses após ter assumido a liderança da instituição bancária, na sequência de uma investigação interna para determinar se teria ou não quebrado as regras em vigor para fazer frente à crise pandémica.
"Lamento que várias das minhas ações pessoais tenham levado a dificuldades para o banco e comprometido a minha capacidade de o representar interna e externamente", indicou Horta Osório na declaração. "Desta forma, acredito que a minha demissão tem em conta o interesse da instituição e dos seus acionistas nesta altura crucial."
A saída de Horta Osório é o culminar de um ano desastroso para o Credit Suisse, no seguimento dos escândalos do Greensill Capital e do Archegos Capital Management, que custaram ao banco mais de cinco mil milhões de dólares. A derrocada do Greensill foi o primeiro dos dois grandes revezes sofridos em 2021, seguindo-se logo depois a implosão da Archegos Capital Management, que o banco suíço tinha financiado com milhares de milhões de euros.
Depois da notícia ter sido avançada na segunda-feira, as ações do banco suíço tombaram 2,26% para 9,33 francos suíços (o equivalente a cerca de 8,945 euros). Em termos de capitalização bolsista, foi um tombo de 573 milhões de francos suíços (ou 549,4 milhões de euros) para os atuais 24.731 milhões de francos (23.711 milhões de euros).
O gestor português tinha sido chamado em abril para gerir a crise, considerada uma das piores para a instituição desde 2008.
O banco nomeou Axel P. Lehmann, um membro do conselho do Credit Suisse que supervisiona o comitê de risco do banco, para substituir Horta Osório, com efeitos imediatos.