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Presidente do Eurofin: "Nunca tivemos a fotografia completa do que se passava no GES e no BES"

A empresa suíça tem sido apontada como "caixa negra" do GES, isto é, seria usada para esconder prejuízos e perdas do grupo. Mas Alexandre Cadosh nega qualquer envolvimento e assume-se como um "prestador de serviços".

Negócios 04 de Dezembro de 2014 às 10:23
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A empresa suíça Eurofin foi um "pequeno" intermediário financeiro do Grupo Espírito Santo (GES) e do Banco Espírito Santo (BES). Este é o argumento do seu presidente, Alexandre Cadosh, que garante que a sociedade financeira desconhecia o que se estava a passar.

 

A empresa tem sido apontada como "caixa negra" do GES, isto é, seria usada para esconder prejuízos e perdas do grupo. Contudo, o seu responsável máximo nega qualquer envolvimento activo neste processo.

 

"O Eurofin é uma pequena instituição prestadora de serviços que nunca colocou os produtos directamente junto dos clientes, sejam particulares ou institucionais", justificou o responsável em entrevista ao jornal Público, publicada esta quinta-feira, 4 de Dezembro.

 

"É preciso não esquecer que os órgãos dirigentes do BES e do GES não nos comunicam o que fazem, quais os seus objectivos e quais os seus parceiros. E nunca tivemos a fotografia completa quer das operações em que estivemos envolvidos, quer do que se passava no GES e no BES".

 

As recentes buscas das autoridades judiciais à casa de Ricardo Salgado e a 39 outros locais, tiveram como foco o esquema de auto-financiamento do BES, através do uso de veículos sedeados em paraísos fiscais, passando pela Eurofin. As autoridades procuram apurar como é que funcionava o esquema de emissão de dívida do BES que causou um buraco de 1.500 milhões de euros nas contas da instituição.

 

O presidente foi também questionado sobre a auditoria da KPMG que apontou que, semanas antes do resgate ao BES, o Eurofin intermediou um conjunto de transacções que terão permitido desviar 780 milhões de euros do BES para pagar dívidas do GES.

 

Em resposta, declarou que "a operação era do GES e do BES e nós éramos apenas prestadores de serviços". Garantiu também que "foram feitas perguntas, mas nem sempre recebemos todos os elementos ou apenas nos foram dadas informações parciais. Não tinhamos a fotografia geral".

 

Na entrevista ao jornal português, revelou ter ficado "completamente" surpreendido com o colapso do Grupo Espírito Santo. E apontou que o aumento do capital do BES (de mil milhões de euros concluído em Junho) "teve grande sucessso".  

 

Sublinhou também que o aumento de capital foi "validado por dois grandes bancos internacionais, o Morgan Stanley e o UBS, e esse envolvimento deu confiança aos investidores e aos fornecedores de serviços do grupo. E o êxito do aumento do capital deu confiança na capacidade do GES e do BES reforçarem os seus fundos próprios. E havia ainda a expectativa da Rioforte vir a elevar o capital".

 

Alexandre Cadosh disse que conhece Ricardo Salvado "há muito tempo", mas que a sua relação "era exclusivamente profissional".

 

Em relação ao endividamento da Espírito Santo International junto de clientes do BES para transferir 800 milhões de euros para o Eurofin, o presidente reforçou que "não tinha a compreensão sobre a forma como a ESI gerou os seus activos, nem sobre a reduzida capacidade financeira da ESI".

 

Relativamente ao montante da operação, afirmou que, para a Eurofin, "uma operação de 800 milhões é normal. O montante não era estranho, dada a dimensão e solidez do GES e do BES. E desconhecíamos os contornos globais da operação".

 

Numa investigação do Wall Street Journal, a Eurofin é apontada como controladora, pelo menos de parte, de quatro veículos financeiros cuja dívida foi vendida aos clientes do BES. Todavia, a empresa veio mais tarde negar o seu envolvimento no colapso do GES.

 

No entanto, os reguladores portugueses suspeitam do papel central desempenhado pela empresa. Aquando do resgate ao BES, o governador do Banco de Portugal identificou duas operações suspeitas que contribuíram para a degradação das contas do BES, incluindo uma envolvendo a Eurofin.

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