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Credit Suisse paga nova tranche a investidores para se dissociar por completo do Greensill Capital

O Credit Suisse vai devolver mais de 400 milhões de dólares relativos a fundos de "supply chain", que eram geridos em conjunto, com o agora insolvente Greensill Capital.

Duarte Roriz
13 de Dezembro de 2021 às 13:44
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O Credit Suisse vai devolver mais de 400 milhões de dólares relativos a fundos de "suplly chain", que eram geridos em conjunto, com o agora insolvente Greensill Capital.

Com o último pagamento previsto para o dia 15 de dezembro, o banco reembolsa os investidores com um envelope financeiro total de 6,7 mil milhões de dólares, de acordo com o comunicado do Credit Suisse publicado esta segunda-feira.

Atualmente, a "cash position" (quantidade real de dinheiro) detida pelo fundo é, segundo a Bloomberg, de 7,2 mil milhões de dólares, ou seja apenas 72% do montante registado na altura em que os fundos foram suspensos.

O Credit Suisse avisou este mês que vai demorar mais tempo para pagar o que falta. O banco ainda está a investigar o colapso do Greensill Capital. 

Fundado em 2011, o Greensill Capital é um grupo britânico especializado em financiamento de cadeias de fornecimento.

O colapso do grupo desenrolou-se em poucos dias, mas o caso começou a desenhar-se no verão do ano passado, quando a seguradora australiana Bond & Credit Company decidiu interromper a cobertura dos créditos concedidos pela Greensill, avaliados em mais de 4 mil milhões de dólares.

Pela mesma altura, o BaFin, regulador bancário alemão, iniciou uma investigação ao Greensill Bank, banco que o grupo britânico detém na Alemanha. Em causa, o facto de o banco ter demasiados ativos ligados a uma só entidade: o grupo industrial GFG Alliance, detido por Sanjeev Gupta. A investigação acabou por detetar irregularidades nas contas, incluindo o registo de transações com Gupta que, na realidade, ainda não tinham sido concretizadas.

No final de 2020, novo golpe. O SoftBank, que em 2019 tinha investido 1,5 mil milhões de dólares no Greensill, reviu em baixa o valor contabilístico deste investimento, que considerou já não corresponder ao valor de mercado da empresa britânica.

O caso conheceu os últimos episódios em março, quando o Greensill perdeu um processo judicial para que a Bond & Credit Company estendesse a cobertura aos financiamentos por si concedidos.

Sem esta cobertura, a qualidade dos créditos do Greensill foi colocada em causa e, logo de seguida, o Credit Suisse suspendeu um fundo de 10 mil milhões de dólares que geria em conjunto com o Greensill, alegando "incertezas consideráveis" quanto à avaliação dos ativos sob gestão neste fundo.

A 3 de março, o BaFin determinou o encerramento do Greensill Bank. Em março, o Greensill Capital declarou insolvência.

Um problema difícil de resolver

O esforço do Credit Suisse em recuperar 10 mil milhões de dólares investidos em empréstimos da Greensill Capital enfrenta entraves por causa da estrutura complicada que torna difícil para as partes concordarem em quem detém os empréstimos, de acordo com fontes próximas do assunto, citadas pela imprensa internacional. 

Uma estrutura de "fundo duplo" significa que os investidores em fundos do Credit Suisse têm direitos sobre os "cash flows" dos empréstimos detidos num fundo, mas os direitos aos empréstimos subjacentes são detidos num fundo separado, disseram as fontes.

Estes incluem os empréstimos feitos à maior mutuária da Greensill, a GFG Alliance, o império do metal controlado por Sanjeev Gupta.
O surgimento da questão de dois fundos tem o potencial para complicar a capacidade do Credit Suisse em recuperar o dinheiro de mais de 1.000 investidores dos seus fundos de cadeias de fornecimento.

Os investidores incluem fundos de pensões, tesoureiros empresariais e outros investidores profissionais.
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